cerne da religião. Ele não é o fundador do budismo - o budismo é um subproduto - , mas o início de um tipo totalmente diferente de religião no mundo. É o fundador de uma religião sem religião, e não propõe a religião, mas a religiosidade, o que vem a ser uma mudança radical na história da consciência humana. Antes de buda havia religiões, mas nunca religiosidade pura. O homem ainda não estava maduro. Com Buda, a humanidade entra na idade madura. Nem todos os seres humanos entraram nela, é verdade, mas Buda indicou o caminho; Buda abriu a porta sem porta.(...)
Gautama Buda deu início a uma espiritualidade que não é repressiva, nem ideológica. O que é um fenômeno muito raro. A espiritualidade do tipo comum é muito repressiva. Ela precisa de repressão. Não transforma as pessoas, apenas as aleija. Não as liberta, escraviza-as. (...) Lembre-se disso: Buda não é repressivo. E, se você considera repressivos os monges budistas, é porque eles não entenderam Buda. Introduziram sua própria patologia em seu ensinamentos.
Buda não é ideológico. Não fornece uma ideologia porque todas as ideologias são da esfera da mente. E se elas pertencem à mente, não podem nos conduzir para além da mente. Nenhuma ideologia é capaz de lançar pontes para o território além da mente. É preciso deixar de lado todas as ideologias e só então, a mente também ficará de lado.
Buda tampouco acredita em ideais - pois todos os ideais criam tensão e conflito no homem. Eles dividem, geram angústia. Somos uma coisa, eles querem que sejamos outra. Entre esses dois pontos, ficamos divididos, dilacerados. Os ideais geram miséria, esquizofrenia. Quanto mais ideais forem, mais as pessoas serão esquizofrênicas, divididas. Só uma consciência não ideológica pode evitar a divisão. Como poderemos guardar silêncio, como poderemos entender a paz e a quietude?
A pessoa ideológica está constantemente lutando consigo mesma. A cada momento existe conflito. Ela vive em conflito, vive na confusão, pois não é capaz de decidir quem é realmente - o ideal ou a realidade? Ela não confia em si mesma, passa a ter medo de si mesma, perde a confiança. E quando alguém perde a confiança, perde toda a glória. Pode então tornar-se escravo de qualquer um - de qualquer padre, qualquer político. Está prontinho para cair em alguma armadilha. (...)
Buda ofereceu um modo de vida que não é repressivo nem ideológico. Por isso é que não fala de Deus, não fala do céu, não fala de nenhum futuro. Não nos apresenta nada a que possamos nos agarrar, o que faz é tomar-nos tudo. Nos toma tudo, até o nosso eu. Vai tirando tudo, e no fim das contas tira até a ideia do eu, do ego. Deixa para trás apenas o puro vazio. O que é muito difícil. (...)
Buda acaba com todos os ideias, todo o futuro e finalmente leva também a última coisa que para nós é muito, muito difícil entregar: leva o nosso próprio eu. E deixa para trás um vazio puro, inocente, virgem. A esse vazio virgem dá o nome de Nirvana. O Nirvana não é uma meta, é apenas o nosso vazio. Quando largamos para trás tudo que acumulamos, quando deixamos de acumular tesouros, quando já não somos avarentos e apegados, de repente surge esse vazio. Ele estava lá desde sempre.
O vazio está aí. Nós acumulamos muito lixo, de modo que o vazio não é visível. É exatamente como nossa casa: podemos estar sempre acumulando coisas, até que parece não haver mais espaço. Chega o dia em que fica difícil até que parece não haver mais espaço. Mas o espaço não foi para lugar nenhum; pense bem, medite nisso: o espaço não foi a lugar nenhum; pense bem, medite nisso; o espaço não foi a lugar nenhum. (...)
Assim também é o vazio interior, o seu Nirvana, o seu nada. Buda liberta, em vez de coagir. Buda ensina como viver - não em função da alguma meta, não para alcançar o que quer que seja, mas para ser feliz aqui e agora. Ele ensina como viver na consciência das coisas. Não que a consciência nos proporcione alguma coisa: a consciência não é um meio para atingir nada. É um fim em si mesma, ao mesmo tempo o meio e o fim; seu valor é intrínseco.
Buda não nos ensina coisas do outro mundo. É preciso entender bem isso. (...) O outro mundo não passa de um modelo melhorado do mesmo mundo em que vivemos agora. (...) De modo que o outro mundo não é tão diferente assim deste mundo, e nem pode ser. É uma continuidade. Ele sai da nossa mente; é um jogo da nossa imaginação. (...)
Buda não nos fala do outro mundo, ele simplesmente nos ensina como estar aqui neste mundo. Como nos manter alerta, conscientes, atentos, para que nada invada o nosso vazio; para que possamos viver aqui sem sermos contaminados nem poluídos; para que possamos estar no mundo, sem que o mundo esteja em nós. (...)
Lembre-se: você só é na medida em que é consciente. Se quiser ser mais, seja mais consciente. A consciência propicia o ser. A inconsciência o leva embora. Quando fica bêbado, você perde o ser. Quando adormece profundamente, também perde o ser. Ainda não observou? Quando está atento, você desfruta de uma qualidade diferente - está centrado, enraizado. Quando atento, você sente a solidez do seu ser, é quase tangível. Quando inconsciente, vagando daqui para ali, com sono, é menos sua capacidade de ser. Ela está sempre na proporção direta da consciência.
