Osho,
Você é contra todas as religiões? Qual é o principal erro delas?
Sim, sou contra todas as assim chamadas religiões porque elas não são de maneira nenhuma religiões de fato. Sou pela religião real, pela religiosidade, mas não pelas assim chamadas religiões.
A religião verdadeira só pode ser uma, exatamente como a ciência. Você não tem uma física Maometana, uma física Hindu, uma física Cristã; isso seria bobagem. Mas foi isso que as religiões fizeram – elas transformaram o mundo inteiro em um verdadeiro hospício.
Se a ciência é uma só, então porque a ciência do interior não seria uma só também?
A ciência explora o mundo objetivo e a religião explora o mundo subjetivo. O trabalho delas é o mesmo, só a direção e a dimensão delas são diferentes.
Numa era mais iluminada não haverá tal coisa como essas assim chamadas religiões, haverá somente duas ciências: a ciência objetiva e a ciência subjetiva. Ciência objetiva lida com as coisas, ciência subjetiva lida com o ser.
É por isso que digo que sou contra as assim chamadas religiões, mas não contra religião. Contudo, essa religião ainda está pra nascer. Todas as antigas religiões farão tudo ao seu alcance para matá-la, para destruí-la – porque o nascimento de uma ciência da consciência será a morte de todas essas assim chamadas religiões que têm explorado a humanidade por milhares de anos.
O que irá acontecer com suas igrejas, sinagogas, templos? O que irá acontecer com seus sacerdotes, seus papas, seus imãs, seus shankaracharyas, seus rabinos? Isso tudo é um grande negócio. E essas pessoas não irão permitir facilmente o nascimento da verdadeira religião.
Mas chegou o momento na história humana quando as garras das antigas religiões estão afrouxando.
O humano está apenas formalmente dando atenção ao Cristianismo, Judaísmo, Hinduismo, Islamismo, porém basicamente qualquer um que tenha alguma inteligência não está mais interessado em todo esse lixo. Ele pode ir a sinagoga e para a igreja e para a mesquita por outras razões, mas essas razões não são religiosas; essas razões são sociais. Vale a pena ser visto na sinagoga; é respeitável, e não há nenhum dano. Isso é exatamente como se associar ao rotary clube ou ao lions clube. Essas religiões são clubes antigos que têm um jargão religioso em torno delas, mas olhe um pouco mais fundo e você descobrirá que todas elas são pura embromação sem nenhuma substância dentro.
Sou pela religião, mas essa religião não será uma repetição de qualquer dessas assim chamadas religiões que você esteja familiarizado.
Essa religião será uma rebelião contra todas essas religiões. Ela não irá levar o trabalho delas adiante; ela irá encerrar completamente o trabalho delas e iniciar um novo trabalho – a real transformação do homem.
Você me pergunta: Qual é o erro fundamental de todas essas religiões? Existem muitos erros e eles são todos importantes, mas primeiro eu gostaria de falar sobre o mais fundamental. O erro mais fundamental de todas as religiões é que nenhuma delas teve coragem suficiente para aceitar que existem coisas que não sabemos. Todas elas fingiram saber de tudo, todas elas fingiram conhecer tudo, que todas elas eram oniscientes.
Porque isso aconteceu? – porque se você aceitar que você é ignorante sobre alguma coisa então dúvidas surgem nas mentes de seus seguidores. Se você é ignorante a respeito de alguma coisa, quem sabe? – você pode ser ignorante também sobre outras coisas. Qual é a garantia? Para torná-la a toda prova, todos eles fingiram, sem exceção, que são oniscientes.
A coisa mais bonita sobre a ciência é que ela não finge ser onisciente.
A ciência não finge ser onisciente; ela aceita seus limites humanos. Ela sabe o quanto ela descobriu e ela sabe que há muito mais a descobrir. E os maiores cientistas sabem de algo ainda mais profundo. O conhecido, eles descobrem as fronteiras dele; o conhecível eles conhecerão mais cedo ou mais tarde – eles estão a caminho.
Mas somente os maiores cientistas como Albert Einstein estarão cientes da terceira categoria, o incognoscível, o que nunca se tornará conhecido. Nada pode ser feito sobre isso porque o supremo mistério não pode ser reduzido ao conhecimento.
Somos parte da existência – como podemos conhecer o supremo mistério da existência?
Chegamos muito tarde; não havia ninguém presente como testemunha ocular. E não há nenhuma maneira de nos separarmos completamente da existência e sermos apenas um observador. Nós vivemos, respiramos, existimos com a existência – não podemos nos separar dela. No momento da separação, morremos. E sem estar separados, apenas ser observadores, sem nenhum envolvimento, sem nenhum apego, você não pode conhecer o supremo mistério; então isso é impossível. Algo permanecerá sempre incognoscível. Sim, isso pode ser sentido, mas não pode ser conhecido. Talvez possa ser experienciado de maneiras diferentes – mas não como conhecimento.
Você se apaixona – pode você dizer que conhece o amor? Parece ser um fenômeno totalmente diferente. Você o sente. Se você tentar conhecê-lo, talvez ele se evapore de suas mãos. Você não pode reduzi-lo ao conhecimento. Você não pode torná-lo um objeto de conhecimento porque ele não é um fenômeno mental. Tem algo a ver com seu coração. Sim, seu coração o conhece, mas isso é um tipo de conhecimento totalmente diferente: o intelecto é incapaz de abordar o ritmo do coração.
Todavia, existe algo mais em você do que o coração – seu ser, sua fonte da vida. Desejar como conhecer através da mente, que é a parte mais superficial da sua individualidade, você conhece algo de seu coração – o qual é mais profundo que a mente. A mente não pode penetrar nisso, é muito profundo para ela. Mas por trás do coração, ainda mais fundo, está o seu ser, sua própria fonte de vida. Essa fonte de vida também tem sua própria maneira de conhecer.
Quando a mente conhece, chamamos isso de conhecimento.
Quando o coração conhece, chamamos isso de amor.
E quando o ser conhece, chamamos isso de meditação.
Mas todos os três falam linguagens diferentes, as quais não são traduzíveis uma para a outra. E quanto mais fundo você for, mais difícil se torna traduzir, porque no próprio centro de seu ser não existe nada a não ser silêncio. Agora, como traduzir o silêncio para o som? Na hora que você traduzir silêncio para o som você o destrói. Nem mesmo a música pode traduzi-lo. Talvez a música chegue o mais perto possível, mas isso ainda é som.
A poesia não chega tão perto quanto à música, porque palavras, por mais belas que sejam, ainda são palavras. Elas não possuem vida nelas, elas estão mortas. Como é que você pode traduzir vida para algo morto? Sim, talvez entre as palavras você possa ter um vislumbre aqui e ali – mas é entre as palavras, entre as linhas, não nas palavras, não nas linhas.
Esse é o erro mais fundamental de todas as religiões: elas enganaram a humanidade posando acintosamente como se soubessem tudo.
Porém todos os dias elas foram expostas e o conhecimento delas tem sido exposto; desde então, elas têm estado combatendo qualquer avanço do conhecimento.
Se Galileu descobre que a terra gira em torno do sol, o papa fica com raiva. O papa é infalível; ele é o único representante de Jesus, mas ele é infalível. O que dizer de Jesus – ele é o único filho amado de Deus, e o que dizer de Deus... Mas na Bíblia – que é o livro que desceu dos céus, escrito por Deus – o sol gira em torno da terra.
Agora, Galileu cria um problema. Se Galileu está certo, então Deus está errado; o único filho amado de Deus está errado, os representantes do único filho amado por dois mil anos – todos os papas que são infalíveis – estão errados. Só um simples homem, Galileu, destrói toda a pretensão. Ele expõe toda a hipocrisia. Sua boca precisa ser fechada. Ele era velho, morrendo, em seu leito de morte, mas ele foi forçado, quase arrastado, até a corte do papa para pedir desculpas.
E o papa exigiu: “Você mude isso no seu livro, porque o livro sagrado não pode estar errado. Você é um mero ser humano; você pode estar errado; mas Jesus Cristo não pode estar errado. O próprio Deus não pode estar errado, centenas de papas infalíveis não podem estar errados... Você está se pondo contra Deus, o filho dele, e seus representantes. Você simplesmente mude isso!”.
Galileu deve ter sido um homem com um tremendo senso de humor – o que tenho como sendo uma das maiores qualidades de um homem religioso. Só os idiotas são sérios; eles estão destinados a ser sérios. Para ser capaz de rir você precisa de um pouco de inteligência.
Dizem que um inglês ri duas vezes quando ele escuta uma piada: a primeira vez, apenas para ser delicado para o companheiro que está contando a piada, por etiqueta, um maneirismo; e segundo, no meio da noite quando ele entende o significado da piada. O Alemão ri apenas uma vez, só para mostrar que ele entendeu a piada. O Judeu nunca ri; ele simplesmente diz, “Em primeiro lugar você está contando tudo errado....”
Você precisa de um pouco de inteligência, e Galileu deve ter sido inteligente. Ele era um dos maiores cientistas do mundo, mas ele também deve ser tido como uma pessoa bem religiosa. Ele disse, “É claro que Deus não pode estar errado, Jesus não pode estar errado, todos os papas infalíveis não podem estar errados, mas o pobre Galileu sempre pode estar errado. Não há nenhum problema quanto a isso – irei mudar isso em meu livro. Uma coisa, porém vocês devem lembrar: a terra continuará girando em torno do sol. Quanto a isso nada posso fazer; ela não segue minhas ordens. No que diz respeito a meu livro irei mudar isso, mas deixarei uma nota dizendo que: ‘A terra não segue minhas ordens, ela continua girando em torno do sol’.
A religião era contra cada avanço da ciência.
A terra é plana, de acordo com a bíblia, não redonda. Quando Colombo começou a pensar em viajar com a idéia de que a terra é redonda, a aritmética dele era simples: “Se eu continuar viajando diretamente, um dia terei que chegar ao mesmo ponto de onde parti... o círculo completo”. Mas todo mundo era contra isso.
O papa chamou Colombo e lhe disse, “Não seja tolo! A bíblia diz isso claramente: ela é plana. Logo você alcança a beira dessa terra plana e você irá cair de lá. E você sabe onde irá cair? O paraíso está acima, e você não pode cair para cima – ou pode? Você irá cair no inferno. Assim não faça essa viagem e não convença outras pessoas a ir nessa viagem”.
Colombo insistiu que iria; ele fez a viagem e abriu as portas do novo mundo. Nós devemos tanto a Colombo que não estamos cientes de que o mundo que conhecemos foi trazido à luz por Colombo. Se ele tivesse dado ouvidos ao papa, o infalível papa, que só falou bobagens – mas a bobagem dele era sagrada, religiosa...
Todas as religiões do mundo estão destinadas a fingir que o que quer que exista, eles conhecem. E eles conhecem tudo exatamente como é; isso não pode ser de outra maneira.
Os Jainistas dizem que seus tirthankaras, seus profetas, seus messias são oniscientes. Eles sabem tudo – passado, presente e futuro, assim tudo que eles dizem é a verdade absoluta. Buda fez piada sobre Mahavira, o messias Jainista. Eles eram contemporâneos vinte e cinco séculos atrás. Mahavira estava envelhecendo, Buda, porém, era jovem e ainda era capaz de brincar e de dar risadas. Ele ainda era jovem e vivo – ele ainda não estava estabelecido.
Uma vez que você se torna uma religião estabelecida, então você tem seus próprios interesses. Mahavira tinha uma religião estabelecida havia milhares de anos, talvez a religião mais antiga do mundo – porque os Hindus dizem, e dizem corretamente, que eles possuem o livro mais antigo do mundo, o Rig-Veda. Certamente, agora está cientificamente provado que o Rig-Veda é a escritura mais antiga que sobreviveu. Mas no Rig-Veda, o primeiro messias Jainista é mencionado, isso é prova suficiente de que o messias Jainista precedeu o Rig-Veda. E o nome dele é mencionado como sendo Rishabhadeva.
Ele é mencionado com um respeito que é impossível ter para com um contemporâneo. É apenas uma fraqueza humana, mas é muito difícil respeitar alguém que é contemporâneo e vivo, exatamente como você. É fácil ser respeitoso com alguém que já morreu há muito tempo. A maneira como o Rig-Veda relembra Rishabhadeva é tão respeitosa que parece que ele morreu há pelo menos mil anos atrás, não menos que isso, portanto, o Jainismo é uma antiga religião estabelecida.
Budismo estava apenas começando com Buda. Ele podia permitir-se brincar e rir, assim ele fez piadas com Mahavira e sua onipotência, onisciência e onipresença. Ele diz, “Tenho visto Mahavira diante de uma casa mendigando” – porque mahavira vivia nu e costumava mendigar apenas com as mãos. Buda diz, “Eu o tenho visto esperando diante de uma casa que estava vazia. Não havia ninguém na casa – e esse homem ainda, dizem os Jainistas, é um conhecedor, não somente do presente, mas do passado e do futuro”.
Buda diz, “Eu vi Mahavira caminhando bem na minha frente, e ele pisou na cauda de um cachorro. Era de manhã cedo e ainda não tinha luminosidade. Só quando o cachorro saltou, latindo, Mahavira veio a saber que havia pisado na cauda dele. Este homem é onisciente e ele não sabe que um cão está dormindo justo em seu caminho, e ele pisa na cauda do cão.
Mas o mesmo aconteceu com Buda quando ele se tornou estabelecido.
Após trezentos anos, quando seus ditos e declarações foram reunidos pela primeira vez, os discípulos deixaram absolutamente claro que “Tudo que está escrito aqui é absolutamente verdadeiro e irá permanecer verdadeiro para sempre”.
Agora, nessas declarações existem tantas coisas idiotas que podem ter tido significado vinte e cinco séculos atrás, mas hoje não possuem qualquer significado devido a que tanta coisa aconteceu em vinte e cinco séculos. Buda não tinha idéia de Karl Marx, ele não tinha idéia de Sigmund Freud... Então o que ele escreveu ou declarou está necessariamente baseado só sobre o conhecimento disponível naquela época.
“Um homem é pobre, devido a que em sua vida passada ele praticou más ações”. Agora, após Marx, você não pode dizer isso. “Um homem é rico devido a que ele praticou boas ações em sua vida passada”. Agora, após Marx, você não pode dizer isso. E não acho que Buda tivesse alguma idéia de que um Karl Marx viria a existir, embora seus discípulos digam que tudo que ele disse vai permanecer verdadeiro para sempre – outra maneira de dizer de que ele é onisciente.
Isso era um bom consolo para o pobre, que se eles praticassem boas ações, nas vidas futuras deles também seriam ricos. Isso foi uma alegria para os ricos também. “Somos ricos porque praticamos boas ações em nossas vidas passadas”. E eles sabem perfeitamente bem que belo trabalho estão realizando agora... E a riqueza deles aumenta a cada dia; a vida passada deles acabou há muito tempo e a riqueza deles ainda continua aumentando. Os pobres continuam ficando mais pobres e os ricos continuam ficando mais ricos.
Mas na Índia, nenhuma revolução jamais foi planejada; não há a questão disso acontecer – e a Índia tem vivido em tal pobreza como nenhum outro país tem vivido. A Índia viveu muito tempo sob escravidão mais do que qualquer outro país no mundo. Mas escravidão, pobreza, sofrimento – tudo precisa ser aceito porque é o seu fazer. Você não pode se revoltar contra isso. Contra quem você vai se revoltar? O único jeito é fazer alguma coisa para equilibrar suas más ações com boas ações. A própria idéia de revolução nunca ocorreu na mente Indiana. Se a escravidão chegar, você terá que aceitá-la.
Os Hindus sabem todas as respostas. Eles dizem, “Sem a vontade de Deus nada acontece. Então se você for um escravo... “ E por dois mil anos a Índia tem estado sob escravidão. É um milagre que uma nação tão grande tenha permanecido sob escravidão por dois mil anos. E os povos que invadiram a Índia eram pequenas tribos selvagens; eles não eram nada comparados com a Índia. Eles poderiam ter sido simplesmente esmagados pela multidão, não havia necessidade de nem mesmo segurar uma espada na mão.
Mas qualquer um – Hunos, Mongóis, Turcos, Maometanos, Britânicos – qualquer um que fosse ambicioso e quisesse invadir a Índia era sempre bem-vindo. Ela estava pronta – agradecida que você veio de tão longe e você teve tanto trabalho! A simples razão era que os Hindus sabiam a resposta: é a vontade de Deus; nada acontece sem a vontade de Deus, assim essa escravidão é a vontade de Deus. E um homem como Mahatma Gandhi – a gente podia achar que um homem como Gandhi mostraria um pouco mais de inteligência, mas não. Se você for um Hindu você não pode mostrar mais inteligência do que deve.
Em Bihar, uma das províncias da Índia – a província mais pobre – houve um grande terremoto. Ela já era pobre; todo ano sofria com inundações. E então esse terremoto... milhares de mortos. E o que Gandhi disse? Ele disse, “Bihar está sofrendo devido a suas más ações”. No século vinte? – um terremoto? – e toda a população de Bihar?
Era compreensível que você esteve explicando a simples indivíduos que eles estavam sofrendo devido a seus karmas ruins, Mas todo um estado sofrendo por causa de seus karmas ruins...! Como se todas essas pessoas em suas vidas passadas estivessem também nesse mesmo estado, e todos eles tiveram karmas tão ruins que um terremoto aconteceu. E todo o resto da Índia não sofreu devido ao terremoto porque eles tiveram bons karmas na vida passada deles. Estranho!
