A ILUMINAÇÃO DE GAUTAMA BUDA - OSHO

A iluminação de Gautama Buda - Osho



A ILUMINAÇÃO DE GAUTAMA BUDA - OSHO


"Por seis anos Buda fez tudo o que alguém poderia fazer, ele passou por todos os tipos de professor, mestre, erudito, sábio, vidente, santo. (...) Todo o país estava à procura de apenas uma coisa: como encontrar algo que transcendesse a morte.
Mas depois de seis anos de um tremendo esforço, de austeridades, jejuns e posturas de yoga, nada aconteceu. E um dia... Mesmo os budistas não foram capazes de entender o significado dessa história. Esta é a história mais importante na vida de Gautama Buda: nada se compara a ela.

Pense em Gautama Buda. Ele era seu ser original, e essa é a sua beleza e a sua grandeza. Ele não era um budista, mas simplesmente ele mesmo. Com diferentes mestres, por seis anos ele tentou continuamente encontrar a verdade, mas nada aconteceu, exceto frustrações e fracasso. Ele estava em grande desespero, pois estivera com todos os grandes professores e por causa da sinceridade e da honestidade de Gautama Buda, esses mesmos professores precisaram lhe dizes: "Ensinamos a você tudo o que sabíamos. Se você deseja mais, terá de encontrar por si mesmo. Isso é tudo o que sabemos e entendemos perfeitamente que você não está satisfeito. Também não estamos satisfeitos, mas não somos tão corajosos para continuar a tentar encontrar. Mesmo que leve vidas, continue tentando encontrar..."

Finalmente Buda precisou abandonar todos os professores e todos os mestres e começar a caminhar por conta própria, empenhando-se ao máximo. Uma das coisas mais importantes que aconteceram precisa ser lembrada por todo os buscadores, onde quer que eles estejam no mundo; isso sempre será um marco importante para a humanidade futura.

Um dia ele estava ao lado de rio Naranjana. Eu fui a esse lugar, o rio é muito pequeno e talvez fique maior na estação das chuvas, mas quando fui lá no verão, ele era apenas um pequeno curso de água.
Buda entrou no rio para tomar banho, mas tinha jejuado por muito tempo e estava tão fraco, e a correnteza estava tão rápida e forte que ele quase foi levado rio abaixo. Ele deu um jeito de agarrar as as raízes de uma árvore, e nesse momento uma idéia lhe ocorreu: " Fiquei muito fraco pelo jejum, porque todos os professores e todas as escrituras insistem constantemente que não se pode atingir a iluminação a menos que haja purificação pelo jejum. Eu me enfraqueci tanto, mas a iluminação não aconteceu. Não consigo sair nem desse pequeno rio Niranjana, como então se espera que eu saia do oceano do mundo?

Na mitologia indiana, o mundo é comparado ao oceano, bhavsagar. "Como atravessarei bhavsagar, o oceano do mundo, se não consigo nem sequer atravessar o rio Niranjana?
Esse foi o grande momento de discernimento: "Desnecessariamente tenho torturado meu corpo, isso não foi purificação, simplesmente me enfraqueci; isso não me deixou espiritual, simplesmente me deixou doente.
Enquanto isso, uma mulher da cidade fazia uma promessa para a árvore sob a qual Gautama Buda estava. Sua promessa era a de que, se seu filho sarasse de uma doença, ela viria na noite de lua cheia e traria uma tigela de doces em gratidão à deidade da árvore. Era uma noite de lua cheia por coincidência. Buda estava sentado sob a árvore, a mulher pensou: "Meu Deus, a própria deidade está sentada sob a árvore me esperando!" Ela ficou transbordante de alegria e colocou os doces aos pés de Gautama Buda, dizendo: "Nunca ouvi dizer que a própria deidade saísse da árvore e aceitasse as oferendas de nós pobres pessoas, mas você é grandioso e me ajudou imensamente. Por favor perdoe-me por ter-lhe causado tantos transtornos, mas aceite essa pequena oferenda".

Pela primeira vez em anos, Buda comeu sem nenhuma culpa.
Todas as religiões criaram culpa em tudo. Se você está comendo algo gostoso, sente culpa; se está usando algo bonito, sente culpa; se está feliz, algo deve estar errado. Você deveria ser triste - somente assim pode ser considerado religioso, pois se espera que uma pessoa religiosa não ria.

Pela primeira vez, Buda estava livre das garras de toda a tradição. Ninguém realmente analisou o estado de sua mente naquele momento, e esse estado é muito significativo para toda a psicologia da iluminação espiritual. Buda simplesmente abandonou toda a tradição, toda a ortodoxia, tudo o que lhe disseram, tudo o que lhe foi condicionado. Ele simplesmente abandonou.

Ele nem mesmo perguntou à mulher: "Você pertence a qual casta?" E pelo que entendo ela devia pertencer aos sudras. Isso não está escrito em nenhum lugar, mas minha conclusão tem algum sentido, porque seu nome era Sujata. Sujata significa "nascida em uma família de casta superior". Somente alguém que não nasceu numa família de casta superior pode ter um nome desse, pois quem nasce numa família de casta superior não precisa ter uma nome desse. (...) As pessoas substituem os nomes para dar mais elevação à sua realidade. O nome da moça era Sujata.

Naquele entardecer Buda abandonou toda estrutura que o havia cercado. Ele não perguntou qual era a casta dela, seu credo. Ele aceitou a oferenda e comeu os doces, e após muitos dias dormiu pela primeira vez sem nenhuma culpa com relação ao sono. As pretensas pessoas espirituais têm medo de dormir, pois mesmo dormir é um pecado que precisa ser extirpado. Quanto menos você dormir, mais espiritual você é.

Naquela noite, Buda dormiu como uma criança, sem nenhum conceito do que é certo ou errado; inocente, livre de condicionamentos, tradições, ortodoxias, religiões. Naquela noite, ele nem estava preocupado com a verdade, com a iluminação. Ele dormiu um sono profundo e sem sonhos, pois os sonhos vêm a você somente quando você tem desejos. Aquela noite foi absolutamente sem desejos. Ele não tinha nenhum desejo; daí não haver motivo de ter sonhos. Pela manhã, quando abriu os olhos, estava completamente silencioso, e logo o sol começaria a despontar no horizonte; e, quando o sol começou a nascer, algo dentro dele também começou a surgir.

Ele não estava preocupado, não estava buscando; pela primeira vez ele não estava desejando, e aconteceu. Ele estava repleto de luz.
O homem Sidarta, se tornou Gautama Buda.
E nessa iluminação, naquele momento de iluminação, de nirvana, ele não encontrou nenhum Deus. Toda a existência é divina, e não existe um criador separado, toda a existência está repleta de luz e de consciência, daí não haver nenhum Deus, mas há divindade.

Esta é uma revolução no mundo das religiões. Buda criou uma religião sem Deus. Pela primeira vez, Deus não era o centro de uma religião. O ser humano se tornou o centro da religião, seu ser profundo se tornou a divindade - para o qual você não precisa ir a nenhuma lugar, mas simplesmente deixar de ir para fora. Você simplesmente precisa permanecer dentro de si mesmo e lentamente se acomodar em seu centro. No dia em que você estiver acomodado em seu centro, acontece a explosão."

Osho em Buda, sua vida e seus ensinamentos-Editora Cultrix-Pensamento

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