Toda mensagem de Buda, portanto é que sejamos conscientes. E por nenhum outro motivo especial, simplesmente por estar consciente, pois a consciência propicia o ser, a consciência o cria. E cria um você tão diferente do que você é que você nem pode imaginar. Um você do qual o "eu" desapareceu, no qual não existe a ideia do eu, nada que o defina...um puro vazio, um infinito, o vazio sem limites.
"Buda traz ao mundo uma visão totalmente nova da meditação.
Antes de Buda a meditação era algo que se tinha de fazer uma ou duas vezes por dia, uma hora pela manhã, outra hora à noite, e era tudo.
Buda trouxe uma interpretação completamente nova de todo o processo da meditação. Dizia ele: Esse tipo de meditação não é de grande valia. A meditação não pode ser uma coisa que se faz à parte da vida, apenas por uma hora ou quinze minutos. A meditação deve tornar-se sinônimo de vida; dever ser como a respiração. Não se pode respirar durante uma hora pela manhã e uma hora à noite, caso contrário a noite nem chegaria. Tem de ser como a respiração; mesmo durante o sono, ela continua. (...)
Buda afirma que a meditação deve ser transformada nesse fenômeno constante; só então pode transformar-nos. E ele desenvolveu uma nova técnica de meditação.
Sua maior contribuição para o mundo foi o vipassana.
A própria palavra vipassana em páli, a língua em que se expressava Gautama Buda... ele tinha perfeito conhecimento do sânscrito,a linguagem dos intelectuais, dos brahmins, dos sacerdotes, mas essa não era a linguagem do povo. (...) O páli é uma língua das pessoas simples. Vipassana é uma palavra cujo significado literal é "olhar", e o significado metafórico é "observar, testemunhar". Buda escolheu uma meditação que pode ser considerada a meditação essencial. Todas as outras meditações são diferentes formas de testemunhar, mas o ato de testemunhar é uma parte essencial de todos os tipos de meditação; não pode ser evitado. Buda apagou tudo o mair, mantendo apenas a parte essencial: testemunhar.
Existem três passos no ato de testemunhar - Buda é um pensador científico. Ele começa com o corpo, pois é o mais fácil de testemunhar. É fácil testemunhar minhas mãos se movendo. Posso testemunhar minha caminhada pela estrada, posso testemunhar cada passo à medida que caminho. Posso testemunhar enquanto me alimento. De modo que o primeiro passo no vipassana consiste em testemunhar os movimentos do corpo, e é o passo mais simples.(...) Testemunhando o corpo, você ficará espantado com as novas experiências. Ao mover a mão com atenção e consciência, você percebe uma certa graça e um certo silencio na mão. Também pode fazer o movimento sem testemunhar; ele será mais rápido, mas perderá essa graça. Buda costumava caminhar tão lentamente que muitas vezes lhe perguntavam porque fazia assim. Ele dizia: "Faz parte da minha meditação: caminhar sempre somo se estivesse caminhando num regato frio no inverno...lentamente, com atenção, pois a água está muito fria; conscientemente porque a corrente é muito forte; e testemunhando cada passo, para não escorregar nas pedras e cair."
O método é o mesmo, muda apenas o objetivo a cada passo. O segundo passo consiste em vigiar a mente. Passamos agora a uma esfera mais sutil: vigiar os pensamentos. Se você conseguiu observar seu corpo, não haverá nenhuma dificuldade; Os pensamentos são ondas sutis - ondas eletrônicas, ondas de radio - mas são tão materiais quanto o seu corpo. Não são visíveis, assim como o ar não é visível, mas o ar é tão material quanto as pedras; o mesmo acontece com seus pensamentos, materiais porém invisíveis. É este o segundo passo, o passo intermediário. Você se encaminha para a invisibilidade, mas ainda estamos na esfera da matéria...observando os seus pensamentos. A única condição é não julgar.
Não julgue, pois assim que começa a julgar, você esquece de vigiar, de observar. (...) O motivo de não ser permitido é que assim que começa a julgar - "Eis aqui um bom pensamento" - terá deixado de vigiar esse mesmo espaço. Começou pensar, ficou envolvido. Não foi capaz de manter-se à parte, ficando à beira da estrada para simplesmente contemplar o tráfego. Não se torne um participante, seja avaliando, valorizando ou condenando; não deve ser assumida nenhuma atitude a respeito do que se passa em sua mente. Limite-se a observar seus pensamentos, com se fossem nuvens passando no céu. Você não faz julgamentos a respeito delas; essa nuvem negra é muito má, essa nuvem branca parece um sábio. Nuvens são nuvens, nem boas nem más. O mesmo se dá com os pensamentos: apenas uma pequena onda passando pela sua mente.
Observe sem nenhum julgamento e novamente terá uma grande surpresa. À medida que se instala o processo de observação surgirão cada vez menos pensamentos. (...) Trata-se de uma grande conquista na meditação. Você já tem meio caminho andado, e foi esta a parte mais difícil. Agora, conhece o segredo, e o mesmo segredo precisa apenas ser aplicado a diferentes objetos.