É ainda mais estranho porque Bihar é o lugar de nascimento de Mahavira, de Gautama Buda, de Makhkhali, de Ajit Keskambal – grandes mestres e grandes profetas – e Bihar está sofrendo porque realizou karmas ruins! Na Índia nenhum outro estado deu nascimento a tantos profetas, filósofos, pensadores. E o que Bihar pode ter feito de errado? Mas o Hinduismo sabe de tudo.
Quero que vocês se lembrem que o erro básico que todas as religiões cometeram é que elas não tiveram coragem bastante para aceitar de que há limites para o conhecimento delas.
Eles não foram capazes de admitir sobre nenhuma questão, “Não sabemos”.
Eles foram tão arrogantes que continuam dizendo que sabem, e continuam criando novas ficções de conhecimento.
Eis onde a verdadeira religião será diferente, fundamentalmente diferente.
Sim, de vez em quando surgiam indivíduos únicos que tinham a qualidade da verdadeira religião; por exemplo, Bodhidharma. Um ser humano dos mais amorosos, ele foi para a China há quatorze séculos passados. Ele permaneceu por nove anos na China e um grupo de seguidores se juntou ao redor dele. Mas ele não era um homem que pertencesse à estupidez das assim chamadas religiões.
Formalmente ele era um monge Budista, e a China já havia sido convertida ao Budismo. Milhares de monges Budistas já haviam alcançado a China antes de Bodhidharma, e quando eles souberam que Bodhidharma estava chegando, eles se regozijaram, porque Bodhidharma era quase igual a Buda. O nome dele já era conhecido entre eles há muito tempo. Até mesmo o rei da China, o grande imperador Wu, veio para recebê-lo na fronteira da China com a Índia.
Wu foi o meio para transformar toda a China para o Budismo, para convertê-la de Confúcio para Gautama Buda. Ele colocou todas os seus recursos e todo seu tesouro nas mãos dos monges Budistas, e ele foi um grande imperador. Quando ele encontrou Bodhidharma ele perguntou, “Tenho esperado para vê-lo. Estou velho e sou afortunado que você tenha vindo depois de tudo; por todos esses anos estive esperando. Quero perguntar algumas questões.
A primeira pergunta que ele fez foi: “Tenho devotado todo meu tesouro, meus exércitos, minha burocracia – tudo que tenho – para converter esta terra imensa ao Budismo, e construí milhares de templos para Buda”. Ele fez um templo para Buda no qual havia dez mil estátuas de buda; a montanha inteira foi entalhada. Para que dez mil Budas fossem esculpidos, a montanha inteira foi consumida – entalhada em estátuas Budistas, dessa forma, toda a montanha tornou-se um templo. Ele perguntou, “Qual será minha recompensa no outro mundo?”
Isso é o que os outros monges estiveram dizendo a ele, “Você já fez tanto para servir a Gautama Buda que talvez quando você alcançar o outro mundo, ele mesmo estará esperando para lhe dar boas vindas. E você ganhou tanta virtude que uma eternidade de prazeres será sua”.
Bodhidharma disse, “Tudo que você fez é absolutamente sem sentido. Você nem mesmo iniciou a jornada, nem mesmo deu o primeiro passo. Você irá cair no sétimo inferno – você tem minha palavra para isso.
O imperador Wu não pôde acreditar nisso: “Eu fiz tanto, e esse homem diz ‘Você irá cair no sétimo inferno’!”
Bodhidharma riu e disse, “O que quer que você tenha feito procede da ambição, e qualquer coisa feita da ambição não pode torná-lo religioso. Você renunciou a tantas riquezas, mas você não as renunciou incondicionalmente. Você está barganhando; é um negócio. Você está comprando no outro mundo, Você está colocando seu saldo bancário desse mundo para o outro mundo, transferindo-o. Você está sendo esperto: porque esse mundo é momentâneo – amanhã você pode morrer – e esses outros monges têm estado lhe dizendo que o outro mundo é eterno... Então o que você está fazendo? Dando tesouros momentâneos para ganhar os tesouros eternos? Realmente um bom negócio! A quem você está tentando enganar?”
Quando Bodhidharma falou para Wu dessa maneira, diante de todos os monges e os generais e os vice-reis que vieram com Wu e toda sua corte, Wu ficou zangado. Ninguém nunca tinha falado com ele desse jeito. Ele disse a Bodhidharma, “Isso é maneira de uma pessoa religiosa falar?”
Bodhidharma disse, “Sim, essa é a única maneira para uma pessoa religiosa falar; todas os outros modos são de pessoas que querem lhe enganar. Esses monges aqui têm estado lhe enganando; eles fizeram promessas a você. Você não sabe coisa alguma sobre o que acontece após a morte; nem eles sabem, mas eles fingem que sabem.
Wu perguntou, “Quem você é para falar com tal autoridade?”
E vocês sabem o que Bodhidharma disse? Ele disse, “Eu não sei. Esse é o único ponto que não sei. Eu fui para mim mesmo, fui para o próprio centro de meu ser e sai tão ignorante como antes. Eu não sei“. Agora eu chamo isso de coragem.
Nenhuma religião teve coragem suficiente para dizer, “Sabemos esse tanto, e aquele tanto nós não sabemos; talvez no futuro possamos saber. E além disso, há um espaço o qual irá permanecer incognoscível para sempre”.
Se essas religiões fossem mais humildes, o mundo seria totalmente diferente. A humanidade não estaria nessa confusão; não teria tanta angústia. Por todo o mundo todos estão cheios de angústia. O que dizer a cerca do inferno – nós já estamos vivendo no inferno aqui.
Que maior sofrimento pode haver no inferno?
E as pessoas responsáveis por isso são as assim chamadas pessoas religiosas. Elas ainda continuam fingindo, brincando o mesmo jogo. Após trezentos anos com a ciência continuamente demolindo o território delas, continuamente destruindo o assim chamado conhecimento delas, trazendo a tona novos fatos, novas realidades, o papa ainda é infalível, o shankaracharya ainda é infalível!
Em Jaipur houve uma conferência Hindu e um dos shankaracharyas... Existem quatro shankaracharyas na Índia e eles são equivalentes ao papa; cada um liderando uma direção – para as quatro direções, quatro shankaracharyas. Um deles pertencia a jaipur, ele nasceu em Jaipur. Ele era basicamente um astrólogo, um grande erudito, assim quando um shankaracharya morreu, ele foi escolhido para ser shankaracharya de Jaganath Puri.
Eu o tinha conhecido antes dele ser um shankaracharya e nessa conferência foi a primeira vez que encontrei com ele desde de que ele se tornou um shankaracharya. Perguntei a ele, “Agora você tem que se tornar infalível. Agora eu lhe conheço perfeitamente bem – antes de você ser um. Você pode me dizer a data, em qual hora você se tornou infalível?”
Ele disse, “Não pergunte questões inconvenientes na frente dos outros. Agora sou um shankaracharya e sou tido como infalível”.
Eu disse, “Tido como sendo?”
Ele disse, “Isso é para sua informação. Se você me perguntar em público, sou infalível”.
Agora um polonês tornou-se papa. Você já ouviu falar de algum polonês tornar-se infalível? Mas um papa, um polonês, tornou-se infalível. Até onde esse mundo pode cair? Agora não há mais lugar para cair. Quando o polonês morrer – porque papas morrem muito depressa, pela simples razão de que na hora que se tornam papas eles já estão quase mortos. Leva tanto tempo para chegar até o Vaticano, que se ele sobreviver alguns anos é o bastante. Agora após esse papa, a quem vocês irão escolher? Você pode encontrar alguém mais? Eu acho que Oregon ficará bem. Após a Polônia, Oregon será o lugar certo. Você pode encontrar idiotas superiores aqui, mas eles também serão infalíveis quando se tornarem papas.
Uma religião verdadeira terá essa humildade de aceitar que somente algumas poucas coisas são conhecidas, muito mais é desconhecido, e algo irá sempre permanecer incognoscível.
Esse algo é o alvo de toda a busca religiosa.
Você não pode torná-lo um objeto de conhecimento, contudo você pode experienciá-lo, você pode beber dele, você pode ter o sabor dele – ele é existencial.
O cientista permanece separado do objeto que ele está estudando. Ele está sempre separado do objeto; desse modo o conhecimento é possível, porque o conhecedor é diferente do conhecido. Porém a pessoa religiosa esta se movendo na subjetividade dela, onde o conhecedor e o conhecido são um.
Quando o conhecedor e o conhecido são um não há nenhuma possibilidade de conhecimento. Sim, você pode dançar isso, mas você não pode dizê-lo.
Isso pode estar no caminhar, o jeito que você caminha; isso pode estar em seus olhos, a maneira que você olha; isso pode estar em seu toque, a maneira que você toca – mas isso não pode ser expresso em palavras.
Palavras são absolutamente impotentes no que se refere a religião. E todas essas assim chamadas religiões estão cheias de palavras. Chamo tudo isso de merda!
Esse é o erro fundamental. Mas existem outros enganos também, que vale a pena relembrar. Por exemplo: toda religião é egoísta. Embora toda religião ensine os seguidores a abandonar o ego, a ser sem ego, ser humilde, a própria religião não é humilde, ela é muito arrogante.
Jesus diz, “Sejam humildes, sejam mansos”, mas você já pensou – o próprio Jesus não é humilde, nem manso, coisa nenhuma. Que maior arrogância e que maior egoísmo do que esse? – ele se declara o único filho amado de Deus! Você não pode se declarar como sendo outro filho de Deus – nem mesmo um primo, porque Deus não possui irmãos. Você não pode ter qualquer relacionamento com Deus: Esse relacionamento único está encerrado, Jesus fechou as portas.
Ele é o messias e ele veio para redimir o mundo. Ninguém parece estar redimido, e dois mil anos já se passaram. Ele mesmo morreu sofrendo numa cruz – a quem ele vai redimir? Mas a idéia de que “Eu vou redimir vocês, sigam-me”... Isso tem sido um dos mais importantes fatores para destruir a humanidade – devido a que todas as religiões declaram que são a única religião certa, e todas as outras estão erradas. Elas têm estado lutando continuamente, matando uma a outra, destruindo uma a outra.
Outro dia vi um programa na TV. Um rabi, um pastor protestante e um monge católico estavam discutindo sobre mim. E eles chegaram a uma conclusão... o rabi sugeriu, “Agora chegou a hora – devemos fazer um esforço para ter um diálogo com esse homem”. Não pude acreditar nisso – um rabi falando para um padre Católico, sugerindo que um diálogo é necessário. Porque? Havia tantos rabis no tempo de Jesus, porque o diálogo não foi necessário com Jesus? Ou a crucificação foi o diálogo?
E esse idiota Católico concordou. Ele nem mesmo diz, “Você, sendo um rabi, você acredita no diálogo? Então o que aconteceu com Jesus? A crucificação foi um diálogo?” Não, ele não pergunta isso. Nem o rabi se dá conta do que ele mesmo está dizendo. Jesus era um Judeu. Se ele se desviou, traga o Judeu de volta para o caminho certo; ou talvez ele esteja certo, então você vai para o caminho dele. Mas a crucificação foi o diálogo? Não foi nem mesmo um monólogo!
Mas agora todos eles estão estabelecidos. O Católico, o protestante e o rabi não têm nenhum problema porque agora eles são parte do negócio privilegiado. E todos eles sabem que estão fazendo as mesmas coisas, eles estão no mesmo negócio. Jesus era um problema; talvez um diálogo não fosse possível. Nem é possível comigo também, mas as razões são diferentes.
Com Jesus o diálogo não foi possível porque ele era o messias, mas onde vocês estavam? Um diálogo só é possível entre iguais. Ele é o filho de Deus. Quem é você? – enteado? Você tem que ser um alguém, do contrário que diálogo? Não, isso não era possível porque Jesus era tão egoísta que os rabis sabiam perfeitamente bem que um diálogo não era possível. Uma ou duas vezes eles o abordaram.
Uma vez um rabi perguntou a Jesus, “Com que autoridade você está falando?”
Ele disse, “Com minha própria autoridade – e lembre-se, antes que Abraão fosse, eu sou”. Abraão era o antepassado, o mais antigo; e Jesus diz, “Antes que Abraão fosse, eu sou. Que maior autoridade você precisa?” Agora esse homem está dizendo, “Bem aventurados os mansos”, mas ele mesmo não é manso; “Bem aventurados os pobres, bem aventurados os humildes... Mas qual é a razão? Porque eles são bem aventurados?”... Porque eles herdarão o paraíso”.
Um estranho argumento! Aqui você perde; lá você ganha mil vezes mais. Mas o que você ganha? – as mesmas coisas. Aqui você é pobre, lá você será rico. Aqui você é um mendigo, lá você será um rei. Mas qual é a diferença qualitativa? – apenas aqui, e lá – dois espaços diferentes. E essas pessoas estão tentando ser mansas, humildes e pobres por uma simples razão: Herdar o reino de Deus. Agora este homem está provocando e explorando sua ambição. Todas as religiões estão fazendo isso.
Um diálogo comigo também é impossível, mas por razões diferentes.
Primeiro: Não conheço a mim mesmo – sobre isso nenhuma discussão é possível – e essa é a coisa mais fundamental a ser discutida. Que diálogo é possível? Ou você esteve dentro ou não.
Se você tem estado dentro, então apenas olhar nos seus olhos é suficiente – esse é o dialogo. Se você não tem estado dentro, então só olhar nos seus olhos é suficiente. O dialogo está acabado antes de começar.
Comigo um dialogo é impossível porque não sou um erudito. Não posso citar escrituras. Eu sempre as deformo. Mas quem se importa? – porque não dou nenhuma atenção a essas escrituras. Não creio que elas sejam sagradas. Elas são somente ficções religiosas, então deformar ficções religiosas não é problema de jeito nenhum. De fato, nunca as li cuidadosamente. Eu dei uma passada nelas, aqui e ali apenas olhando – e mesmo assim encontrei tanto lixo.
Assim, que dialogo é possível comigo, sobre que pontos? É preciso haver um certo acordo e não há nenhum acordo possível porque eu digo que não há nenhum Deus. Agora que dialogo é possível? Você terá que provar Deus; então o dialogo pode ter início. Ou tragam Deus para servir de testemunha; então podemos discutir se Ele é verdadeiro ou apenas um Americano falso.
Não acredito que exista algum paraíso ou inferno. Que dialogo é possível? Sim, em outras religiões você pode ter diálogos porque esses são pontos de concordância. Um Maometano, um Cristão, um Hindu, um Judeu – Eles podem discutir Deus. Um ponto é certo, que Deus é. Agora, a questão é somente sobre a forma, os atributos, as qualidades dele – mas a coisa básica está acordada. Todos eles concordam sobre o paraíso e inferno. Agora, pode ser que alguém acredite nos sete infernos, alguém acredite em cinco, alguém acredite em três. É só uma questão de números, não tão importante. Que tipo de dialogo é possível comigo?
Quando ouvi o programa, comecei a imaginar que se um diálogo fosse acontecer, como iria começar? De onde? Não existe um simples ponto de acordo, porque todas essas religiões são falsas, elas não são religiões verdadeiras; do contrário haveria alguma possibilidade.
Com Bodhidharma posso ter um diálogo. Ele diz, “Eu não sei quem sou”. Isso é acordo suficiente. Agora podemos segurar as mãos um do outro e dar um passeio matutino. Agora não há mais necessidade de dizer mais nada: tudo foi dito.
Após nove anos, quando Bodhidharma estava retornando para a Índia, ele reuniu quatro de seus principais discípulos e pediu a eles, “Resumam a religião numa simples declaração para que eu possa saber se vocês me entenderam ou não”.
O primeiro disse, “Compaixão é religião. Essa é a mensagem básica de Buda: compaixão”.
Bodhidharma disse, “Você tem meus ossos, nada mais”.
O segundo discípulo disse, “Meditação. Ser silencioso, ser tão silencioso que nem um único pensamento se mova dentro de você: essa é a essência da religião”.
Bodhidharma disse, “Você tem minha carne, nada mais; porque no que você está dizendo, você está só repetindo minhas palavras. Nos seus olhos não vejo o silêncio; na sua face não vejo a profundeza que o silêncio traz”.
O terceiro disse, “Isso não pode ser dito, É inexprimível”.
Bodhidharma disse, “Você tem minha medula. Mas se isso não pode ser dito, porque você mesmo usou essas palavras? Você já o disse. Até em dizer ‘Isso não pode ser dito, não pode ser expresso’. Você está dizendo algo sobre isso; daí eu dizer que você só tem a medula”.
Ele virou-se para o quarto. Havia lágrimas nos olhos do discípulo e ele caiu aos pés de Bodhidharma. Bodhidharma o sacudiu e perguntou a ele repetidamente, ”O que é religião?” Mas somente lágrimas de alegria... as mãos dele segurando seus pés em gratidão. O discípulo nunca falou uma única palavra, nem mesmo isso pode ser dito, é inexprimível.
Bodhidharma o abraçou e disse, “Você me tem. Agora posso ir em paz porque estou deixando algo de mim atrás”.
Agora com esses rabis, padres católicos, pastores protestantes, que diálogo é possível? Dois mil anos se passaram e os rabis ainda não se desculparam por terem crucificado Jesus. Ele pode ter sido um egoísta, ele pode ter errado, ele pode ter ensinado algo imperfeito, mas ninguém tem o direito de crucificar o homem – ele não fez mal a ninguém. Tudo que era necessário era um argumento cavalheiresco, entretanto eles não eram bastante competentes para argüir com ele.