Dos pensamentos, é necessário evoluir para experiências mais sutis - emoções, sentimentos, estados de ânimo. Da mente para o coração com a mesma condição: nada de julgamento, apenas testemunhar. E a surpresa estará em que quase sempre suas emoções, sentimentos e estados de ânimo se apoderam de você ... Quando se sente triste, você se torna triste, é possuído pela tristeza. Quando está zangado, não é um sentimento parcial. Você fica cheio de raiva, cada fibra do seu ser pulsa com essa raiva. Observando o coração, a experiência será constatar que já agora nada o possui. A tristeza vem e vai; você não se torna triste. A alegria vem e vai; você tampouco se torna alegra. O que quer que se mexa nas camadas mais profundas do seu coração, não chegará a afetá-lo. Pela primeira vez você saboreia algo próximo do domínio de si. Já não é um escravo empurrado daqui e dali, deixando-se perturbar, ao menor motivo pelas emoções, os sentimentos ou as outras pessoas.
Ao tornar-se uma testemunha da terceira etapa, você também se tornará pela primeira vez um mestre: nada o perturba, nada o subjuga, tudo se mantém a distância, bem lá no embaixo, e você está no topo da colina.
Quando assumir a perfeita capacidade de observação do seu corpo, da sua mente e do seu coração, você nada mais poderá fazer, terá de esperar. Quando a perfeição for alcançada nessas três etapas, a quarta virá por sua própria conta, como recompensa. É um saldo qualitativo do coração para o Ser, bem no centro da sua vida.
Não cabe a você dar o salto: ele simplesmente acontece - é preciso ter isso em mente. Não tente forçar, pois se tentar dar esse salto, o fracasso é absolutamente certo. É um acontecimento. Você trabalha nas três primeiras etapas, mas a quarta é uma recompensa da própria vida, um salto qualitativo. De repente, a sua força vital, a sua capacidade de observar se instalam no próprio cerne do seu ser. Você voltou para casa.
Pode der a isso o nome de autorrealização, iluminação, suprema libertação, mas nada existe além. Você chegou ao fim de sua busca, encontrou a verdade da existência e o grande êxtase que ela traz em sua sombra, ao seu redor."
Antes de Buda a meditação era algo que se tinha de fazer uma ou duas vezes por dia, uma hora pela manhã, outra hora à noite, e era tudo.
Buda trouxe uma interpretação completamente nova de todo o processo da meditação. Dizia ele: Esse tipo de meditação não é de grande valia. A meditação não pode ser uma coisa que se faz à parte da vida, apenas por uma hora ou quinze minutos. A meditação deve tornar-se sinônimo de vida; dever ser como a respiração. Não se pode respirar durante uma hora pela manhã e uma hora à noite, caso contrário a noite nem chegaria. Tem de ser como a respiração; mesmo durante o sono, ela continua. (...)
Buda afirma que a meditação deve ser transformada nesse fenômeno constante; só então pode transformar-nos. E ele desenvolveu uma nova técnica de meditação.
Sua maior contribuição para o mundo foi o vipassana.
A própria palavra vipassana em páli, a língua em que se expressava Gautama Buda... ele tinha perfeito conhecimento do sânscrito,a linguagem dos intelectuais, dos brahmins, dos sacerdotes, mas essa não era a linguagem do povo. (...) O páli é uma língua das pessoas simples. Vipassana é uma palavra cujo significado literal é "olhar", e o significado metafórico é "observar, testemunhar". Buda escolheu uma meditação que pode ser considerada a meditação essencial. Todas as outras meditações são diferentes formas de testemunhar, mas o ato de testemunhar é uma parte essencial de todos os tipos de meditação; não pode ser evitado. Buda apagou tudo o mair, mantendo apenas a parte essencial: testemunhar.
Existem três passos no ato de testemunhar - Buda é um pensador científico. Ele começa com o corpo, pois é o mais fácil de testemunhar. É fácil testemunhar minhas mãos se movendo. Posso testemunhar minha caminhada pela estrada, posso testemunhar cada passo à medida que caminho. Posso testemunhar enquanto me alimento. De modo que o primeiro passo no vipassana consiste em testemunhar os movimentos do corpo, e é o passo mais simples.(...) Testemunhando o corpo, você ficará espantado com as novas experiências. Ao mover a mão com atenção e consciência, você percebe uma certa graça e um certo silencio na mão. Também pode fazer o movimento sem testemunhar; ele será mais rápido, mas perderá essa graça. Buda costumava caminhar tão lentamente que muitas vezes lhe perguntavam porque fazia assim. Ele dizia: "Faz parte da minha meditação: caminhar sempre somo se estivesse caminhando num regato frio no inverno...lentamente, com atenção, pois a água está muito fria; conscientemente porque a corrente é muito forte; e testemunhando cada passo, para não escorregar nas pedras e cair."
O método é o mesmo, muda apenas o objetivo a cada passo. O segundo passo consiste em vigiar a mente. Passamos agora a uma esfera mais sutil: vigiar os pensamentos. Se você conseguiu observar seu corpo, não haverá nenhuma dificuldade; Os pensamentos são ondas sutis - ondas eletrônicas, ondas de radio - mas são tão materiais quanto o seu corpo. Não são visíveis, assim como o ar não é visível, mas o ar é tão material quanto as pedras; o mesmo acontece com seus pensamentos, materiais porém invisíveis. É este o segundo passo, o passo intermediário. Você se encaminha para a invisibilidade, mas ainda estamos na esfera da matéria...observando os seus pensamentos. A única condição é não julgar.