Crucificação não é um argumento. Você pode cortar minha cabeça – isso não é um argumento. Isso não quer dizer que estou errado e você está certo. De fato, cortar minha cabeça simplesmente prova que você foi incapaz de argüir seu ponto. É sempre o fraco que fica zangado. É sempre o fraco que deseja lhe converter na ponta de uma espada. Após dois mil anos e ainda... Imagino que nem um único rabi tenha se desculpado. Porque deveriam? Eles acham que estavam certos e ainda acham que estão certos agora.
Imagino que tipo de Católico esse monge é e que tipo de protestante esse pastor é que está sentado com o rabi e discutindo sobre mim. Eles deviam discutir primeiro sobre eles mesmos, sobre porque eles estão sentados juntos.
Todas essas pessoas têm sido egoístas. Agora, os rabis continuam ensinando para as pessoas serem humildes eles, porém, não podem pedir desculpas. Isso é impossível. Eles sequer mencionaram o nome de Jesus em suas escrituras, em seus livros. Você não irá encontrar qualquer menção de Jesus, sua crucificação ou o nascimento do Cristianismo nas fontes Judaicas, não: “Não vale a pena nem mencionar”. Mas é a mesma situação com as outras religiões. Os Maometanos dizem, “Sou o único mensageiro de Deus. Um Deus, um mensageiro e um livro sagrado, o Koran – se você acreditar nessas três coisas, é suficiente, você está salvo”.
Isso me traz para o segundo ponto, que todas essas religiões têm estado contra a dúvida. Eles realmente temem a dúvida.
Só um intelecto impotente pode ter medo da dúvida; do contrário a dúvida é um desafio, uma oportunidade para inquirir.
Todos eles mataram a dúvida e todos eles forçaram sobre a mente de todos a idéia de que se você duvidar você irá cair no inferno e irá sofrer eternamente. Nunca duvide. A crença é a coisa interior; fé, fé total – nem mesmo a fé parcial servirá, só a fé total. O que você está pedindo aos seres humanos? Algo absolutamente desumano. Um homem – como é que ele pode acreditar totalmente? E mesmo que ele tente acreditar totalmente, isso quer dizer que a duvida está lá; senão contra o que ele está lutando? Contra o que ele está tentando crer totalmente?
Existe a dúvida e ela não é destruída por acreditar.
A dúvida é destruída pela experiência.
Eles dizem, acredite!
Eu digo, explore, experimente.
Eles dizem, não duvidem!
Eu digo, duvide até o fim, até você chegar e saber e sentir e experienciar, duvidar da própria dúvida.
Então não há nenhuma necessidade de reprimir a dúvida, ela evapora por si mesma. Assim não há necessidade de você acreditar. Você não acredita no sol, você não acredita na lua – porque você acredita em Deus? Você não precisa acreditar nos fatos comuns porque eles estão aí. Mas eles não são a verdade suprema.
Uma rosa está presente pela manhã; ao anoitecer ela se foi. Você ainda “acredita” nela, mas isso não é necessário; você a conhece, não existe a questão da dúvida. Essa “crença” numa flor é uma simples crença, não contra a dúvida. Só assim você não fica confuso entre uma simples crença e uma crença complicada, tenho uma palavra diferente para isso: é confiança.
Você confia numa rosa. Ela floresce, ela libera sua fragrância, e depois se vai. Ao anoitecer você não irá mais encontrá-la; suas pétalas caíram e o vento as levou embora. Porém, isso não era uma verdade eterna; você a conhece como um fato. E você sabe novamente que haverá rosas, haverá novamente fragrância. Você não precisa acreditar; você simplesmente conhece a experiência, porque ontem também havia rosas e elas desapareceram. Hoje elas apareceram de novo – e amanhã a natureza irá seguir seu curso.
Porque acreditar em Deus? Você não teve qualquer experiência com Deus nem ontem, nem hoje – e que certeza você tem sobre amanhã? De onde você pode obter certeza para amanhã? – porque ontem foi vazio, hoje está vazio e amanhã é apenas uma esperança vazia, esperar contra a esperança. Mas isso é o que todas essas religiões têm ensinado: destrua a dúvida.
Na hora que você destrói a dúvida você destruiu algo de imenso valor no homem, porque é a dúvida que irá ajudar o homem a averiguar e encontrar. Você cortou a própria raiz da investigação; agora não haverá mais nenhuma investigação.
É por isso que, em todo o mundo, raramente existe, de vez em quando, uma pessoa que tenha a experiência do eterno, que já respirou o eterno, que encontrou a pulsação do eterno – mas muito raramente. E quem é responsável? Todos os seus rabis e todos os seus papas e todos os seus shankaracharyas e todos os seus imãs – eles são os responsáveis porque eles cortaram a própria raiz da investigação.
No Japão eles cultivam uma estranha árvore. Há, na existência, árvores de trezentos ou quatrocentos anos de idade, de cinco polegadas de altura. Quatrocentos anos de idade! Se você olhar para a árvore, ela é tão antiga e uma árvore tão pequena – cinco polegadas de altura. E eles acham que isso é uma arte! O que eles estiveram fazendo é continuar cortando as raízes. O vaso de terra no qual a árvore está enterrada não tem fundo, assim, de vez em quando, eles pegam o vaso e cortam as raízes. Quando você corta as raízes a árvore não pode crescer. Ela envelhece, mas nunca cresce. Ela vai envelhecendo, mas você a destruiu. Ela teria ficado uma árvore enorme, porque a maioria delas são árvores bo.
O Japão é uma nação Budista, e Gautama Buda se tornou iluminado debaixo de uma árvore bo. A árvore bo é chamada de bo em outros idiomas também, porque debaixo dela Gautama Sidarta tornou-se um Buda, alcançando bodhi, a consciência desperta, a iluminação. O nome completo é árvore bodhi, mas no uso ordinário é suficiente chamá-la de árvore bo. Portanto, todas essas árvores são árvores bo. Agora nenhum Buda pode se sentar debaixo dessas árvores bo. Vocês têm impedido quem sabe quantos Budas de se tornarem Budas cortando essas árvores bo.
A árvore sob a qual Buda tornou-se iluminado era tão grande que mil carros de boi podiam descansar debaixo dela. Ela era tão imensa. Ela ainda vive – não a mesma árvore, é claro, mas uma ramificação da mesma árvore. Os maometanos destruíram a árvore. Eles não puderam tolerar que uma árvore existisse sob a qual alguém alcançou tais alturas. Eles queimaram a árvore, destruíram-na completamente.
Mas um dos imperadores da Índia, Ashoka, tinha enviado um galho da árvore como um presente para o Ceilão com sua própria filha, Sanghamitra, que havia se tornado uma Sannyasin.
Sanghamitra levou uma ramificação da árvore bo para o Ceilão e dessa árvore bo uma ramificação foi trazido de volta novamente e colocada no lugar onde Buda tornou-se iluminado. Ela é parte da mesma árvore, porém da terceira geração.
Mas o que essas pessoas no Japão estão fazendo mostra algo significante: é o que as religiões fizeram com o homem. Eles têm estado cortando suas raízes para que você não cresça – você apenas envelhece.
E a primeira raiz que eles cortam é a da dúvida; desse modo a investigação cessa.
A segunda raiz que eles cortam lhe coloca contra sua própria natureza, condena sua natureza. Obviamente quando sua natureza é condenada, como você pode ajudar sua natureza a fluir, crescer e tomar seu próprio curso como um rio? Não, eles não lhe permitem ser como um rio, movendo-se em zigue-zague.
Todas as assim chamadas religiões tornaram vocês trens ferroviários, correndo nos trilhos, correndo de uma estação para outra – apenas passando de uma linha para a outra, nunca indo a lugar nenhum, mas sempre nos trilhos. Esses trilhos eles chamam de disciplina, controle, autocontrole.
As religiões causaram tanto dano que quase não se pode calcular – o saco de pecados delas está cheio, transbordando. Só precisa ser jogado no pacífico, a cinco milhas de profundidade, tão fundo que ninguém possa encontrá-lo novamente e começar todo o processo idiota de novo.
O reduzido número de pessoas inteligentes no mundo devem livrar-se do que as religiões fizeram com eles sem o conhecimento destas. Eles devem ficar completamente livres do Judaísmo, do Hinduismo, do Cristianismo, do Jainismo, do budismo. Eles devem ficar completamente limpos – apenas ser humano é bastante.
Aceite-se.
Respeite-se. Deixe que sua natureza siga seu próprio curso. Não force, não reprima.
Duvide – porque a dúvida não é um pecado, ela é um sinal de sua inteligência. Duvide e prossiga indagando até você encontrar.
Uma coisa posso dizer: aquele que investiga, encontra. Isso é absolutamente certo; nunca foi de outra maneira.
Ninguém nunca chegou de mãos vazias de uma investigação autêntica.
Fonte:https://www.osho.com/pt/read/osho/vision/the-religions-their-fundamental-mistake
A Mente "Religiosa"
A Mente “Religiosa”
Osho, From Misery to Enlightenment #6
Existência é multidimensional. De todo ponto… como se ela fosse um sol com milhões de raios movendo-se em direção ao infinito. Cada raio pode lhe conduzir ao infinito, mas se você escolher um, é claro que você tem que deixar os outros; e você só pode escolher um. Você não pode nem mesmo montar em dois cavalos, o que dizer de duas dimensões? Pois estas irão divergir cada vez mais, enquanto você avança, haverá um espaço infinito desconectado entre eles. Na fonte eles são um. Dali você pode escolher qualquer um, mas uma vez que você escolheu uma linha, então os outros são deixados para trás.
Tenho estado perambulando por toda minha vida. Você precisa estar alerta. E se você puder me lembrar que passei por algum lugar, posso agarrar uma dimensão que foi deixada para trás. Mas você não deve esperar que eu pare de perambular pois agarrando uma outra dimensão, novamente estarei deixando muitas outras.
A cada passo há um problema de escolha, pois sou uma pessoa existencial, não sou um pensador. Isso não é um silogismo lógico que estou propondo a você. É minha experiência que estou tentando partilhar com vocês – e experiência é tão vasta que só posso mostrar a vocês uma pequena parte dela. Mas vocês são sempre bem vindos para me lembrar. Sim, lembro-me que perambulei por muitos lugares, talvez alguns eu possa conseguir pegar de volta de novo.
Era religião – religião no mais baixo nível da humanidade, o nível instintivo. Todas as tribos primitivas, aborígenes, ainda estão vivendo sob o primeiro tipo de religião, que os teólogos chamam de “mágica”.
Esta acredita que se você sacrifica para um deus, se você fizer um certo ritual, uma certa dança, uma certa oração, então o deus fica satisfeito com você e as recompensas virão.
Por exemplo, quando não está chovendo – estes são os problemas dos povos primitivos – quando não está chovendo, o que irá fazer a tribo primitiva? Esta irá organizar um ritual, talvez um sacrifício de um ser humano vivo – o deus deles é bem sedento de sangue. Ou, se a tribo evoluiu um pouco, então, em vez de um homem, irão escolher um animal. Se a tribo evoluiu um pouco mais, então irão escolher não um animal, nem um homem, mas alguma coisa parecida.
Agora, por exemplo, na Índia eles quebram um coco. O coco é muito parecido com o crânio humano. Este tem uma pequena barba, um bigode, dois olhos, um pequeno nariz. De fato, em Hindi o crânio é chamado de khopri e ‘o coco’ das narinas é chamado de khopra. A similaridade é tanta que ambos têm o mesmo nome. Quebrar um crânio era o ritual original, mas agora isso seria criminoso. Eles encontraram um bom substituto, um coco, mas a idéia é a mesma. Eles acham que tudo que os faz sentir prazer também faz o deus deles sentir prazer do mesmo jeito. Uma bela garota despida será colocada diante de deus, todo tipo de comida será preparada e posta diante de deus, e eles começarão uma dança louca: isso é uma maneira de agradar a deus.
Deus está ofendido, eis por que as chuvas não estão vindo. Se ele for agradado, as chuvas virão – e chuvas, cedo ou tarde, chegam. Então o ritual deles se torna válido, as chuvas chegaram. De vez em quando acontece que as chuvas não caem de maneira alguma. Desse modo o deus está realmente muito chateado e precisa de mais sacrifícios, mais rituais.
Esse é o tipo mais baixo de religião – chame-a de religião-magia – a crença de que apenas entoando algumas palavras, fazer algumas coisas, você pode mudar o curso da existência. Isso é simplesmente estúpido. A existência não necessita de seus sacrifícios, não necessita de suas danças – e nada atinge a existência. Mas o homem instintivo, o homem primitivo, não pode fazer mais do que isso. Esse é o limite do seu entendimento.
Este homem primitivo não morreu completamente, mesmo na assim chamada civilização. Vocês também pensam na mesma lógica. Vocês não sacrificam alguém, mas mesmo pessoas civilizadas, cultas, educadas, quando estão em dificuldades, imediatamente o homem primitivo nelas aparece. Sua esposa está doente e o doutor diz: “Tudo que podíamos fazer, foi feito. Agora, só um milagre pode salvá-la”. Até mesmo o doutor está sendo primitivo.
Ele está lhe dizendo: Só um milagre, somente alguma coisa mágica… A medicina falhou, ciência falhou; tudo que podíamos fazer, fizemos. Agora se ela for salva será através da graça de Deus ou pela graça de um santo, assim agora você vai a um templo, a uma mesquita, a sinagoga, a igreja, ou vai para algum sacerdote ou algum sábio”. O doutor caiu na religião primitiva.
E o homem, é claro, está absolutamente disposto para ir a qualquer lugar, a fazer qualquer coisa, pois ele quer salvar sua esposa. Essa não é hora para ele pensar sobre assuntos filosóficos – se isto é certo ou errado, se é primitivo ou civilizado, se é estúpido ou inteligente. Essa não é a hora. Ele corre! Ele nunca esteve com um santo, mas agora ele vai e cai aos pés dele e ora, “Salve minha esposa!”
O homem primitivo ainda está dentro de você porque o inconsciência ainda está dentro de você.
O homem primitivo só desaparece com o desaparecimento da inconsciência. Quando seu inconsciente e consciente se tornam um, toda sua mente se torna consciente. Assim não há como cair de volta para o homem primitivo. Do contrário, nove vezes mais do que o homem civilizado é o homem primitivo dentro de vocês. Qualquer hora que sua mente consciente começa a falhar, seu intelecto começa a falhar, você cai no fetiche do primitivo.
Religião do intelecto – a segunda categoria, uma categoria mais elevada – é pseudo-religião. Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo, Maometismo – são todas produto do intelecto. Elas não são religiões-mágicas. Elas possuem teologias: pensaram acerca da existência, sua criação, porque esta foi criada; como se pode sair fora dessa roda de vida e nascimento. Eles estiveram pensando sobre isso, ponderando sobre isso por milhares de anos, e cada religião desenvolveu uma teologia.
A palavra teologia significa lógica sobre Deus. Esta é uma contradição em termos. Deus não é uma proposição lógica: você não pode prová-lo pela lógica, não pode refutá-lo pela lógica. Lógica é completamente irrelevante para Deus. Contudo, as pseudo religiões não podem fazer mais nada além disso, elas só podem pensar sobre isso. E elas possuem uma imaginação fértil para retratar Deus. Suas escrituras dizem que Deus criou o homem à sua própria imagem. A realidade é justamente o oposto: o homem criou deus à sua própria imagem. Eis por que existem tantos deuses – pois existem tantos homens, tantas raças, tantos rostos diferentes – olhos, narizes… tantos tipos diferentes.
Você não pode pensar de um negro inventando um deus branco. Você pode não ter pensado porque seu diabo se parece com um negro, porque seu diabo é preto. O deus dos negros será negro, e, é claro, o diabo tem que ser branco puro. E o homem branco provou ser bastante diabólico. Os negros não somente têm um argumento a favor disso, mas a história também, dando todas as evidências do que os brancos fizeram as pessoas de cor no mundo. Isso pode ter sido o maior mal que já aconteceu na história.
Como pode um chinês pensar em deus de outro modo a não ser como um chinês? Quando Marco Polo foi à China, ele foi o primeiro ocidental a alcançar a China. A China estava sob o grande império de Kublai Khan, filho de Genghis Khan. Talvez Kublai tenha sido um dos maiores imperadores no mundo pois governou por toda a China, Asia central, Extremo oriente.
Quando Marco Polo chegou na China, ele solicitou uma audiência. Kublai Khan era um homem de grande inteligência. Seu primeiro ministro disse: “Um homem que parece um macaco quer lhe ver. Isso será absolutamente sem precedente – nenhum imperador jamais concedeu uma audiência a um macaco.” O homem branco parecia um macaco para eles.
Kublai Khan disse: “Não tem problema. Se pode falar, ele não pode ser um macaco de modo algum, existe algo de humano. Traga-o aqui.” E ele ficou interessado em Marco Polo. Marco Polo era um jovem muito inteligente, e se tornou bem íntimo de Kublai Khan. Quando retornou à Europa ele declarou ao papa: “Na China eles adoram um Deus diferente, que parece um chinês, e eles nos acham semelhantes aos macacos.”
Para nós eles parecem um pouco estranhos. Eles têm uma barba bem pequena – uns poucos fios, você pode contá-los – narizes achatados, ossos da face salientes. Você não pode pensar um rosto mais feio – mas eles acham que isso é beleza. Um homem ou uma mulher que não possui estas saliências na face terá dificuldades para casar. Então um homem com um nariz típico da raça ariana: Indianos, Germanos, Ingleses, Franceses, Escandinavos, Holandeses, Russos… Estes são tudo uma só raça, e para eles um nariz potiagudo, um longo nariz, é tido como belo. Mas na China isto é feio, e eles não podem fazer o deus deles feio.
Marco Polo disse: “Isso me faz pensar que talvez estejamos todos imaginando a respeito de Deus. Ninguém sabe como ele parece.”