Não julgue, pois assim que começa a julgar, você esquece de vigiar, de observar. (...) O motivo de não ser permitido é que assim que começa a julgar - "Eis aqui um bom pensamento" - terá deixado de vigiar esse mesmo espaço. Começou pensar, ficou envolvido. Não foi capaz de manter-se à parte, ficando à beira da estrada para simplesmente contemplar o tráfego. Não se torne um participante, seja avaliando, valorizando ou condenando; não deve ser assumida nenhuma atitude a respeito do que se passa em sua mente. Limite-se a observar seus pensamentos, com se fossem nuvens passando no céu. Você não faz julgamentos a respeito delas; essa nuvem negra é muito má, essa nuvem branca parece um sábio. Nuvens são nuvens, nem boas nem más. O mesmo se dá com os pensamentos: apenas uma pequena onda passando pela sua mente.
Observe sem nenhum julgamento e novamente terá uma grande surpresa. À medida que se instala o processo de observação surgirão cada vez menos pensamentos. (...) Trata-se de uma grande conquista na meditação. Você já tem meio caminho andado, e foi esta a parte mais difícil. Agora, conhece o segredo, e o mesmo segredo precisa apenas ser aplicado a diferentes objetos.
Dos pensamentos, é necessário evoluir para experiências mais sutis - emoções, sentimentos, estados de ânimo. Da mente para o coração com a mesma condição: nada de julgamento, apenas testemunhar. E a surpresa estará em que quase sempre suas emoções, sentimentos e estados de ânimo se apoderam de você ... Quando se sente triste, você se torna triste, é possuído pela tristeza. Quando está zangado, não é um sentimento parcial. Você fica cheio de raiva, cada fibra do seu ser pulsa com essa raiva. Observando o coração, a experiência será constatar que já agora nada o possui. A tristeza vem e vai; você não se torna triste. A alegria vem e vai; você tampouco se torna alegra. O que quer que se mexa nas camadas mais profundas do seu coração, não chegará a afetá-lo. Pela primeira vez você saboreia algo próximo do domínio de si. Já não é um escravo empurrado daqui e dali, deixando-se perturbar, ao menor motivo pelas emoções, os sentimentos ou as outras pessoas.
Ao tornar-se uma testemunha da terceira etapa, você também se tornará pela primeira vez um mestre: nada o perturba, nada o subjuga, tudo se mantém a distância, bem lá no embaixo, e você está no topo da colina.
Quando assumir a perfeita capacidade de observação do seu corpo, da sua mente e do seu coração, você nada mais poderá fazer, terá de esperar. Quando a perfeição for alcançada nessas três etapas, a quarta virá por sua própria conta, como recompensa. É um saldo qualitativo do coração para o Ser, bem no centro da sua vida.
Não cabe a você dar o salto: ele simplesmente acontece - é preciso ter isso em mente. Não tente forçar, pois se tentar dar esse salto, o fracasso é absolutamente certo. É um acontecimento. Você trabalha nas três primeiras etapas, mas a quarta é uma recompensa da própria vida, um salto qualitativo. De repente, a sua força vital, a sua capacidade de observar se instalam no próprio cerne do seu ser. Você voltou para casa.
Pode der a isso o nome de autorrealização, iluminação, suprema libertação, mas nada existe além. Você chegou ao fim de sua busca, encontrou a verdade da existência e o grande êxtase que ela traz em sua sombra, ao seu redor."
"Toda a religião de Gautama Buda, pode ser reduzida a uma única palavra. E esta palavra é liberdade. É a essência da sua mensagem, sua própria fragrância. Ninguém mais elevou tão alto a liberdade. É o valor supremo na visão de Buda, o summum bonum; não pode haver mais alto.
E parece fundamental entender por que Buda dá tanta ênfase à liberdade. Não há ênfase em Deus, nem no céu, nem no amor, mas apenas liberdade. Existe um motivo para isso: tudo o que é valioso só se torna possível num clima de liberdade. O amor também só pode crescer no solo da liberdade; sem liberdade, o amor não cresce. Sem liberdade, o que cresce em nome do amor é apenas luxúria. Sem liberdade, não há Deus. Sem liberdade, o que pensamos ser Deus é apenas nossa imaginação, nosso medo, nossa ganância. Não existe céu sem liberdade: a liberdade é o céu. E se você acha que pode existir um céu sem liberdade, é porque esse céu não tem valor nem realidade. É uma fantasia, um sonho.
Todos os grandes valores da vida crescem em um ambiente de liberdade; por isso a liberdade é o valor mais fundamental e também a culminância mais elevada. Se quiser entender Buda, você terá de experimentar algo da liberdade de que ele fala.
Sua liberdade não é a do exterior. Não é social, nem política, nem econômica. Sua liberdade é espiritual. Falando de "liberdade" ele se refere a um estado de consciência isento de qualquer desejo, alheio a qualquer ganância, a qualquer ambição de ter mais. "Liberdade", para ele quer dizer uma consciência sem mente, um estado de ausência da mente. Ela é totalmente vazia, pois se houver alguma coisa, haverá de tolher a liberdade.
Essa palavra vazio - shunyata - tem sido mal compreendida, pois tem uma conotação negativa. Sempre que ouvimos a palavra "vazio" pensamos em algo negativo. Na linguagem de Buda, o vazio não é negativo; o vazio é absolutamente positivo, mais positivo que a chamada plenitude, pois o vazio está cheio de liberdade; tudo o mais foi afastado. Ele é espaçoso; não há mais limites. Ele é infinito - somente num espaço infinito é possível a liberdade. O vazio de Buda não é um vazio comum; não é apenas a ausência de alguma coisa, é a presença de algo invisível.
Por exemplo, quando esvaziamos o quarto, à medida que vamos removendo os móveis, os quadros, e tudo que está lá, o quarto vai ficando vazio, por um lado, porque não há mais móveis, quadros nem objetos, nada ficou lá dentro; mas por outro, algo invisível começa a enchê-lo. Essa coisa invisível é espaço; o quarto se torna maior. À medida que tiramos as coisas, o quarto vai ficando cada vez maior. Quando tudo tiver sido removido, até as paredes, o quarto estará do tamanho do céu.
É esse o processo da meditação: remover tudo; remover tão completamente as coisas de si mesmo que não reste nada - nem mesmo você. Nesse silencio extremo encontra-se a liberdade.
Nessa extrema quietude brota o lótus de mil pétalas da liberdade. E uma envolvente fragrância é liberada: a fragrância da paz, da compaixão, do amor e da bem-aventurança."
E parece fundamental entender por que Buda dá tanta ênfase à liberdade. Não há ênfase em Deus, nem no céu, nem no amor, mas apenas liberdade. Existe um motivo para isso: tudo o que é valioso só se torna possível num clima de liberdade. O amor também só pode crescer no solo da liberdade; sem liberdade, o amor não cresce. Sem liberdade, o que cresce em nome do amor é apenas luxúria. Sem liberdade, não há Deus. Sem liberdade, o que pensamos ser Deus é apenas nossa imaginação, nosso medo, nossa ganância. Não existe céu sem liberdade: a liberdade é o céu. E se você acha que pode existir um céu sem liberdade, é porque esse céu não tem valor nem realidade. É uma fantasia, um sonho.
Todos os grandes valores da vida crescem em um ambiente de liberdade; por isso a liberdade é o valor mais fundamental e também a culminância mais elevada. Se quiser entender Buda, você terá de experimentar algo da liberdade de que ele fala.
Sua liberdade não é a do exterior. Não é social, nem política, nem econômica. Sua liberdade é espiritual. Falando de "liberdade" ele se refere a um estado de consciência isento de qualquer desejo, alheio a qualquer ganância, a qualquer ambição de ter mais. "Liberdade", para ele quer dizer uma consciência sem mente, um estado de ausência da mente. Ela é totalmente vazia, pois se houver alguma coisa, haverá de tolher a liberdade.
Essa palavra vazio - shunyata - tem sido mal compreendida, pois tem uma conotação negativa. Sempre que ouvimos a palavra "vazio" pensamos em algo negativo. Na linguagem de Buda, o vazio não é negativo; o vazio é absolutamente positivo, mais positivo que a chamada plenitude, pois o vazio está cheio de liberdade; tudo o mais foi afastado. Ele é espaçoso; não há mais limites. Ele é infinito - somente num espaço infinito é possível a liberdade. O vazio de Buda não é um vazio comum; não é apenas a ausência de alguma coisa, é a presença de algo invisível.
Por exemplo, quando esvaziamos o quarto, à medida que vamos removendo os móveis, os quadros, e tudo que está lá, o quarto vai ficando vazio, por um lado, porque não há mais móveis, quadros nem objetos, nada ficou lá dentro; mas por outro, algo invisível começa a enchê-lo. Essa coisa invisível é espaço; o quarto se torna maior. À medida que tiramos as coisas, o quarto vai ficando cada vez maior. Quando tudo tiver sido removido, até as paredes, o quarto estará do tamanho do céu.
É esse o processo da meditação: remover tudo; remover tão completamente as coisas de si mesmo que não reste nada - nem mesmo você. Nesse silencio extremo encontra-se a liberdade.
Nessa extrema quietude brota o lótus de mil pétalas da liberdade. E uma envolvente fragrância é liberada: a fragrância da paz, da compaixão, do amor e da bem-aventurança."
"A ênfase de Gautama Buda na compaixão era um fenômeno novo para os místicos antigos. Gautama Buda estabelece uma histórica linha divisória em relação ao passado; antes dele, bastava a meditação, ninguém dera ênfase à compaixão, paralelamente à meditação. E o motivo era que a meditação traz iluminação, faz o indivíduo desabrochar, expressa a suprema expressão do Ser. De que mais precisamos? No que diz respeito ao indivíduo, a meditação basta. A grandeza de Gautama Buda está em ter introduzido a compaixão antes mesmo que começamos a meditar. Devemos ser mais amorosos, mais bondosos mais compassivos.
Existe uma ciência oculta por trás disso. Antes de se tornar iluminado, se um homem tiver o coração cheio de compaixão, existe a possibilidade de que depois da meditação, venha a ajudar os outros a alcançar a mesma beatitude, as mesmas alturas, a mesma celebração a que teve acesso. Gautama Buda possibilita que a iluminação se torne contagiosa. Mas, se a pessoa sentir que voltou para casa, por que haveria de se preocupar com os outros?