O papa ficou muito zangado e disse: “Você deve estar imaginando coisas. Está criando uma ficção para que possa ser tido como um grande explorador de uma nova terra. Não posso acreditar que algo maior que o Cristianismo exista em algum lugar.”
Marco Polo disse: “O Budismo é muito maior, tem milhões de monges, milhares de templos e monastérios. Comparado ao Budismo seu Cristianismo é nada” Mas ele estava sozinho. Que prova ele tinha? Ele trouxe algumas coisas que foram tiradas dele e queimadas para destruir as evidências.
Essa é a mente pseudo-religiosa. A mente pseudo-religiosa acredita m sua própria imaginação, em seu próprio pensar, e receia qualquer coisa que vá contra isso ou que seja um pouco diferente disso. Do contrário, as religiões não teriam estado lutando por milhares de anos..
Isto é algo estranho: Todas as religiões pregam o amor, e todas elas acabam em ódio.
Todas as religiões pregam a irmandade do homem, mas elas só criam inimigos um do outro. Todas as religiões ensinam que todo homem tem o potencial preciso para alcançar Deus, mas na prática eles dizem: Somente nossa religião é a verdadeira religião. Sim, todo homem pode alcançar Deus, mas ele tem que alcançar pelo nosso caminho: A menos que você siga Jesus Cristo você não tem qualquer chance. Contudo o mesmo é dito por Krishna: “Se você render-se a mim, deixando tudo de lado, eu cuidarei de você, não precisa preocupar-se.” E o mesmo é verdadeiro sobre todas as outras religiões. Eles parecem ser lojistas competidores – todo mundo está tentando vender seu negócio: seu livro sagrado, seu messias, seu deus.
A pseudo-religião sempre está temerosa pois no fundo as pessoas das pseudo-religiões sabem que é somente sua imaginação, não tem nenhuma experiência real. Ele mesmo não está convencido; então, ele precisa convencer os outros. Ele prossegue enviando missionários para outros países para convencer, converter mais e mais pessoas para o Cristianismo, para o Maometismo. Porque? Por que todo esse anseio para converter? Psicologicamente compreender isso é de imensa importância.
A pessoa que deseja converter alguém é uma pessoa que suspeita de sua verdade. Ele está realmente tentando, convertendo as pessoas, convencer a si mesma de que está certa. Se ela pode converter tantas pessoas isso lhe dá suporte suficiente: “Tantas pessoas não podem ser tolas. Eu posso ser um tolo mas tantas pessoas não podem serem tolas. Tais pessoas inteligentes… e elas acreditaram na minha crença. Minha crença está destinada a ser verdadeira.”
Cristianismo parece ser a mais falsa de todas as religiões pois é a mais interessada em converter as pessoas do que qualquer outra religião. De fato, Judaísmo e Hinduísmo, que são as duas mais antigas religiões, não estão interessadas em converter ninguém. Você precisa entender a psicologia disso.
Porque os Judeus não estão interessados em enviar missionários e converter as pessoas para o Judaísmo? Um Judeu é nascido, não é convertido. Você já viu um Judeu convertido em algum lugar? Isso é simplesmente absurdo. Judeus não tomará ninguém através da conversão. Se Deus não lhe fez um Judeu então não há outro modo; estes são o povo escolhido por Deus. Convertendo todo tipo de lixo, pode você melhorar a escolha de Deus? Se Deus não lhe fez um Judeu isso quer dizer que você não foi feito para ser um Judeu, você foi rejeitado. Então por milhares de anos eles jamais pensaram em converter pessoas para serem Judeus..
Os Hindus têm a mesma idéia – que eles são o único povo a quem Deus escolheu para dar o primeiro livro sagrado no mundo. Certamente seu Rig Veda é a mais antiga escritura do mundo e certamente é a escritura da religião mais antiga. Eles têm quatro castas: Os brâmanes, os sacerdotes. Os kshatriva, os guerreiros. Os vaishya, os negociantes. Os sudras, os intocáveis. Agora, esse era um problema: como eles podiam converetr alguém? E em qual casta eles iriam colocá-lo?
Hinduismo não é um pedaço, este é quatro castas.
Os brâmanes são a casta mais elevada. Você não pode converter ninguém para ser um brâmane. Ele representa Deus, daí o nome. O nome de Deus na Índia é Brahma, e brâmane significa aquele escolhido por Brahma, apontado pelo próprio Deus. Não há nenhuma maneira para alguém tornar-se um brâmane. Isso é decidido pelo nascimento, pois o nascimento é decidido por Deus, não está nas mãos dos homens decidir tais coisas.
Agora, os kshatryia também não permitirão que alguém entre. Esta é a Segunda casta mais importante e é uma coisa tradicional para ela ser um guerreiro, Ninguém – X, Y, Z – pode ser um guerreiro. É necessário longa tradição, treino. Você precisa ter sangue de um guerreiro, você não pode ser convertido.
A única casta que pode lhe absorver são os intocáveis. Os negociantes são a terceira casta, mas eles são mais elevados do que os intocáveis. Somente os intocáveis podem lhe absorver, mas sem a permissão dos brâmanes eles nada podem fazer. Conversão – um tal fenômeno religioso – está além da capacidade deles. Eles mesmos são párias.
Hisdus e Judeus já nascem assim. É porisso que ambas as religiões são as mais egoístas. Naturalmente, outras religiões dependem das conversões, senão de onde elas vão conseguir seus fregueses, seus clientes? Deus fez os Judeus, Deus fez os Hindus. Agora o mundo inteiro está dividido em dois povos escolhidos por Deus. Onde Jesus vai conseguir seu povo? De onde Buda vai tirar seu povo? Eles têm que depender das conversões. Onde Maomé vai conseguir Maometanos? Estes são retardatários. As antigas lojas possuem credibilidade; já estão estabelecidas, e estabelecidas pelo próprio Deus. Estes outros são recém-chegados no mercado. Naturalmente eles precisam atrair clientes das lojas antigas; do contrário nenhum freguês vai vir. E eles precisam criar novas atrações, preços mais baratos, melhores recompensas. E vocês podem ver isso…
O deus dos Judeus é um cara valentão.
Mas o deus dos Cristãos é puro amor. Vocês não sabem… é uma matemática tão simples: o deus dos Judeus pode ser um cara valente, mas Jesus precisa converter as pessoas, então ele tem que criar uma melhor imagem de deus, mais polida, mais refinada, mais humana, assim ele pode tornar o deus Judeu fora de moda.
A quem ele vai coverter? Os ricos certamente não serão convertidos pois eles já estão estabelecidos, respeitados, no mais alto nível da sociedade. Eles não irão seguir um vagabundo. Eles não vão se tornar motivo de riso – para que? Dessa forma todas essas beatitudes de Jesus: “Abençoados são os pobres porque deles é o reino de deus…” porque você só pode agarrar o pobre. O pobre já está zangado, com ciúmes do rico, e aqui vem um homem que diz: “Meu Deus é amor. E meu Deus permite somente os pobres no paraíso; os ricos não têm lugar aqui.”
Isto é simplesmente tática comercial – nada de profundo nela. Mas ninguém se interessou em observar como as novas religiões tentaram puxar clientes das antigas lojas para a própria loja delas. Todos eles são a favor do pobre. Estranho – os Judeus não têm uma única declaração na qual o rico seja condenado e o pobre seja louvado só por causa de sua pobreza. Judeus não possuem nenhuma declaração na qual a pobreza seja algo sagrado. Os Hindus também não. O homem rico, de acordo com o Hinduísmo, é rico porque ele foi religioso, virtuoso, em suas vidas passadas. É uma recompensa de Deus. E o pobre é pobre porque ele foi mau, irreligioso, em suas vidas passadas. Ele foi punido por isso. Pobreza é uma punição, riqueza é uma recompensa. Hindus ou Judeus, que já estão estabelecidos – porque deveriam eles se incomodar com os pobres e oprimidos? Mas Buda, Jesus, Mahavira, Maomé – todo o interesse deles está nos pobres, nos oprimidos.
É uma coisa simples: estas são as pessoas que podem ser convertidos, estas são as pessoas vulneráveis. Elas nada tem a perder e tudo a ganhar. Por exemplo, se um sudra se torna um seguidor de Buda, imediatamente ele não é mais intocável. Se um sudra torna-se um cristão ele não é mais intocável. Este é um mundo bem estranho.
Eu tinha um amigo que era o chefe em um colégio de teologia em Jabalpur, Chefe Mackwan. Eu estava dizendo essas coisas a ele: “Porque os Cristãos estão interessados somente nos pobres?”
Ele disse: “Por favor, venha até minha casa”. Eu estava sentado em seu escritório. Ele disse: Minha casa é bem atrás do colégio, venha até lá. Quero lhe mostrar alguma coisa.”
Ele me mostrou um retrato de um velho homem e uma velha mulher. Certamente que são mendigos, em trapos, sujos. Você podia até ver isso em seus rostos – tão famintos. Você podia ver que haviam sofrido por toda a vida deles. Isso estava escrito nas linhas de suas testas. Ele disse: Você pode reconhecer quem eles são?”
Eu disse: “Como posso reconhecê-los? Nunca vi essas pessoas, mas eles parecem mendigos”
Ele disse: “Eles eram mendigos. Ele é meu pai, ela é minha mãe. E eles não eram somente mendigos, também eram sudras, intocáveis. Eles se converteram, já velhos, ao Cristianismo pois eles eram tão velhos, cansados de mendigar; e agora estavam preocupados com seus filhos – particularmente esse garoto que é agora o chefe do colégio teológico Leonardo. O que aconteceria a ele se eles morressem? Ele também se tornaria um mendigo.”
Porque eles estavam doentes entraram em um hospital Cristão, pois nenhum outro hospital aceitaria pobres e daria a eles remédios, comida, cuidados médicos gratuitamente. Assim eles entraram, tinham que entrar, no hospital Cristão.
E aí a inteira metodologia é: com o remédio vai também dando a Bíblia tanto quanto possível; com cada injeção um pouco da Bíblia.
Com comida, o doutor fala sobre isso, a enfermeira fala sobre isso; o padre vem todos os dias para saber sobre a saúde deles, como eles estão.
Pela primeira vez eles sentiram que eram seres humanos. Ninguém nunca tinha perguntado a eles sobre a saúde deles. Eles eram tratados feito cachorros, não como seres humanos. E tivessem eles permanecidos Hindus teriam morrido feito cães, morrendo na esquina da rua. Vocês não sabem, pois não é assim no Ocidente. No Ocidente, cães têm uma morte melhor, uma vida melhor, pois qualquer cachorro que não tenha dono deve ser morto. O cachorro tem que pertencer a alguém, uma corrente declarando a possessão. Mas no Oriente você não pode matar ninguém. Pode haver um cão espalhando doença e enfermidade, mas você não pode matá-lo – matar é pecado.
Aconteceu… Estou me deslocando – lembre-se!
Em Lucknow existe um templo de Hanuman, o deus macaco. Bastante estranho que o templo esteja cercado de grandes árvores, e todas as árvores estão cheias de macacos – você nunca irá ver tantos macacos juntos. Talvez seja pela simples razão que tudo que é oferecido ao deus macaco, estes macacos comem, então aos poucos, eles se tornaram residentes permanentes ali. E o templo tem uma fama tal que as pessoas chegam até lá de toda parte, de lugares bem distantes porque é tido que o que quer que você deseje ali isso será realizado. Então eles desejam alguma coisa e eles juram diante do deus macaco: “Se nosso desejo for realizado então nós traremos cinquenta e uma rúpias de doces” – ou qualquer coisa que queiram trazer, ou o que quer que possam conseguir.
Assim todos os dis tanta comida é oferecida – e isso não tem coisa alguma a ver com o deus macaco. Se uma centena de pessoas vêm pedir, pelo menos um terço delas – apenas pelas regras aritméticas simples – um terço delas vão ter seus desejos realizados. Mesmo que elas não tivessem vindo não teriam sido perdedores, mas agora acreditam que o desejo foi realizado devido ao deus macaco. Os dois terços restantes cujos desejos não foram realizados deslocaram-se para algum outro templo – naturalmente, pois este deus macaco parece não ser simpático para com eles.
Você não pode pedir qualquer razão ou coisa alguma, mas é certo que seu desejo não é realizado, então você vai para algum outro templo. E há centenas de templos na Índia com árvores de realizar desejos. Basta você ir e pedir… e você só precisa dá um pequena propina. Mas um terço das pessoas cujos desejos foram realizados… E que tipo de desejos as pessoas pedem: “Que meu filho passe no exame vestibular, ou “Que meu filho consiga o emprego que ele solicitou”, ou ”Que minha filha consiga um marido pois não tenho muito dinheiro para dar”, ou “Minha mulher está doente, por favor torne-a saudável novamente”… simples assim, mundano, trivial humano.
Eles não estão pedindo por alguns milagres, “Que quando eu passar através do oceano este deve separar-se como aconteceu com Moisés. “Então eles saberiam se o deus macaco pode fazer alguma coisa ou não. Mas que seu filho passe no vestibular… e milhares de pessoas estão sendo aprovados no vestibular sem a ajuda do deus macaco. De fato, o deus macaco não era ele mesmo matriculado! E mesmo que ele faça a prova, ele não irá passar, você não pode esperar que ele seja aprovado.
Mas estas pessoas acham que os desejos delas são realizados assim elas trazem… Então macacos lentamente se juntaram – toda a estrada, de ambos os lados, está cheia de macacos. E por uma razão estranha, macacos e cachorros são todos contra uniformes. Talvez na vida passada deles tenham sido revolucionários: qualquer tipo de uniforme – carteiros na India usam uniformes, os policiais usam uniforme, o exército, os saniasins… Qualquer um de uniforme, e cachorros e macacos são contra eles.
Talvez vendo tantas pessoas com roupas diferentes, estilos diferentes, e de repente vendo alguém de uniforme, eles sentem um perigo: “Este homem não parece um homem, alguma coisa está errada em algum lugar”… e eles atacam. Isso não é a descoberta de Machiavelli que o ataque é a melhor defesa, que se você quiser defender-se, então ataque. Não espere que a outra parte lhe ataque pois assim será tarde demais para defender. Não lhes dê essa chance.
Macacos e cachorros então atacam pessoas uniformizadas. Sinto que isso é simplesmente que eles estão assustados; estas pessoas parecem um pouco estranhas, não se parecem com outros seres humanos. Milhões de seres humanos estão aí, e eles não os estão atacando. E também não atacam estas pessoas se elas não estiverem uniformizadas, atacam o uniforme. O uniforme lhes dá alguma idéia que alguma coisa é suspeita com esse homem.
Assim começou a acontecer no templo que os macacos passaram a atacar policiais, carteiros e militares… e os macacos eram aos milhares. Talvez alguém tivesse disparado a raiva deles, ninguém sabe como isso começou, porque sempre estiveram ali por centenas de anos, por muitas gerações. O templo é muito antigo e eles nunca fizeram isso, mas desde dez anos atrás, um dia de repente, um tumulto irrompeu entre os macacos e todas as pessoas uniformizadas. Isso tornou-se bem perigoso pois tantos macacos… mesmo um macaco é bastante para lhe assustar, mas quando muitos macacos, centenas, correndo pela estrada… a estrada foi bloqueada, ninguém mais passava por ela. Era uma avenida, então Lucknow foi dividida em duas partes; os macacos não permitiam ninguém passar.
Isso se tornou um problema na assembléia do estado de Uttar Pradesh – Lucknow é a capital – que “estes macacos precisam ser eliminados à bala. Eles pertubaram a paz da capital. As pessoas não podem ir para o outro lado, não podem vir para este lado. Escritórios ficam fechados pois tantas pessoas vivem daquele lado; muitos escritórios estão daquele lado e as pessoas vivem desse lado. Alguém que foi para aquele lado para trabalhar foi detido, não pôde voltar aqui. Alguma coisa precisa ser feita imediatamente”.
Um homem levantou-se e disse: “Se um único macaco for morto à bala então haverá um grande banho de sangue, pois o macaco é um deus Hindu: você está atirando em um deus Hindu. Isso não será tolerado”. Ele era um chauvinista Hindu que pertencia a um partido Hindu chauvinista. E embora o parlamento inteiro fosse privadamente a favor destes serem baleados – que mais se podia fazer? – a resolução fracassou pois eles sabiam que o que este homem dizia iria acontecer. Imediatamente haveria um massacre.
E isso que eles queriam.
Todos os políticos querem algum problema em algum lugar, pois só assim eles são necessários. Se tudo for correto, se não houver novidade, nada dá errado, os políticos começam a sentirem-se perdidos.
Eu não estive na Índia por quatro anos. Agora os jornalistas estão com saudades de mim. Estranhas pessoas! Todos eles eram contra mim. Quando eu estava lá, todos eram contra mim. Escreviam contra mim, nem mesmo se importavam se era veradeiro ou não. Noventa por cento era absolutamente falso. Eles estavam escrevendo isso, mas era notícias, notícias vendíveis. Agora estão sentindo minha falta pois as notícias que faziam sobre mim não podem mais fazer, e não há ninguém para me substituir.
Jornalistas, políticos – esses tipos de pessoas estão em busca de algum ponto que possa se tornar perigoso, alguma situação que possa tornar-se um problema. Então todos eles irão tentar fazer disso um problema tão logo seja possível.
A resolução não pôde passar; por quase duas semanas a estrada ficou bloqueada. Macacos não possuem grande memória; eles devem ter esquecido e se acalmaram aos poucos. Primeiro os devotos começaram a chegar com doces, oferecendo doces ao deus macaco, e depois o tráfego começou de novo.