Buda torna a iluminação altruísta pela primeira vez; transforma-a numa responsabilidade social.É uma grande mudança. Mas a compaixão deve ser aprendida antes de ocorrer a iluminação. Se não for aprendida antes, nada haverá a aprender depois da iluminação. Quando alguém entra em êxtase consigo mesmo, até a compaixão parece impedir a sua alegria - é uma espécie de perturbação do seu êxtase.
Por isso é que se tem notícias de centenas de iluminados, mas muito poucos são os mestres. Ser um iluminado não significa necessariamente que a pessoa poderá tornar-se um mestre. Tornar-se um mestre significa que alguém é capaz de enorme compaixão, que se sente envergonhado de se transferir sozinho para os lugares maravilhosos propiciados pela iluminação. O indivíduo quer ajudar as pessoas cegas, na escuridão, tateando no caminho. Ajudá-las torna-se uma alegria, não é uma perturbação.
Na verdade, o êxtase torna-se mais rico quando vemos tantas pessoas desabrochando ao redor; não somos uma árvore solitária que vicejou numa floresta em que não vicejam outras árvores. Quando a floresta inteira viceja conosco, a alegria é multiplicada por mil; usamos nossa iluminação para promover uma revolução no mundo.
Gautama Buda não é apenas um iluminado, mas um revolucionário iluminado. Sua preocupação com o mundo, com as pessoas é imensa. Ele ensinava aos discípulos que quando meditassem e sentissem o silencio, a serenidade, uma alegria profunda borbulhando em seu interior, não se apegassem, oferecendo tudo aquilo ao mundo inteiro. E não devemos nos preocupar, pois quanto mais dermos, mais seremos capazes de conseguir. O gesto de dar é de enorme importância quando sabemos que dar não nos priva de nada; pelo contrário, multiplica nossas experiências. Mas o homem que nunca teve compaixão não conhece o segredo da doação, não conhece o segredo da partilha. (...)
Compaixão significa basicamente aceitar a fragilidade das pessoas, suas fraquezas, sem esperar que se comportem como deuses. Isso é crueldade, pois jamais serão capazes de se comportar como deuses e cairão em sua estima, perdendo igualmente respeito próprio. (...) Um dos elementos fundamentais da compaixão é infundir dignidade em cada um, tornar cada um consciente de que o que aconteceu a você pode acontecer a ele; de que ele não é um caso perdido, não é indigno, de que a iluminação não precisa ser merecida, é da própria natureza de cada um.
Mas estas palavras devem partir do homem iluminado, pois só então podem gerar confiança. Quando partem dos estudiosos não iluminados, elas não geram confiança. Através do homem iluminado, a palavra começa a respirar, começa a ter um batimento cardíaco próprio. Torna-se viva, vai direto ao coração, não é uma ginástica intelectual. Com o erudito, contudo, a coisa é diferente. Ele próprio não está certo daquilo de que fala, do que escreve. Encontra-se na mesma incerteza que você.
Gautama Buda é um dos marcos na evolução da consciência; sua contribuição é grande, incomensurável. E em sua contribuição a ideia da compaixão é a mais essencial. Mas é preciso lembrar que, sendo compassivos, não nos tornamos maiores; caso contrário, tudo vai por água a baixo. A coisa se transforma numa manifestação do ego. É preciso lembrar de não humilhar a outra pessoa ao se mostrar compassivo; caso contrário, não estamos sendo compassivos, por trás das palavras estamos saboreando a humilhação.
A compaixão precisa ser entendida, pois é o amor amadurecido.
A compaixão não se dirige a ninguém. Não é uma forma de relacionamento, mas simplesmente o seu próprio ser. Você se concede o prazer de ser compassivo com as árvores, os pássaros, os animais, os seres humanos, com tudo - incondicionalmente -, sem nada pedir em troca. (...)
As últimas palavras de Gautama Buda na Terra foram: "Seja uma luz para si mesmo. Não siga os outros, não imite, pois a imitação, a decisão de seguir gera estupidez. Você nasceu com enormes possibilidades de inteligência. Nasceu com uma luz em seu interior. Ouça a pequena e tranquila voz dentro de você e isso o guiará. Ninguém mais pode guiá-lo, ninguém mais pode ser um modelo para sua vida, pois você é único. Nunca houve alguém igual a você, e jamais haverá de novo alguém que seja exatamente como você. É essa a sua glória, a sua grandeza - o fato de ser absolutamente insubstituível, o fato de ser simplesmente você mesmo, e ninguém mais."
A pessoa que segue alguém se torna falsa, vira uma pseudo, torna-se mecânica. (...) Seguindo os outros, você pode cultivar belo caráter mas não poderá ter uma bela consciência, e se não tiver uma bela consciência nunca poderá ser livre. Poderá ficar trocando de prisão, poderá trocar constantemente seus grilhões, suas formas de escravidão.(...) Você se tornará uma entidade falsa, perderá toda sinceridade, deixará de ser verdadeiro consigo mesmo.(...)
Buda define a sabedoria como a capacidade de viver à luz de sua própria consciência, e a tolice como a insistência em seguir os outros, imitar os outros, tornar-se uma sombra de alguém.
O verdadeiro mestre cria mestres, e não seguidores. O verdadeiro mestre o devolve de volta a si mesmo. Seu empenho consiste em precisamente em torná-lo independente dele, pois há séculos você tem sido dependente, o que não o levou a lugar nenhum. Continua a tropeçar na escura noite da alma.
Somente sua luz interior pode tornar-se o alvorecer. O falso mestre o convence a segui-lo, a imitá-lo, a ser apenas uma cópia dele. O verdadeiro mestre não permite que você se torne uma cópia, quer que você seja original. Ele o ama! Como poderia levá-lo a ser uma imitação? Ele tem compaixão por você, gostaria que fosse absolutamente livre - livre de qualquer dependência externa.
Mas o ser humano comum não quer ser livre. Quer ser dependente. Quer ser guiado por alguém. Por quê? Porque assim pode jogar a responsabilidade nos ombros de outra pessoa. E, quanto mais alguém joga a responsabilidade nos ombros de outros, menor será a possibilidade de se tornar inteligente um dia. É a responsabilidade, o desafio da responsabilidade, que gera sabedoria.
Temos de aceitar a vida com todos os seus problemas. Precisamos enfrentar a vida desprotegidos; cada um deve buscar seu próprio caminho. A vida é uma oportunidade, um desafio para que nos encontremos. Mas o tolo não quer seguir o caminho mais difícil, o tolo escolhe o atalho. Pensa com seus botões:
"Buda já alcançou, por que haveria de me preocupar? Posso observar seu comportamento e imitá-lo. Jesus já alcançou, por que haveria eu de continuar buscando? Posso simplesmente tornar-me uma sombra de Jesus. Posso simplesmente continuar a segui-lo hoje, aonde quer que ele vá."
Mas como é que, seguindo alguém, você poderá desenvolver sua própria inteligência? Desse modo, não estará dando à sua inteligência qualquer oportunidade de explodir. É necessária uma vida de desafios para que a inteligência se manifeste, uma vida aventurosa, uma vida capaz de arriscar e explorar o desconhecido. Só a inteligência pode salvá-lo, ninguém mais - a sua própria inteligência, naturalmente. A sua própria consciência é que se pode tornar o seu nirvana.
Seja uma luz para si mesmo, e alcançará a sabedoria; permita que outros se tornem líderes ou guias para você, e continuará sendo estúpido, continuará perdendo todos os tesouros da vida - que eram seus!
A vida é uma peregrinação de extraordinária beleza, mas só para aqueles que se dispõem a buscar."
Osho em Encontro com Pessoas Notáveis.
Existe uma ciência oculta por trás disso. Antes de se tornar iluminado, se um homem tiver o coração cheio de compaixão, existe a possibilidade de que depois da meditação, venha a ajudar os outros a alcançar a mesma beatitude, as mesmas alturas, a mesma celebração a que teve acesso. Gautama Buda possibilita que a iluminação se torne contagiosa. Mas, se a pessoa sentir que voltou para casa, por que haveria de se preocupar com os outros?
Buda torna a iluminação altruísta pela primeira vez; transforma-a numa responsabilidade social.É uma grande mudança. Mas a compaixão deve ser aprendida antes de ocorrer a iluminação. Se não for aprendida antes, nada haverá a aprender depois da iluminação. Quando alguém entra em êxtase consigo mesmo, até a compaixão parece impedir a sua alegria - é uma espécie de perturbação do seu êxtase.
Por isso é que se tem notícias de centenas de iluminados, mas muito poucos são os mestres. Ser um iluminado não significa necessariamente que a pessoa poderá tornar-se um mestre. Tornar-se um mestre significa que alguém é capaz de enorme compaixão, que se sente envergonhado de se transferir sozinho para os lugares maravilhosos propiciados pela iluminação. O indivíduo quer ajudar as pessoas cegas, na escuridão, tateando no caminho. Ajudá-las torna-se uma alegria, não é uma perturbação.
Na verdade, o êxtase torna-se mais rico quando vemos tantas pessoas desabrochando ao redor; não somos uma árvore solitária que vicejou numa floresta em que não vicejam outras árvores. Quando a floresta inteira viceja conosco, a alegria é multiplicada por mil; usamos nossa iluminação para promover uma revolução no mundo.
Gautama Buda não é apenas um iluminado, mas um revolucionário iluminado. Sua preocupação com o mundo, com as pessoas é imensa. Ele ensinava aos discípulos que quando meditassem e sentissem o silencio, a serenidade, uma alegria profunda borbulhando em seu interior, não se apegassem, oferecendo tudo aquilo ao mundo inteiro. E não devemos nos preocupar, pois quanto mais dermos, mais seremos capazes de conseguir. O gesto de dar é de enorme importância quando sabemos que dar não nos priva de nada; pelo contrário, multiplica nossas experiências. Mas o homem que nunca teve compaixão não conhece o segredo da doação, não conhece o segredo da partilha. (...)
Compaixão significa basicamente aceitar a fragilidade das pessoas, suas fraquezas, sem esperar que se comportem como deuses. Isso é crueldade, pois jamais serão capazes de se comportar como deuses e cairão em sua estima, perdendo igualmente respeito próprio. (...) Um dos elementos fundamentais da compaixão é infundir dignidade em cada um, tornar cada um consciente de que o que aconteceu a você pode acontecer a ele; de que ele não é um caso perdido, não é indigno, de que a iluminação não precisa ser merecida, é da própria natureza de cada um.