Mas vocês não podem matar. Não podem matar cachorros. Matar não é permitido. Mas estas religiões têm estado matando uns aos outros. Eles não podem matar um cão, não podem matar um macaco, mas podem matar um homem. Isto é bem estranho. Tenho estado perguntando aos Hindus e Maometanos: “Vocês não podem matar animais mas podem matar um homem sem qualquer problema, como se o homem não tivesse nenhuma vida?” Não, a coisa é negócio. O homem pode ser convertido para ser uma Maometano – um cão não pode ser. Cães estão além do alcance de seus pregadores e missionários.
Professor Mackwan me disse: “Este é meu pai e mãe. Eles teriam morrido como cães e o veículo municipal os teriam jogado para fora da cidade com todo o lixo que carregam todos os dias, pois não há ninguém para levar um mendigo para a pira funerária. Quem se importa com um mendigo? Mendigos não são gente, não são seres humanos.
E depois ele me mostrou outro retrato de sua filha e de seu genro. Eu estava olhando para três gerações: o pai e a mãe, quase abaixo dos seres humanos. Mackwan, que havia ganho posição e agora ocupa um posto bem respeitável, muito bem pago. Agora os Brâmanes vêm e apertam as mãos dele, sem saber que ele é filho de dois mendigos que eram sudras. Eu conheço sua filha, uma das mulhares mais lindas que já vi. Ela é casada com um americano.
Olhando para as três gerações… uma tal mudança. Você não pode ligar a filha com a avó e como você pode ligar o genro com o avô? Parece não haver nenhuma ponte. O genro é um bem conhecido erudito, professor – seis ensinando na India, seis meses ensinando na América. Saroj, a própria filha é uma professora. Todos eles bem educados. O filho é um chefe. Eles se moveram numa direção completamente diferente sendo convertidos ao Cristianismo. Eu não pude me opor. Eu disse: “Seu pai e sua mãe fizeram bem.”
Hindus e Judeus estão estabelecidos. Cristãos, Maometanos e Budistas não estão estabelecidos. Eles tentam coverter pessoas, mas na conversão deles, no fundo, o que acontece? A religião estabelecida tem um passado para suportar, milhares de anos de passado, o que significa que milhões de pessoas estiveram no caminho; você não está sozinho.
Mas quando você segue Jesus você só sabe que este cara teve essas idéias fantásticas.
Quem sabe? Você está seguindo um tolo ou realmente o filho de Deus? Ele pode ser tanto isso ou aquilo, não há uma terceira alternativa. Ou ele é um perfeito idiota…
Na verdade Fyodor Dostoevsky escreveu um livro, O Idiota – esse é o título do seu livro. Porém, o idiota, o personagem, é quase semelhante a Jesus: muito inocente, simples, que jamais causou qualquer dano a ninguém. De fato, ele é melhor que Jesus. Mas Dostoevsky entitulou o livro de O Idiota.
Jesus precisa de pessoas convertidas. Ele mesmo pode estar sentindo-se hesitante sobre o que ele está dizendo ou sobre se isso é verdadeiro ou não. De fato, porque ele queria que os Judeus o aceitassem, sua messianidade? Porque ele era tão insistente que eles tiveram que crucificá-lo? Ele deve tê-los importunado, torturado-os com a idéia. Eles ficaram tão aborrecidos que decidiram: “Este homem não nos deixará em paz – ele tem que ser crucificado, senão irá continuar nos torturando.”
E ele estava ficando cada vez mais fanático. Ele começou a chamar o grande templo dos Judeus de: “a casa de meu Pai”, e “Eu vim para limpar a casa de meu Pai.” E ele realmente queria limpá-la de todos os sacerdotes e de todos os rabis: Qual é a necessidade de todas essas pessoas quando o único filho amado está ali?
Eu tinha virado um chato. Ele deve ter pensado em algum momento silencioso: “Talvez eu seja apenas louco. Não tenho sido capaz de convencer um único rabi.”
De fato, nunca tentei converter ninguém, mas há alguns rabis saniasins. Isso é estranho! E não é rabis comuns, são rabis famosos. E não tenho tentado de jeito nenhum converter ninguém porque não tenho nenhum dúvida. Porque deveria me incomodar em converetr alguém? Eu não tenho que convencer a mim mesmo de que estou certo. Eu sou!
Se nem mesmo uma pessoa estiver comigo, estarei tão certo quanto estou agora. Minha certeza não cresce com o crescimento do número de pessoas ao meu redor, não aumenta com o número de pessoas ao meu redor. Minha certeza vem da minha experiência.
Os Judeus parecem estar preocupados, e todos os Cristãos carregaram sua doença em suas mentes. Todos eles estão preocupados. Não posso achar que o papa realmente acredita que ele reprsenta Deus, isso é impossível – a menos que você seja louco, então tudo é possível.
As pseudo-religiões estão continuamente tentando converter pessoas ou elas são tão antigas que a questão da conversão nunca surge. Eles são os principiantes. Desde o princípio eles aggarraram os clientes. Devido a esta idéia de converter as pessoas há constante lutas, cruzadas, Jihads, guerras santas.
E pseudo-religiões continuam criando mais e mais teologia. Para ninguém ler.
Eu nunca vi na minha vida alguém lendo um livro teológico. Visitei centenas de bibliotecas mas nunca vi ninguém, em nenhuma biblioteca, lendo um livro teológico. Tenho olhado nas livrarias das universidades e do governo e perguntado aos bibliotecários uma questão: “Gostaria de saber se algum livro da seção teológica é levado pelas pessoas?”
Eles disseram: “Você é a primeira pessoa a perguntar sobre isso. A seção teológica? Ninguém se importa. As pessoas estão interessadas somente em novelas. Quem irá se aborrecer com um livro teológico?” Um deles me levou até a seção teológica. Esta era a única seção onde você podia ver que todos os livros estavam intocados pelas mãos humanas, de tão limpos. Centenas de teólogos continuamente criando cada vez mais livros… Para que? – pois as questões básicas ainda não foram respondidas. Estas prosseguem aumentando sobre os livros, mas o que quer que façam, as questões fundamentais permanecem no mesmo lugar, pois intelecto não tem nenhuma resposta para elas.
Uma coisa simples não ocorreu a eles, que se em cinco ou dez mil anos de pensamento teológico vocês não foram capazes de demolir uma única questão, agora é hora de parar: talvez vocês não estejam movendo-se na direção correta.
Religião é o segundo estágio da conscientização, da mente consciente, intelecto, é teologia. Chamo isso de pseudo-religião – apenas palavras sobre a verdade, Deus, amor, mas nenhuma experiência para apoiá-las.
Quando a religião alcança o terceiro, o pico mais elevado, só então isso é religiosidade.
Assim o primeiro chamo de magia-religiosa.
O segundo chamo de pseudo-religião.
E o terceiro chamo de religiosidade.
Então isso é uma qualidade, assim não possui nenhum adjetivo nela.
Então não tem nenhuma tradição.
Então não tem nenhuma escritura, assim não tem nenhuma teologia.
Então a origem não está no passado.
E o paraíso não está no futuro.
Então ambos estão dentro de você.
Então você tem uma nova experiência, e essa experiência expressará a si mesma em amorosidade, amistosidade, compaixão.
Esta religião não se importará com Deus:
Seu interesse será compaixão.
Esta religiosidade não se importará com o céu e inferno.
Sua preocupação será de como compartilhar seu júbilo.
Esta religião não está de jeito nenhum interessada em convencer você a acreditar em certos dogmas. Seu único interesse é dizer a você: “Eu o encontrei. Se você estiver interessado, posso compartilhar minha experiência. Não há nenhuma condição que você precisa aceitar isso, não há nenhuma condição que você tem que acreditar em mim. Isso é simplesmente minha alegria compartilhar isso com você. Então é para sua consideração se você quer fazer algo com isso ou não. De qualquer modo estou feliz e grato que você tenha me permitido compartilhar algo tão íntimo.”
. Um homem religioso, funcionando do ponto mais elevado da consciência intuitiva é apenas como a fragrância de uma flor.
Não existe a questão de você ser convertido. Mesmo que ninguém passe ao lado da flor, a fragrância ainda estará se espalhando ao redor, movendo-se… em algum lugar, alguém pode pegá-la. E mesmo que ninguém a pegue, isso não importa; é simplesmente natural para a flor explodir em fragrância.
Osho,
From Misery to Enlightenment Chapter 6
Fonte:https://www.osho.com/pt/read/osho/vision/the-religious-mind
Religiosidade sem religião “Querido Osho, Como pode o mestre ajudar o discípulo a viver a religiosidade sem religião? Esta é a coisa mais simples do mundo. O inverso é o mais difícil: é quase impossível ser religioso e fazer parte de uma religião organizada. Mas, apenas ser religioso, sem fazer parte de qualquer religião é a coisa mais simples. Você tem que entender o que religiosidade significa para mim. Para mim, religiosidade significa uma gratidão para com a existência. Ela lhe deu tanto que não há como você reembolsá-la. Ouvi contar... Um homem ia cometer suicídio e um mestre estava sentado à beira do rio onde ele ia se jogar. O mestre disse: ‘Espere um pouco! Espere! Você vai cometer suicídio?’ O homem disse, ‘Quem é você para me impedir?’ O mestre lhe disse, ‘Eu não estou impedindo você. Na verdade, eu gostaria de vê-lo cometendo suicídio, mas antes de fazê-lo, se você puder doar os seus dois olhos, porque o rei deste país ficou cego e os médicos disseram que se alguém puder doar-lhe os olhos, eles poderão ser transplantados e o rei poderá enxergar novamente. Mas tem que ser olhos de uma pessoa viva, não de um morto. E o que você quiser como recompensa, como prêmio, é só dizer e será seu. Assim, antes de suicidar, por que não fazer um pequeno negócio?’ O homem disse, ‘Quanto ele pagará?’ Ele já havia esquecido o suicídio. As pessoas estão sempre pensando em negócios. O mestre disse, ‘O quanto você pedir, é só dizer.’ Ele disse, ‘Eu sou um pobre homem, não posso pedir muito. Dê-me uma sugestão. Eu vou cometer suicídio.’ Então o mestre disse, ‘Pense alto. Que tal, vinte mil rúpias?’ O homem disse, ‘Vinte mil rúpias? Meu Deus, eu nunca pensei que poderia ter vinte mil rúpias.’ Mas o mestre disse, ‘Você ainda pode pensar. Eu posso até mesmo dizer ao rei que você precisa de vinte milhões. Tudo depende de você, pois o rei quer os olhos e paga qualquer preço.’ O homem disse, ‘Vinte milhões? Mas então, por que eu deveria cometer suicídio?’ O mestre disse, ‘Isto é com você. Mas, viver uma vida sem os olhos, mesmo tendo vinte milhões de rúpias, não será muito agradável.’ Já estavam a caminho do palácio, quando o homem começou a dizer ao mestre, ‘Eu estou pensando outra coisa.’ Ele disse, ‘Que outra coisa? Você já subiu o seu preço de novo?’ Ele respondeu, ‘O preço não é a questão. Eu estou pensando: só por dois olhos, vinte milhões? E quanto às duas orelhas, o nariz, os dentes, todo o meu corpo? Qual o preço de todo o meu corpo?’ O mestre disse, ‘Você pode calcular, pois se são vinte milhões por apenas dois olhos...’ O homem disse, ‘Eu não vou vender. Eu vou para a minha casa.’ O mestre disse, ‘E quanto ao suicídio?’ Ele disse, ‘Eu pensava que você era um homem religioso. Você é um assassino! Você quer que eu cometa suicídio? Agora que pela primeira vez eu pude reconhecer o que a existência me deu, e eu não tive que pagar nem um tostão. Estes dois olhos que têm visto todo tipo de beleza, estas duas orelhas que têm ouvido todo tipo de música, esta vida que tem experienciado tanta coisa... E eu nada paguei por isto, nem mesmo disse muito obrigado. E o suicídio nada mais é que a última reclamação, a mais feia reclamação contra a existência: ela me deu tanto e eu estou destruindo tudo. Ao invés de estar agradecido, eu estou traindo. Não, eu não posso cometer suicídio e não posso vender os meus olhos, eles não têm preço. Você pode dizer isto ao rei. Nem mesmo por todo o seu reino eu não posso doar os meus olhos, mesmo sendo eu um mendigo.’ |
Você já percebeu o quanto a existência tem dado a você? Não, você tem isto como certo, como se você tivesse feito por merecer, como se tivesse sido uma conquista sua. Você não fez por merecer. Não foi algo que você conquistou. É um presente, é uma bênção, é simplesmente um ato de amor da existência ter-lhe dado tanto. E ela está pronta para lhe dar muito mais. Você é que não está pronto para receber. A religião o impede de ser religioso. Ela o envia para os mosteiros, para os templos, para as igrejas. Ela ensina você a rezar para um deus hipotético com o qual você nunca encontrou, com o qual ninguém jamais encontrou. O verdadeiro templo está por toda a sua volta, sob as estrelas, sob a verde folhagem das árvores, ao lado do oceano. O verdadeiro templo está por toda a volta e o verdadeiro deus nada mais é que o fenômeno vivo e consciente dentro de você. | Existence - Osho Zen Tarot
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Onde houver vida, onde houver consciência, ali está deus. E quando você chegar à experiência máxima de consciência, você se torna um deus. É direito natural de todo mundo tornar-se um deus, não adorar Deus, mas tornar-se um deus. Todas as religiões estão impedindo você. Elas não lhe ensinam a ser sem ambição. Elas lhe ensinam a ambição, como se tornar virtuoso para que consiga alcançar o paraíso. Elas não lhe ensinam a não ter medo. Elas lhe ensinam a ter medo, pois se você não fizer certas coisas, será lançado ao inferno e irá sofrer pela eternidade. Todas as religiões são basicamente uma exploração da humanidade. Elas escravizam você, elas o humilham, elas o chamam de pecador e destroem o seu auto-respeito. Religiosidade é uma humilde gratidão para com a existência. E porque a existência tem dado tanto a você, existe um humilde auto-respeito; humilde, não egoísta. Você não se vangloria disto. Ela ensina-o a amar, a estar mais vivo, a brincar mais, a celebrar mais. A sua vida deve ser uma canção, uma dança e uma festividade. Qual a necessidade de pertencer a um aglomerado? Todas essas coisas são suas experiências individuais, elas nada têm a ver com qualquer aglomerado. Você não precisa ir a uma igreja, você não precisa adorar um deus, você não precisa adorar um livro que está morto e cheio de toda espécie de tolices, estupidez e superstições. Religiosidade é um fenômeno absolutamente individual. Ele não é algo relacionado a coletividade, você não vai brigar com alguém... ‘Assim, estejam unidos.’ Os muçulmanos têm que estar unidos contra os hindus; os hindus têm que estar unidos contra os cristãos; os cristãos têm que estar unidos contra os judeus. Estas coisas não são religiões. Elas são multidões insanas que querem praticar violência em nome da religião, em nome de Deus. Eu tenho visto algumas revoltas e nem posso acreditar... Pessoas muito amáveis, de repente, se tornam como animais. Eu conheci uma pessoa que era um professor na mesma universidade onde eu lecionava. Eu o tinha como uma das mais amáveis pessoas. Mas ele era muçulmano e quando houve um levante entre muçulmanos e hindus, eu vi aquele professor estuprando uma mulher. Eu não pude acreditar no que vi. Eu arrastei o professor para fora e lhe disse, ‘O que você está fazendo?’ Ele recuperou seus sentidos, como se estivesse fazendo algo num estado de sono. Ele disse, ‘Sinto muito, perdoe-me. Toda a multidão estava fazendo aquilo e eu simplesmente tornei-me parte da multidão. Eu esqueci a minha individualidade completamente e o animal dentro de mim começou a fazer coisas. Primeiro eu comecei a tremer e pensei - Eu não devo fazer isto, o que eu vou fazer não é certo -. Mas o animal interno é muito forte e está ali há muito tempo. Quando toda a multidão começou a fazer aquilo...’ Eu tenho segurado pessoas queimando templos, queimando mosteiros; pessoas que eu conhecia e eu tive que puxá-las para fora e lhes perguntar ‘O que vocês estão fazendo? Vocês conseguiriam fazer isto se estivessem sozinhas? Se não estivesse ali uma multidão, você conseguiria queimar este mosteiro? O que este mosteiro tem a ver com você? Ele é uma bela peça de arquitetura. Por que você o está destruindo? Ele não faz mal a ninguém.’ E a pessoa diz, ‘Sozinha? Não, sozinha eu não conseguiria fazer isto, mas todo mundo está fazendo. E eu também sou um hindu e os hindus têm que estar unidos.’ Unidos para que? Para matar e queimar pessoas vivas? Por milhares de anos, as religiões nada mais têm sido senão matar, assassinar e queimar. E toda a estratégia delas é que a multidão tem sua própria psicologia. Simplesmente não deixe que o indivíduo esteja separado, caso contrário você não conseguirá fazer com que ele estupre uma mulher, queime uma casa ou mate uma criança. Basta mantê-lo dentro da multidão e quando todo mundo estiver fazendo alguma coisa ele começará a fazer também, o seu animal saltará para a superfície. Certa vez eu estava sentado numa livraria e de repente ocorreu um levante. Do outro lado da rua havia uma loja muito bonita cheia de relógios. E as pessoas começaram a tirar os relógios. E um velho homem estava gritando bem alto, ‘Isto não é correto! Se hindus e muçulmanos estão em luta, vocês podem lutar. Mas tirar as coisas das lojas... Eu não vejo nenhuma religião nisto.’ Eu estava na livraria e o ouvia, mas ninguém estava ouvindo o velho homem. Eu conhecia aquele velho homem; nós costumávamos nos encontrar de vez em quando em nossas caminhadas matinais e conversávamos sobre alguns assuntos. Ele era um homem muito bom e tinha uma abordagem muito filosófica a respeito da vida. Ele era muçulmano e era uma multidão de muçulmanos que estava destruindo uma loja de um hindu. Quando terminaram com toda a loja, ficou restando apenas um grande relógio de parede. Ele era muito grande e ninguém quis levá-lo porque seria facilmente visto. Por onde a pessoa fosse, ele seria visto. Ele teria que ser carregado nas costas. Mesmo assim o velho homem pegou o grande relógio. Eu não pude acreditar naquilo. Eu me aproximei da loja e disse, ‘Espere! O que você está fazendo?’ Ele disse, ‘O que mais eu poderia fazer? Eles tinham levado tudo e somente restou este relógio. Assim, eu disse para mim mesmo, agora, o que fazer? Eles não me ouviram. Eu tentei de tudo para salvar a loja. Mas quando eu vi que todos os relógios já tinham sido levados, de repente um desejo cresceu em mim - O que você está fazendo aqui, de pé, como um tolo? Pegue este que sobrou e leve para casa -. E eu estou indo.’ Eu disse, Você está perfeitamente certo. Você ganhou isto. Você gritou, você fez o que pode. Você não está roubando, eu sou testemunha. Se surgir algum problema, você pode me chamar. Você fez o seu trabalho, o trabalho religioso de ensinar as pessoas. Ninguém ouviu você e o dono da loja fugiu com medo de ser morto. Agora isto é puro ganho. Você, com sua idade avançada, desperdiçou todo o seu dia. Eu posso ajudá-lo?’ |
Sorrow - Osho Zen Tarot
| Ele disse, ‘Não me faça sentir vergonha. Este relógio é tão grande e minha casa é tão distante.’ Eu disse, ‘Deixe-me ajudá-lo, do contrário você, sendo um muçulmano, pode ser pego por algum hindu. E ninguém acreditará que você comprou este relógio, numa hora desta em que as pessoas estão levando tudo da relojoaria.’ Ele disse, ‘Você está certo. Então faça uma coisa: chame um táxi, se puder. Ele é muito pesado.’ Eu disse, ‘Eu chamarei um táxi.’ Chamei um táxi. Enquanto estávamos em pé na beira da calçada, muitas pessoas se reuniram para ver o que estava acontecendo. Eu disse, ‘Não há problema algum. Ele ganhou o relógio, ele mereceu.’ Ele se sentiu tão envergonhado quando o táxi chegou e disse, ‘Não, isto não é correto. Ponha o relógio de volta, deixe-o no passeio. Alguma outra pessoa irá levá-lo.’ |