Mas estas palavras devem partir do homem iluminado, pois só então podem gerar confiança. Quando partem dos estudiosos não iluminados, elas não geram confiança. Através do homem iluminado, a palavra começa a respirar, começa a ter um batimento cardíaco próprio. Torna-se viva, vai direto ao coração, não é uma ginástica intelectual. Com o erudito, contudo, a coisa é diferente. Ele próprio não está certo daquilo de que fala, do que escreve. Encontra-se na mesma incerteza que você.
Gautama Buda é um dos marcos na evolução da consciência; sua contribuição é grande, incomensurável. E em sua contribuição a ideia da compaixão é a mais essencial. Mas é preciso lembrar que, sendo compassivos, não nos tornamos maiores; caso contrário, tudo vai por água a baixo. A coisa se transforma numa manifestação do ego. É preciso lembrar de não humilhar a outra pessoa ao se mostrar compassivo; caso contrário, não estamos sendo compassivos, por trás das palavras estamos saboreando a humilhação.
A compaixão precisa ser entendida, pois é o amor amadurecido.
A compaixão não se dirige a ninguém. Não é uma forma de relacionamento, mas simplesmente o seu próprio ser. Você se concede o prazer de ser compassivo com as árvores, os pássaros, os animais, os seres humanos, com tudo - incondicionalmente -, sem nada pedir em troca. (...)
As últimas palavras de Gautama Buda na Terra foram: "Seja uma luz para si mesmo. Não siga os outros, não imite, pois a imitação, a decisão de seguir gera estupidez. Você nasceu com enormes possibilidades de inteligência. Nasceu com uma luz em seu interior. Ouça a pequena e tranquila voz dentro de você e isso o guiará. Ninguém mais pode guiá-lo, ninguém mais pode ser um modelo para sua vida, pois você é único. Nunca houve alguém igual a você, e jamais haverá de novo alguém que seja exatamente como você. É essa a sua glória, a sua grandeza - o fato de ser absolutamente insubstituível, o fato de ser simplesmente você mesmo, e ninguém mais."
A pessoa que segue alguém se torna falsa, vira uma pseudo, torna-se mecânica. (...) Seguindo os outros, você pode cultivar belo caráter mas não poderá ter uma bela consciência, e se não tiver uma bela consciência nunca poderá ser livre. Poderá ficar trocando de prisão, poderá trocar constantemente seus grilhões, suas formas de escravidão.(...) Você se tornará uma entidade falsa, perderá toda sinceridade, deixará de ser verdadeiro consigo mesmo.(...)
Buda define a sabedoria como a capacidade de viver à luz de sua própria consciência, e a tolice como a insistência em seguir os outros, imitar os outros, tornar-se uma sombra de alguém.
O verdadeiro mestre cria mestres, e não seguidores. O verdadeiro mestre o devolve de volta a si mesmo. Seu empenho consiste em precisamente em torná-lo independente dele, pois há séculos você tem sido dependente, o que não o levou a lugar nenhum. Continua a tropeçar na escura noite da alma.
Somente sua luz interior pode tornar-se o alvorecer. O falso mestre o convence a segui-lo, a imitá-lo, a ser apenas uma cópia dele. O verdadeiro mestre não permite que você se torne uma cópia, quer que você seja original. Ele o ama! Como poderia levá-lo a ser uma imitação? Ele tem compaixão por você, gostaria que fosse absolutamente livre - livre de qualquer dependência externa.
Mas o ser humano comum não quer ser livre. Quer ser dependente. Quer ser guiado por alguém. Por quê? Porque assim pode jogar a responsabilidade nos ombros de outra pessoa. E, quanto mais alguém joga a responsabilidade nos ombros de outros, menor será a possibilidade de se tornar inteligente um dia. É a responsabilidade, o desafio da responsabilidade, que gera sabedoria.
Temos de aceitar a vida com todos os seus problemas. Precisamos enfrentar a vida desprotegidos; cada um deve buscar seu próprio caminho. A vida é uma oportunidade, um desafio para que nos encontremos. Mas o tolo não quer seguir o caminho mais difícil, o tolo escolhe o atalho. Pensa com seus botões:
"Buda já alcançou, por que haveria de me preocupar? Posso observar seu comportamento e imitá-lo. Jesus já alcançou, por que haveria eu de continuar buscando? Posso simplesmente tornar-me uma sombra de Jesus. Posso simplesmente continuar a segui-lo hoje, aonde quer que ele vá."
Mas como é que, seguindo alguém, você poderá desenvolver sua própria inteligência? Desse modo, não estará dando à sua inteligência qualquer oportunidade de explodir. É necessária uma vida de desafios para que a inteligência se manifeste, uma vida aventurosa, uma vida capaz de arriscar e explorar o desconhecido. Só a inteligência pode salvá-lo, ninguém mais - a sua própria inteligência, naturalmente. A sua própria consciência é que se pode tornar o seu nirvana.
Seja uma luz para si mesmo, e alcançará a sabedoria; permita que outros se tornem líderes ou guias para você, e continuará sendo estúpido, continuará perdendo todos os tesouros da vida - que eram seus!
A vida é uma peregrinação de extraordinária beleza, mas só para aqueles que se dispõem a buscar."
Osho em Encontro com Pessoas Notáveis.
Fonte:http://ventosdepaz.blogspot.com.br/2014/05/osho-fala-sobre-buda-14.html
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