Eu disse, ‘Alguma outra pessoa irá leva-lo, não importa quem seja. Simplesmente sente-se no táxi e leve-o consigo.’ No dia seguinte, quando eu o vi na praça, disse-lhe, ‘Como vai o relógio?’ Ele disse, ‘Eu não consegui dormir por toda a noite. Ele fazia um tick-tack, tick-tack que me lembrava, - Meu Deus, eu roubei este relógio, contrariamente a toda minha filosofia e todos os meus ensinamentos religiosos -. E eu estava advertindo as pessoas. Isto não é um prêmio, isto é uma punição. E minha esposa ficou brava e disse, ‘Você ficou velho, mas na verdade é um idiota. Enquanto as pessoas estavam levando lindos relógios de pulso, você me trouxe esse tick-tack. Você não consegue nem dormir. Jogue ele fora.’ Minha esposa colocou-o na garagem e eu estou pensando de que maneira posso devolvê-lo.’ Eu disse, ‘Esta é uma boa idéia. Eu devo chamar um táxi? Mas, você não deve ir lá devolvê-lo. Eu irei, senão você será pego.’ Assim, eu fui devolver o relógio. E o homem disse, ‘Como você se envolveu nisto?’ Eu disse, ‘Esta é uma longa história. Mas nós pudemos recuperar pelo menos um: este grande relógio. Quanto aos outros, eu sei quem os levou, eu estava observando. Eu posso lhe dar alguns nomes, mas será muito difícil encontrá-los. Este aqui foi levado por um velho homem, mas a sua esposa não conseguiu agüentar esse ‘tick-tack’. Ele próprio viria trazê-lo de volta, mas eu lhe disse, ‘Isto é perigoso, ainda existe uma tensão no ar.’ Assim, apenas aceite-o de volta. Mas quando a tensão se acalmar, lembre-se que aquele velho homem tentou de tudo, mas por fim o animal saltou à superfície e quando ele viu que ninguém o estava ouvindo, ele pensou, ‘Somente eu estou perdendo, todo mundo está ganhando alguma coisa.’ Pura economia apenas. As religiões nada mais são que psicologia de massas, psicologia de multidão, e as massas ainda estão em seu estado animal. Elas ainda não são seres humanos. Existem seres humanos individuais, mas não existem multidões que sejam humanas. As multidões imediatamente escorregam, retornam e se tornam inconscientes. Assim, não existe problema para o indivíduo se tornar religioso. Você só precisa entender o que significa religiosidade: Seja agradecido à existência e curta a bela vida que o circunda. Ame, porque o amanhã não é certo. Não adie qualquer coisa bela para amanhã. Viva intensamente, viva totalmente, aqui e agora. E não há necessidade alguma de ser um muçulmano ou um hindu. E você descobrirá um tremendo êxtase crescendo. É o seu paraíso. O paraíso não está em algum lugar, onde quer que seja. O paraíso é um espaço dentro de você.” OSHO – The Osho Upanishad- Disc. 35 – pergunta n° 2 Tradução: Sw. Bodhi Champak Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça. Todos os direitos reservados. Instituto Osho - Caixa Postal 450 - 36001-970 - Juiz de Fora (MG) Tel: (32) 3232-4635 - E-mail: oshoinstituto@uol.com.br Fonte:https://www.oshobrasil.com.br/texto47.htm Pergunta: Com Gautama Buda a religião deu um salto. Deus tornou-se sem sentido e somente a meditação era importante. Agora, vinte e cinco séculos após Buda, novamente a religião está dando o salto em sua presença e tornando-se religiosidade. Por favor, fale sobre este fenômeno. O crédito de trazer um salto na religião regride vinte e cinco séculos antes de Gautama Buda para Adinatha, que foi quem pela primeira vez, pregou religião sem Deus. Isso foi uma tremenda revolução porque em nenhum lugar do mundo nunca havia sido concebido que a religião pudesse existir sem Deus. Deus era uma parte essencial – o centro – de todas as religiões: Cristianismo, Judaísmo, Maometismo. Mas para fazer de Deus o centro da religião torna o homem apenas uma periferia. Conceber Deus como criador do mundo torna o homem apenas um boneco. Eis porque em Hebreu, que é a língua do Judaísmo, o homem é chamado de Adão. “Adão” significa lama. Em Árabe o homem é chamado de “admi“; que vem da palavra Adão, novamente significa lama. Em inglês, que se tornou a língua do cristianismo, a palavra humano vem de “humus“, que significa lama. Se Deus é o criador, naturalmente, ele tem que criar a partir de alguma coisa. Ele teve que fazer o homem como uma estátua, assim, primeiro ele fez o homem da lama e depois soprou a vida nele. Mas se foi assim o homem perde toda sua dignidade e se Deus é o criador do homem e de tudo mais, a idéia toda é cômica porque o que ele esteve fazendo por toda a eternidade antes de criar o homem e o universo? De acordo com o Cristianismo, Deus criou o homem apenas quatro mil e quatro anos antes de Jesus Cristo. Assim, o que ele esteve fazendo por toda a eternidade? Isso parece cômico. Não pode haver nenhuma causa, porque para ter uma causa pela qual Deus tivesse que criar a existência significa que existem poderes acima de Deus, existem causas que podem fazê-lo criar. Ou existe a possibilidade de que subitamente brotou um desejo nele. Isso também não soa bem filosoficamente, porque por toda a eternidade ele sempre foi sem desejos. E ser sem desejos é tão glorioso que é impossível conceber que de uma experiência de eterna bem-aventurança um desejo de criar o mundo brote nele. Desejo é desejo, seja para querer fazer uma casa ou tornar-se primeiro ministro ou criar o mundo. E Deus não pode ser concebido como tendo desejos. Assim a única coisa que resta é que ele é cômico, excêntrico. Então não há necessidade de causa e nenhuma necessidade de desejo – apenas um capricho. Mas, se toda essa existência vem apenas de um capricho ela perde todo sentido, todo significado. E amanhã outro capricho pode surgir nele para destruir, para dissolver todo o universo. Assim somos simplesmente bonecos nas mãos de um Deus ditatorial que tem todos os poderes, mas que não tem uma mente sã, que é caprichoso. Para conceber isso cinco mil anos atrás, Adinatha deve ter sido um profundo meditador, contemplativo e ele deve ter chegado à conclusão que com Deus, não há sentido no mundo. Se quisermos que o mundo tenha sentido então Deus tem que ser eliminado. Ele deve ter sido um homem de tremenda coragem. As pessoas ainda estão adorando Deus nas igrejas, nas sinagogas, nos templos; mesmo assim este homem Adinatha cinco mil anos atrás chegou a uma conclusão científica precisa de que não existe nada superior ao homem e qualquer evolução que venha a acontecer será no próprio homem e em sua consciência. Este foi o primeiro salto – Deus foi eliminado. Adinatha é o primeiro mestre do Jainísmo. O crédito não vai para Buda porque Buda vem vinte e cinco séculos depois de Adinatha. Mas outro crédito vai para Buda. Adinatha eliminou Deus, mas não conseguiu pôr a meditação em seu lugar. Pelo contrário, ele criou asceticismo, austeridades, torturando o corpo, jejuando, despindo-se, comendo apenas uma vez por dia, não bebendo à noite, comendo apenas certos alimentos. Ele chegou a uma bela conclusão filosófica, mas parece que a conclusão era somente filosófica, não era meditativa. Quando você depõe Deus você não pode ter nenhum ritual, você não pode ter adoração, você não pode ter oração, algo tem que ser substituído. Ele substituiu por austeridades, porque o homem tornou-se o centro de sua religião e o homem tem que se purificar. Pureza em seu conceito era de que o homem tinha que se separar do mundo, tinha que se separar de seu próprio corpo. Isso distorceu a coisa toda. Ele chegou a uma conclusão muito significativa, mas isso permaneceu apenas um conceito filosófico. Adinatha depôs Deus mas deixou um vácuo e Buda o preencheu com a meditação. Adinatha criou uma religião sem Deus; Buda criou uma religião meditativa. Meditação é a contribuição de Buda. A questão não é torturar o corpo; a questão é tornar-se mais silencioso, tornar-se mais relaxado, tornar-se mais pacífico. É uma jornada interior até alcançar nosso próprio centro da consciência e o centro de nossa própria consciência é o centro de todo o universo. Vinte e cinco séculos se passaram novamente. Assim como o conceito revolucionário de Adinatha de uma religião sem Deus perdeu-se no deserto de austeridades e auto-torturas, a idéia de meditação de Buda – algo interior, que ninguém mais pode ver; só você sabe onde você está, só você sabe se você está progredindo ou não – perdeu-se noutro deserto e esse foi no da religião organizada. A religião diz que não pode confiar em simples indivíduos, estejam eles meditando ou não. Eles precisam de comunidades, mestres, monastérios, onde eles possam viver juntos. Aqueles que se encontram num nível mais elevado de consciência podem observar os outros e ajudá-los. Tornou-se essencial que a religião não deve ser deixada nas mãos de indivíduos, elas deveriam ser organizadas e deveriam estar nas mãos daqueles que atingiram o ponto mais elevado da meditação. No começo era bom; quando Buda estava vivo, muitas pessoas atingiram a auto-realização, a iluminação. Mas quando Buda morreu e estas pessoas também morreram, a própria organização que deveria ajudar as pessoas a medita, caiu nas mãos dos sacerdotes e em lugar de ajudar você a meditar eles começaram a criar rituais ao redor da imagem de Buda. Buda tornou-se outro Deus. Adinatha depôs Deus, Buda nunca aceitou a existência de Deus, mas esses sacerdotes não podem existir sem Deus. Assim pode não haver um Deus que seja um criador, mas Buda alcançou a divindade. Para os outros a única coisa é adorar o Buda, ter fé no Buda, seguir os princípios do Buda, viver a vida de acordo com sua doutrina; e Buda se perdeu na organização, na imitação. Mas todos eles esqueceram o básico, que era a meditação. Todo meu esforço é criar uma religião sem religião. Temos visto o que aconteceu com as religiões que tinham Deus como centro. Temos visto o que aconteceu com o conceito revolucionário de Adinatha, religião sem Deus. Temos visto o que aconteceu com Buda – religião organizada sem Deus. Agora meus esforços são – assim como eles dissolveram Deus – dissolvam também a religião. Deixem apenas a meditação, então ela não poderá ser esquecida de maneira nenhuma. Não há nada que possa substituí-la. Não há nenhum Deus e não há nenhuma religião. Por religião quero dizer uma doutrina organizada, credo, ritual, sacerdócio. E pela primeira vez, quero que a religião seja absolutamente individual, pois toda a religião organizada, seja com Deus ou sem Deus, tem iludido a humanidade. E a única causa tem sido organização, porque a organização tem seus próprios meios que vão de encontro à meditação. A organização é realmente um fenômeno político, não é religioso. É outro caminho para o poder e de desejo pelo poder. Agora todo padre cristão espera algum dia tornar-se ao menos um bispo, depois tornar-se cardeal, depois tornar-se papa. Essa é a nova hierarquia, uma nova burocracia e porque é espiritual ninguém objeta. Você pode ser um bispo, você pode ser um papa, você pode ser qualquer coisa. Isso não é objetável porque você não vai obstruir a vida de ninguém. É apenas uma idéia abstrata. Meu esforço é para destruir completamente o sacerdócio. Isso permaneceu com Deus, isso permaneceu com a religião sem Deus, o único jeito é que deveríamos depor Deus e a religião juntos para que não haja possibilidade de nenhum sacerdócio. O homem é absolutamente livre, totalmente responsável por seu próprio crescimento. Meu sentimento é que quanto mais o homem for responsável pelo seu próprio crescimento, mais difícil é para ele adiar o crescimento por mais tempo. Pois isso quer dizer que se você for miserável, você é o responsável. Se você for tenso, você é o responsável. Se você não está relaxado, você é o responsável. Se você está sofrendo, você é a causa disso. Não há nenhum Deus, não há nenhum sacerdócio que você possa ir e pedir algum ritual. Você é deixado sozinho com sua miséria e ninguém deseja ser miserável. Os padres continuam lhes dando ópio, eles vão lhes dando esperança. “Não se preocupem, é apenas um teste da sua fé, de sua confiança e se você pode passar por esta miséria e sofrimento silenciosa e pacientemente, no outro mundo além da morte, você será imensamente recompensado”. Se não existir nenhum sacerdócio você terá que compreender que o que quer que você seja, você é responsável por isso, ninguém mais. E o sentimento de que “Eu sou responsável pela minha miséria” abre a porta. Depois você começa a procurar por métodos e meios de sair fora desse estado miserável e isso é o que a meditação é. É simplesmente o oposto do estado de miséria, sofrimento, angústia, ansiedade. É um estado de florescimento de um ser pacífico, feliz, tão silencioso e tão intemporal que você não pode conceber que algo melhor seja possível. E não há nada melhor que o estado de uma mente meditativa. Assim você pode dizer que esses são os três saltos: Adinatha depõe Deus porque ele descobre que Deus está ficando pesado demais para o homem; em lugar de ajudá-lo em seu crescimento, ele tornou-se um peso – mas ele esquece de substituí-lo com algo. O homem precisará de algo em seus momentos miseráveis, em seu sofrimento. Ele costumava orar para Deus. Você eliminou Deus, você eliminou a oração deles e agora quando ele se sentir miserável, o que ele fará? No Jainismo não há lugar para a meditação. Foi um insight de Buda perceber que Deus foi deposto; agora o vazio deve ser preenchido, senão o vazio irá destruir o homem. Ele colocou a meditação – algo realmente autêntico, que pode transformar todo o ser. Mas ele não estava ciente – talvez ele não pudesse estar ciente porque existem coisas que você não pode estar ciente delas a menos que elas aconteçam – de que não houvesse nenhuma organização, de que não houvesse nenhum sacerdócio, de que assim como Deus se foi, a religião também teria que desaparecer. Mas ele pode ser perdoado porque ele não pensou sobre isso e não havia um passado para ajudá-lo a enxergar isso, aconteceu depois dele. O problema real é o sacerdote, e Deus é uma invenção do sacerdote. Se você eliminar o sacerdote, você pode eliminar Deus, mas os padres sempre encontrarão novos rituais, eles criarão novos deuses. Meu esforço é deixá-lo só com a meditação sem nenhum mediador entre você e a existência. Quando você não está em meditação você está separado da existência e este é o seu sofrimento. É o mesmo que quando você fisga um peixe do oceano e o joga numa caixa – a miséria, o sofrimento e a tortura pela qual ele passa, o desejo e o esforço para voltar ao oceano porque ele é de lá. Ele é parte do oceano e não pode permanecer separado. Qualquer sofrimento está simplesmente indicando que você não está em comunhão com a existência; que o peixe não está no oceano. A meditação não é nada senão a retirada de todas as barreiras, pensamentos, emoções, sentimentos, que criam um muro entre você e a existência. No momento em que estes são abandonados subitamente você descobre a si mesmo em sintonia com o todo; não somente em sintonia, você realmente descobre que você é o todo. Quando uma gota de orvalho escorrega de uma folha de lótus no oceano, ela não acha que é parte do oceano, ela acha que ela É o oceano. E achar isso é a meta suprema , a suprema realização, não há nada além disso. Portanto, Adinatha depôs Deus, mas não depôs a organização. E porque não havia nenhum Deus, a organização criou o ritual. Buda, vendo o que aconteceu ao Jainísmo, que tinha se tornado um ritualismo, abandonou Deus. Abandonou todos os rituais e simplesmente insistiu na meditação, mas ele esqueceu que os sacerdotes que criaram o ritual no Jainísmo iram fazer o mesmo com a meditação. E eles o fizeram, transformaram o próprio Buda em um Deus. Eles falam sobre meditação mas os Budistas são basicamente adoradores de Buda – Eles vão ao templo e ao invés de Krishna ou Cristo há uma estátua de Buda. Não havia nenhuma estátua de Buda por quinhentos anos depois de Buda. Nos templos budistas eles têm somente a árvore sob a qual Buda tornou-se iluminado, gravada no mármore, apenas um símbolo. Buda não estava lá, somente a árvore. Você ficará surpreso de saber que a estátua de Buda que vemos hoje não possui nenhuma semelhança com a personalidade de Buda, se assemelha com a personalidade de Alexandre, o Grande. Alexandre, o Grande veio para a Índia trezentos anos depois de Buda. Até então não havia nenhuma estátua de Buda. Os sacerdotes estavam buscando pois não havia nenhuma fotografia, não havia nenhuma pintura, então como fazer uma estátua de Buda? E a face de Alexandre parecia realmente um super-homem, ele tinha uma bela personalidade, a face e a psicologia Grega; eles pegaram a idéia da face de Buda e o corpo de Alexandre. Assim todas as estátuas que estão sendo adoradas nos templos Budistas são estátuas de Alexandre, o Grande, elas não tem nada a ver com Buda. Mas os sacerdotes tinham que criar uma estátua – Deus não estava lá. Rituais eram difíceis. Em torno da meditação os rituais eram difíceis. Eles criaram a estátua e começaram a dizer – do mesmo jeito que todas as religiões estiveram fazendo – tenham fé em Buda, confiem em Buda, e vocês serão salvos. Ambas revoluções ficaram perdidas. Eu gostaria que o que estou fazendo não se perca. Assim, estou tentando de todas as maneiras possíveis abandonar todas essas coisas que no passado foram barreiras para a revolução continuar e crescer. Não quero que ninguém fique entre o indivíduo e a existência. Nenhuma oração, nenhum sacerdote, você sozinho é suficiente para encarar o nascer do sol, você não precisa de alguém interpretar para você como o nascer do sol é belo. Dizem que toda manhã Lao Tzu costumava passear nos montes. Um amigo lhe perguntou, Posso ir um dia com você? Eu particularmente gostaria de vir amanhã, porque tenho um hóspede que está muito interessado em você e ele será imensamente grato de ter a oportunidade de estar com você por duas horas nas montanhas. Lao Tzu disse: Não tenho objeções, apenas uma coisa simples deve ser lembrada. Não quero que coisa alguma seja dito porque tenho meus olhos, você tem seus olhos, ele tem os olhos dele, podemos ver. Não há necessidade de falar nada. O amigo concordou, mas no caminho, quando o sol começou a nascer, o hóspede esqueceu. Estava tão bonito ao lado do lago, o reflexo de todas as cores, os pássaros cantando e os lótus florescendo, brotando, ele não pode resistir, ele esqueceu. Ele disse, Que belo nascer do sol. Seu anfitrião ficou chocado porque ele havia quebrado a condição. Lao Tzu não disse nada, nada foi dito então. De volta em casa ele chamou seu amigo e lhe disse, “não traga mais seu hóspede. Ele é muito tagarela”. O nascer do sol estava lá, eu estava lá, ele estava lá, você estava lá – qual a necessidade de dizer algo, qualquer comentário, qualquer interpretação? E esta é a minha atitude: você está aqui, todo indivíduo está aqui, toda existência está disponível. Tudo que você precisa é apenas ficar em silêncio e escutar a existência. Não há nenhuma necessidade de qualquer religião, não há necessidade de qualquer Deus, não há necessidade de qualquer sacerdócio, não há necessidade de qualquer organização. Eu confio categoricamente no indivíduo. Ninguém até agora tinha confiado no indivíduo dessa maneira. Depois todas as coisas podem ser removidas. Agora tudo que restou para você é um estado de meditação, que simplesmente significa um estado de silêncio absoluto. A palavra meditação a faz parecer mais pesada. É melhor chamá-la apenas de um simples, inocente silêncio, e a existência abre toda sua beleza para você. E à medida que isso vai crescendo, você vai crescendo, e chega o momento quando você alcançou o pico da sua potencialidade – você pode chamar isso de estado Búdico, iluminação, bhagwatta, divindade, qualquer que seja, isso não tem nome, então qualquer nome servirá. Osho; The Last Testament, Vol. 5, Cap. 16 Fonte:https://www.saindodamatrix.com.br/osho-nao-deus/ Crenças
Tente penetrar cada palavra... O Mestre diz...
Não acredito em acreditar. Ninguém pergunta: “Você acredita na rosa?” Não há necessidade. Você pode ver; a rosa está aí ou não. Somente ficções, e não fatos precisam que acreditemos neles.
Tente perceber... A crença é confortável e conveniente; ela embota – deixa a pessoa insensível, sem energia. Ela é uma espécie de droga; torna-o um zumbi. Um zumbi pode ser cristão, hindu, muçulmano – mas todos eles são zumbis com diferentes rótulos. E às vezes eles ficam enjoados de um rótulo, então o mudam: o hindu se torna cristão, o cristão se torna hindu – um novo e diferente rótulo, porém, por trás do rótulo, o mesmo sistema de crença. Destrua suas crenças! Certamente isso será desconfortável, inconveniente, mas não se alcança nada valioso sem inconveniências. Perceba... Não se pode manipular uma pessoa integrada através destas estratégias infantis e estúpidas: “Se você fizer isso, atingirá o céu e todos os seus prazeres; se fizer aquilo, cairá no inferno e sofrerá eternamente.” A pessoa integrada simplesmente rirá de todos esses absurdos. Ela não tem medo do futuro – você não pode criar o inferno pra ela; ela não tem ambição quanto ao futuro – você não pode criar o céu. Ela não precisa de proteção, ninguém para guiá-la, ninguém para levá-la a lugar algum. Ela não tem objetivos, motivações. Cada momento é tão completo que ela não está esperando para ser completada por um outro momento que virá em algum período, nesta vida ou talvez na próxima. Cada momento é cheio, repleto, transbordante, e tudo o que ela conhece é uma imensa gratidão para com esta bela existência. Mas isso ela também não diz, pois a existência não compreende a linguagem. Esta gratidão é seu próprio ser. Assim, há gratidão em tudo o que ela faz. Se ela não estiver fazendo coisa alguma, se estiver apenas sentada em silêncio, a gratidão também estará presente. Neste estado você é responsável por tudo o que você é. Se você está infeliz, você é responsável. Não jogue a responsabilidade sobre ninguém, do contrário você jamais se livrará da infelicidade. Quando você aceita completamente toda a sua responsabilidade, você se torna maduro. Sendo assim, qualquer um que vive de acordo com uma regra está destruindo a si mesmo, envenenando-se, pois a regra foi encontrada por alguém que não era você, alguém que você nunca será – foi encontrada em alguma época e algum espaço que não são a sua época e o seu espaço. É muito perigoso seguir essa regra. Você tirará sua vida de seu centro, de sua base. Ao tentar se moldar, você somente deformará a si mesmo. Nunca jogue o jogo de ninguém: faça suas próprias regras. Osho
Fonte:https://blogdoosho.blogspot.com/2011/10/crencas.html
Deus Versus ExistênciaOsho, O que é a existência? É aquilo que as pessoas chamam de Deus? A existência é o que é e Deus é aquilo que não é. A existência é uma realidade, Deus é uma ficção. A existência está disponível somente para meditadores, pessoas de silêncio. Deus é uma consolação para mentes e psicologias enfermas. A existência não é sua invenção – Deus é. Eis por que há somente uma existência, mas milhares de deuses. Cada um de acordo com suas necessidades, de acordo com o seu sofrimento, suas expectativas, cria-se um deus ou se aceita uma antiga crença sobre Deus. Deus é uma grande consolação, mas isso não é uma cura. A existência não é uma consolação. Estar em sintonia com ela é estar saudável e integral. Todas as religiões do mundo têm ensinado Deus. Eu ensino a vocês a existência. Ensino estar em sintonia com aquilo que o circunda, que está dentro e fora de você. Uma vez que você está em sintonia com ela, não existe morte para você, nenhuma miséria, nenhuma tensão, nenhuma preocupação, mas uma tremenda paz lhe cerca, um contentamento com o qual você nunca sonhou .. Deus é para aqueles que não podem crescer em consciência, que são retardados no que se refere à consciêcia. Esse é um tipo de brinquedo, pessoas retardadas precisam disso. E no momento que digo que isso é um brinquedo, então depende de você de como quer usá-lo – semelhante a um macoco ou semelhante a um elefante. Só depende de você dar a ele quatro mãos ou mil mãos. Essa é sua criação. Bastante estranho, o homem acreditar que deus criou tudo. A verdade é que o próprio Deus é uma criação da imaginação do homem. Deus é a maior mentira que você pode encontrar, pois dessa mentira depende milhares de outras mentiras. Igrejas, organizações religiosas vão multiplicando mentiras sobre mentiras, só para proteger uma mentira. Você precisa entender a psicologia da mentira. A primeira coisa sobre mentir é que você necessita de uma boa memória porque você tem que lembrar. Você mente para alguém sobre alguma coisa, para outra pessoa sobre outra coisa; você tem que se lembrar o que você disse a um e o que disse a outra. A verdade não necessita de lembrança. A verdade está sempre aí, exatamente a mesma. Você não precisa abarrotá-la em sua memória. A memória cria uma servidão, uma prisão, ela se apega ao seu redor, encobrindo tanto, que lentamente, aos poucos, você desaparece completamente. A verdade o desencobre de todas as mentiras. E há uma súbita revelação de que você é parte da imensa verdade que estou chamando de existência. Você não necessita de igrejas, não precisa de nenhum templo, de nenhuma mesquita; você só precisa de um coração devoto, de um coração amoroso, de um coração grato. Esse é seu verdadeiro templo. Isso irá transformar sua vida inteira. Isso irá o ajudar a descobrir não somente você mesmo, mas as próprias profundezas dessa imensa existência. Somos quase como as ondas do oceano – apenas na superfície, e o oceano pode ter milhas de profundidade. O Oceano Pacífico tem 5 milhas de profundidade. Contudo, uma pequena onda no topo jamais conhecerá a profundeza – sua própria profundeza, porque ela não está separada do oceano. Ela irá apegar-se a sua pequena entidade, temer sobre a morte, temer perder a si mesma na vastidão, o oceano infinito. Mas a verdade é: a morte da onda não é uma morte, mas o princípio de uma vida eterna. Deus foi inventado. Era uma necessidade do povo. As pessoas precisavam de um protetor. Na imensidão do universo, um homem se sente tão sozinho, tão pequeno. A vastidão gera tremor nele. Que é sua existência? Estou me lembrando de uma história de Bertrand Russel. O arcebispo da Inglaterra vê em um sonho que ele havia alcançado os portões de pérola do paraíso. De um lado ele está imensamente satisfeito, e por outro lado está muito perturbado, pois os portões do paraíso são tão vastos, em ambas as direções, tanto que ele não pode ver todo o portal. Este é tão alto que está acima da capacidade de seus olhos de ver. E ele mesmo se sente como uma pequena formiga, comparado a este grande portal. Ele está um pouco assustado. Ele não é um homem comum, é o arcebispo da Inglaterra. Ele se sente humilhado só pelo portão, e surge o medo, “Se esta é a situação no portão, qual vai ser a situação lá dentro?” Com as mãos temerosas ele bate na porta, mas na imensidão daquele espaço somente ele pode ouvir sua batida. Isso leva dias, mas ele continua batendo cada vez mais forte. Finalmente uma pequena janela se abre no portal e São Pedro olha para fora com mil olhos, tentando decifrar quem esteve fazendo barulho. Estes mil olhos são tão brilhantes, como as estrelas, que o arcebispo se sente ainda mais reduzido – quase uma não-entidade. E São Pedro pergunta: “Por favor, quem quer que seja, onde quer que esteja, apareça na minha frente.” O arcebispo se declara. Ele diz a São Pedro: “Talvez você não me conheça. Você pode checar com Jesus Cristo, sou o arcebispo da Inglaterra.” São Pedro diz: “Nunca ouvi falar dessa tal de Inglaterra.” O arcebispo diz: “Talvez você não tenha ouvido falar da Inglaterra, mas deve ter ouvido sobre o nosso lindo planeta Terra.” São Pedro diz: “Não quero ferir seus sentimentos, mas a menos que me dê o número index de sua Terra, não posso saber do que você está falando. Terei que ir a biblioteca e olhar – se você me fornecer o número no index – a que sistema solar você pertence, pois há milhões de sistemas solares e cada sistema solar possui muitos planetas.” Mas o arcebispo nunca havia pensado que a terra tinha algum número catalogado. Ele diz: “Não conheço nenhum catálogo, mas sou o arcebispo. Apenas vá e diga a Jesus Cristo.” Ele diz: “Você está me dando um enigma após outro. Quem esse cara Jesus cristo? O arcebispo fica muito chocado. Ele diz: “Você não conhece Jesus Cristo, o único filho amado de Deus?” São Pedro diz: “Quanto a mim, nunca vi Deus. Nem mesmo sei se ele existe ou não. Sou apenas um porteiro. Talvez em algum lugar nas partes mais recônditas do paraíso alguém exista que pensa que ele é Deus, mas eu nunca encontrei…” É um tal choque que o arcebispo acorda suando. A história é significante pois mostra quão pequenos somos e quão grande é o universo. Naturalmente o homem primitivo não era capaz de ajustar-se a idéia dessa vastidão do universo sem dar a isso alguma personalidade e sem fazer ele mesmo de algum modo relacionado a essa personalidade. Deus foi um esforço da mente primitiva do homem para dar uma personalidade a existência. Então ele tornou-se Deus pai. Assim você pode ter algum relacionamento com ele. Você pode até ser contra ele, mas pelo menos existe alguém que você pode ser a favor, que você pode ser contra, há alguém que é maior do que você, que irá lhe proteger, que é sua garantia. Deus é simplesmente a pobreza da consciência humana. As pessoas que alcançaram sua consciência interior e seu pico mais alto, como Gautama Buda, negaram a existência de Deus. Qualquer um que tenha se tornado interiormente saudável, ido além da mente a qual é basicamente doente, negou Deus. Deus como uma ficção é bom para o jardim de infância de uma escola . Elas precisam disso – parábolas, fábulas, estórias. Mas bem poucos seres humanos foram além do jardim de infância da escola. Deus existe porque você não está cônscio de si mesmo. Deus existe porque você não teve qualquer contato com seu próprio centro. No momento que você conhece a si mesmo, não há nenhum deus e não há qualquer necessidade de algum Deus. De fato, estou em absoluto acordo com Friedrich Nietzsche: “Deus está morto.” A segunda parte da sentença dele é ainda mais significativa: “Deus está morto e agora o homem está livre.” Esta segunda parte não recebeu muita atenção dos filósofos, dos místicos, dos psicólogos, mas a segunda parte é a mais importante, a primeira parte não é tanto. De fato, a primeira parte está basicamente errada. Deus não pode morrer – ficções jamais morrem. No hora que você sabe que são ficções não há a questão da morte deles. Nem eles nasceram, nem vão morrer. Deus nunca nasceu em primeiro lugar – como pode ele morrer? Morte é o outro extremo do nascimento. Assim a primeira parte não é muito importante, mas a essa tem sido dado muita importância pelos teólogos, pois eles ficaram com medo: “Isto é sacrilégio, dizer ao povo que Deus está morto. Isso significa que agora nenhuma religião é necessária: “Eles ficaram com medo por causa do próprio negócio deles. Mas esqueceram a segunda parte que é mais importante. Isso tem implicações imensamente significantes. Isso significa que Deus era uma escravidão. Deus era um retardamento, Deus procedia do medo. Deus não era um tesouro, mas um peso montanhoso sobre seu coração e sobre seu crescimento. Deus uma vez removido, a possibilidade do homem de crescer e florescer fica absolutamente livre. Deus é um déspota, um facista. Sem Deus, o mundo fica livre. Existência fornece uma imensa dignidade a cada indivíduo. Desde a menor folha de grama até a maior estrela no universo ele dá imensa importância e amor. Ele não faz qualquer diferença. Há igualdade e mesma oportunidade. E não é preciso de desnecessáriamente orar e perder seu tempo, para ler as escrituras sagradas, os quais são os livros mais profanos do mundo. Não há necessidade de ser explorado pelos padres. Você fica certamente e subitamente livre de todas essas cadeias. Agora você pode ser você mesmo. Enquanto Deus estiver na existência você nunca pode ser você mesmo. Você é somente um boneco, suas cordas estão nas mãos de Deus. O antigo ditado na India é que nem mesmo uma pequena folha de uma árvore move-se a menos que a ordem de Deus seja recebida para que esta se mova. O que quer que você seja, de acordo com as religiões, você é feita da lama. A palavra “humano” vem de humus, o qual significa lama. E a palavra em Hebreu, Arabe, Urdu e Hindi, é admi - esta é usada como o nome do primeiro homem, Adão. Admi quer dizer a terra, barro. Deus fez o homem da terra e depois soprou vida no boneco. Agora, que espécie de liberdade você tem? Alguém soprou a vida em você, e está nas mãos dele parar de soprar vida em você a qualquer momento. O que quer que você esteja fazendo, as religiões acreditam que esse é seu destino, está escrito na sua testa. E tem havido muitos homens que tem mesmo tentado ler o que está escrito na sua testa. Astrólogos, leitores da sorte, todo tipo de pessoas espertas têm estado explorando a simplicidade e inocência da humanidade. Existem pessoas que está lendo suas mãos, olhando para as linhas, lhe dizendo o que estas linhas significam. Toda a ênfase é que você não está vivendo uma vida sua mesmo, você é somente uma parte no drama, e a parte que você está desempenhando foi dcidida diante mão. Esse foi o argumento que a incarnação do Deus indiano, Krishna – na grande guerra da India, Mahabbarata – deu ao seu discípulo Arjuna. Vendo o imenso massacre que estava para acontecer, Arjuna simplesmente perdeu os nervos. Ele era um homem de muita coragem e grande inteligência. Ele disse: “Não vejo nenhum sentido nessa guerra. Mesmo que eu vença… e tenho certeza que vou vencer” – não havia nenhum outro guerreiro com suas qualidades – “Mas sentar no trono dourado da vitória cercado de cadáveres de todos os meus amigos e de todos os meus inimigos, de todas as pessoas bonitas, não me apela de jeito nenhum. A cena me faz sentir doente. Em vez de lutar, vou deixar o trono para a outra parte – que é ninguém menos que meu primo-irmão. Deixe que ele governe o país inteiro e irei para as montanhas, para os Himalaias meditar, tornar-se um saniasin. Perdi todo interesse em lutar.” Krishna tenta de toda maneira persuadí-lo, mas Arjuna é um grande intelectual, ele continua discutindo com ele. Finalmente não tendo outro jeito, Krishna tira o último recurso e diz: “Está escrito em seu destino. Afastando-se disso, você estará afastando-se de Deus. Esta guerra está predeterminada por Deus para destruir aqueles que não são virtuosos e deixar sobreviver apenas aqueles que são virtuosos.”Agora não há mais argumentos contra isso pois o próprio Arjuna acredita em Deus e no destino. Arjuna lutou a guerra. Krishna foi responsável, cinco mil anos passados, por destruir esse país dando a Arjuna um falso argumento, absolutamente fictício. Essa guerra matou tanta gente. E não é somente que tenha matado tanta gente, também destruiu a coragem da nação; esta ficou com medo de qualquer pequena calamidade. Dois mil anos de escravidão… Eu quero deixar absolutamente claro que as pessoas responsáveis por estes dois mil anos de escravidão são as maiores figuras da Índia. A lista é encabeçada por Krishna; Arjuna é somente a sombra dele. Depois vem Mahavira, que ensinou ao povo a ser não-violento a um tal extremo que seus seguidores não podiam nem mesmo cultivar, pois as plantas têm vida. Se você cultivá-las terá que matar as plantas quando colher a safra. Gautama Buda é o terceiro, que ensinou ao povo a aceitar, a ficar contente com o que quer que tenham – pobre, faminto, escravizado, permanecem totalmente contentes. Seus ensinamentos eram ótimos. Isto é algo para ser lembrado; do contrário eu serei mal entendido por todos. O ensino deles era grande, mas eles nunca pensaram sobre todas as implicações dos seus ensinamentos. Nunca pensaram que se você ensina não-violência a uma nação, se você ensina um país a depor todas as armas, quando o mundo inteiro não está fazendo isso, então você está pondo aquele país num estado para ser vitimado, explorado por qualquer um. E por dois mil anos invasor após invasor vieram para a India, exploraram-na e foram embora. Finalmente os Maometanos chegaram e pensaram: “Qual a necessidade de retornar? Nós podemos não somente explorar o povo, mas governá-los e permanecer aqui.” E depois vieram os Britânicos e os Franceses e os Portugueses, e todos tentaram explorar a nação. Todos eles tinham seus pequenos bolsões. Os Britânicos mostraram ser os mais espertos. Mas os Portugueses tinham suas pequenas ilhas de Diu, Damam e Goa, e os Franceses timham pequenas porções do país, Pondicherry. Os Britânicos tinham o país inteiro. O povo permaneceu desnutrido e faminto, e as pessoas continuaram morrendo devido a fome e ninguém nunca pensou que estes grandes princípios de alguma maneira são responsáveis por essa infeliz situação que por milhares de anos a India teve que passar. E mesmo hoje ninguém está tentando ver todas as implicações. Cada grande princípio tem sua própria nuvem escura por trás dele. E a menos que você também entenda a nuvem escura, você será logo absorvido pela nuvem escura. Se você entendê-la, você pode evitá-la. Deus parece ser o maior princípio que tem sido pregado ao homem através dos tempos, mas ninguém olhou para as implicações disso Se Deus criou o homem então ele não possui nenhuma individualidade dele mesmo, então ele não pode reivindicar nenhuma dignidade, nenhuma liberdade. Não há a questão de um boneco declarar: “Eu quero ser livre.” Se Deus criou o universo, então o que quer que tenha acontecido no universo tinha que acontecer. Era a vontade de Deus. Nenhum esforço de nossa parte iria mudar coisa nenhuma. E finalmente você pode ver: se Deus criou o mundo, e se ele estiver por trás das armas nucleares e das pessoas que as estão criando, então nenhum esforço da parte do homem pode evitar a destruição do planeta inteiro. Dar a criação do mundo nas mãos de um Deus fictício é muito perigoso. Isto nos faz absolutamente impotentes. Nada podemos fazer. Desse modo, meu simples entendimento de consciência é que se Deus não morreu com a declaração de Friedrich Nietzache, então temos que matá-lo! Onde quer que você o encontre, não há necessidade nem de dizer alô. Primeiro mate-o e depois você pode dizer alô – apenas para cumprir a formalidade. Mas Deus não é necessário de jeito nenhum. Com Deus em cima no céu, o homem irá sempre permanecer um escravo. E o homem irá sempre permanecer inconsciente, e ele nunca irá lutar para alcançar os picos de seu potencial. Com deus removido você pode sentir um pouco de medo – devido ao velho hábito – mas esse medo irá desaparecer. Uma vez que você reconhece que está posicionado sobre seus próprios pés e que você tem que fazer alguma coisa para criar uma melhor perceptividade em você, para criar um coração mais amoroso em você, que a oração é inútil, não há ninguém para respondê-las… Sim, às vezes elas tem sido respondidas. Pelo menos uma vez, certamente…. Um homem pobre pedia a Deus por meses continuamente: “Dê-me cinquenta dólares. Eu não quero muito, apenas cinquenta dólares.” Primeiro ele orou, mas depois ele pensou: “Milhões de pessoas estão rezando, e só existe um Deus e milhões de rezadores. Se minha pobre oração alguma vez chega até ele… E deve haver tanto barulho ao redor dele – rezadores de todas as igrejas, de todas as mesquitas, de todas as sinagogas, de todos os templos – quem vai cuidar de mim? É melhor escrever uma carta.” Ele escreveu uma carta dizendo: “Esta é para lhe lembrar que por meses tenho estado orando, mas a resposta não veio. Parece que minha oração não chegou até você. Eu posso entender, devido ao barulho de tantos rezadores ao seu redor. E grandes pessoas estão orando – o papa, o arcebispo e o shankaracharya – então quem vai se preocupar com minha pequena oração? E não estou pedindo muito – nenhum paraíso, nenhum céu, nada, somente cinquenta dólares. Finalmente decidi escrever a carta.” E ele escreveu com letras grandes, “Cinquenta Dólares! Lembre-se, é urgente!” Mas então ele ficou muito perturbado, pois não sabia o endereço, não sabia para quem enviar a carta. Ele pensou: “A melhor maneira é endereçar a carta a Deus, aos cuidados do chefe dos correios. Se o chefe dos correios não puder achar seu endereço, quem mais pode?” A carta chegou ao chefe dos correios. Ele olhou, riu, e também ficou triste. Ele pensou: “O homem deve estar desesperado – ninguém escreve cartas para Deus. E ele não está pedindo muito.” Então ele falou para todos os amigos: “Por favor, olhem para a carta deste pobre homem. Todos vocês contribuam e mandaremos estes cinquenta dólares para ele. Ao menos uma vez deixem uma oração ser respondida.” Eles recolheram o dinheiro, mas só conseguiram quarenta e cinco dólares. O encarregado dos correio disse: “Sem problemas, pelo menos devemos mandar esse tanto.” Quando os quarenta e cinco dólares chegaram nas mãos do homem ele contou o dinheiro, e olhou para cima e gritou: “Deus, lembre-se de uma coisa. Da próxima vez que mandar algum dinheiro para mim, nunca use os correios! Aqueles companheiros espertos tiraram a comissão deles. Eu só recebi quarenta e cinco dólares!” Exceto essa, eu nunca encontrei qualquer oração que tenha sido respondida – e essa também não completamente. Não há ninguém para responder. A existência precisa ser abordada de um modo diferente. Deus precisa ser adorado, precisa ser louvado. A existência só pode ser contatada através da meditação. Só existem dois tipos de religiões no mundo: a religião da oração e a religião da meditação. Você pode ver meu ponto. As religiões da oração todas acreditam em deus e as religiões da meditação não acreditam em nenhum deus. Porque a meditação o leva para dentro e o preenche, não há qualquer necessidade de orar, não há necessidade de nenhuma consolação. Você se encontra em um tal regozijo, em um tal estado de êxtase. Você pode abençoar o mundo inteiro. Eu ensino a existência e a entrada para a existência é através de seu próprio ser. Dessa forma meditação não é oração – lembre-se, meditação é contra a oração. Oração é parte daquele falso jargão sobre deus, paraíso, inferno. Oração é parte e parcela de daquele lixo todo. Meditação é simplesmente o único caminho puro de fazer contato com a existência. E este contato imediatamente se torna uma fusão e uma dissolução. Você mesmo se torna a existência. Então você está nas nuvens e você está nas estrelas e você está nas flores e você está na chuva. Você está em toda parte. Você não é mais uma gota, você se tornou o oceano. Lembre-se da clara distinção entre existência e Deus. Deus é uma condenação de nossa inteligência. Isso é aceitar humilhação, isso é aceitar que: “Somos apenas bonecos; você é o poder. Seja lá o que você queira fazer conosco você fará. Tudo que podemos fazer é rezar.” Isto lhe faz tão aleijado. A própria idéia de Deus é nauseante. Mas existência tem uma frescura, beleza e verdade. Nunca faça confusão com essas duas palavras. Uma é realidade, a outra é simplesmente ficção. Osho, Hari Om Tat Sat, Number 9
Fonte:https://www.osho.com/pt/read/osho/vision/god-versus-existence#:~:text=Deus
Deus está morto. E o homem está livre... Pra quê? Penetre cada palavra Deus está morto. E o homem é livre... Para quê?
Só pode existir Deus ou a liberdade; ambos não podem existir ao mesmo tempo. Esta é a implicação básica da frase de Nietzsche: “Deus está morto; portanto o homem é livre”. Primeiramente gostaria de discutir a afirmação de Nietzsche. Todas as religiões acreditam que Deus criou o mundo e também a humanidade. Mas se você é criado por alguém, é apenas uma marionete, não tem alma própria. Se você é criado por alguém, ele pode acabar com a sua existência a qualquer momento. Ele não lhe perguntou se você gostaria de ser criado nem perguntará: “Você quer ser eliminado?” Caso você aceite a ficção de que ele criou o mundo e também a humanidade, Deus é o maior dos ditadores. Se Deus é uma realidade, o homem é um escravo, um fantoche. Todos os fios estão sob o comando dele, até a sua vida. Nesse caso, não existe a questão da Iluminação. Não existe a questão de existir um Gautama, O Buda ou um Jesus, pois não existe liberdade alguma. Ele puxa as cordas, você dança; Ele puxa as cordas, você chora; Ele puxa as cordas e começa os assassinatos, o suicídio, a guerra – Você é apenas uma marionete, Ele é o manipulador. Então não existe a questão do pecado ou virtude, nem pecadores e santos. Nada é bom e nada é mau, porque você é apenas um fantoche. Um fantoche não pode ser responsável por suas próprias ações. Responsabilidade pertence a alguém que tem liberdade de ação. Esta é a implicação básica da frase de Nietzsche: Deus está morto; portanto o homem é livre. A declaração de Nietzsche limita-se somente a uma face da moeda. Ele está perfeitamente certo, mas esqueceu de uma coisa, pois sua afirmação é baseada na racionalidade, lógica e intelecto e não em meditação. O homem é livre, mas livre para quê? Essa liberdade seria totalmente licensiosa. Você remove Deus e deixa o homem completamente vazio. Você declara a sua liberdade, mas com que propósito? Como ele usará essa liberdade de forma criativa e responsável? Como evitará que a liberdade seja reduzida a libertinagem? O homem é livre, mas sua liberdade só poderá ser uma alegria e bênção caso ele esteja ancorado na meditação. Remova Deus – está perfeito; Ele tem sido o maior perigo para a liberdade humana – mas dê ao homem algo que tenha significado e sentido, um pouco de criatividade e receptividade, algum caminho para que encontre sua eterna existência. O vazio sempre leva as pessoas à insanidade. Você precisa apoiar-se em alguma coisa, centrar-se; precisa de uma relação com a existência. Se Deus está morto, você foi deixado só e sem raízes. Uma árvore não pode sobreviver sem raízes. Nem você. Deus tem sido um grande consolo para as pessoas em seu medo, em seu pavor diante do envelhecimento, morte e além – um grande consolo às trevas desconhecidas. Nietzsche perdeu seu Deus e sua consolação. Tornou-se livre para ser louco. E não apenas Nietzsche, mas muitos gigantes intelectuais acabaram em hospícios ou cometeram suicídio porque ninguém pode viver em uma escuridão negativa. As pessoas precisam de luz e experiência da verdade que seja positiva e afirmativa. Existe, no homem, uma necessidade tremenda de se relacionar com a existência. Ele precisa de raízes na existência, porque somente quando as raízes se aprofundarem na existência ele poderá florescer como um ser consciente (Buda), desabrochará em milhões de flores e sua vida não será sem sentido. Então sua vida transbordará em abundância e significado, sentido, felicidade suprema. Sua vida será simplesmente uma celebração. Não existindo Deus, você ganha a dignidade de um indivíduo que é livre – livre para tornar-se um ser consciente, Desperto (um Buda). Este é o supremo objetivo da liberdade. A menos que sua liberdade se torne o florescer de sua consciência e a experiência da liberdade o leve à eternidade, às raízes, ao cosmo e à existência, você ficará louco.
Osho
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A técnica do pecado
Escute essas palavras... Pule tão alto quanto puder Dance tão loucamente quanto puder
A vida não está indo a lugar algum. Ela está simplesmente dando um passeio matinal. Escolha onde todo o seu ser estiver fluindo, onde o vento estiver soprando. Mova-se nesse caminho até onde ele levar e jamais espere encontrar algo. Nunca espere alguma coisa – assim, não existe surpresa: tudo é surpresa. E não existe desapontamento: tudo é “apontamento”. Se acontece, bom; se não acontece, melhor ainda! Tente perceber... É bom cair algumas vezes, machucar-se, levantar-se novamente – perde-se algumas vezes. Não há problema. No momento em que você perceber que se perdeu, volte. A vida precisa ser aprendida por tentativa e erro. O pecado é uma técnica das pseudo-religiões. Uma religião verdadeira de modo algum tem necessidade do conceito. A pseudo-religião não pode viver sem o conceito de pecado, pois ele é a técnica de criar culpa nas pessoas. Você terá de entender toda a estratégia do pecado e da culpa. A menos que você faça uma pessoa se sentir culpada, você não pode escravizá-la psicologicamente. É impossível aprisioná-la numa certa ideologia, num certo sistema de crença. Mas, uma vez criada a culpa em sua mente, você tira tudo o que é corajoso na pessoa, destrói tudo que é aventureiro nela. Você reprimiu toda a possibilidade dela ser um indivíduo com seu direito próprio. Com a idéia de culpa, você praticamente assassinou o potencial humano nela. Ela jamais poderá ser independente. A culpa a forçará a ser dependente de um messias, de um ensinamento religioso, dependente de Deus, dos conceitos de céu e inferno e de todas essas coisas. E para criar culpa tudo o que você necessita é algo muito simples: comece a chamar os enganos e erros de pecados.
Osho
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Não obedeça a ninguém
Preste atenção as palavras... “Não obedeça a ninguém.
Simplesmente obedeça a seu ser. Para onde ele o levar, vá sem temor, em total liberdade”
Perceba... Caminhe em total liberdade aonde seu ser o levar... Uma vez percebida uma certa verdade, você nada mais poderá fazer além de obedecê-la. Mas precisa ser a sua visão, a sua percepção, a sua compreensão. Então, comece com a desobediência. A sociedade tudo lhe dará se você der a sua liberdade em troca. Ela lhe dará respeitabilidade, grandes postos na hierarquia, na burocracia – mas você precisa abandonar uma coisa: sua liberdade, sua individualidade. Você precisa se tornar um número na multidão. A multidão odeia a pessoa que não é parte dela. A multidão fica muito tensa percebendo um estranho entre ela, pois o estranho se torna um ponto de interrogação. E lembre-se: você é responsável somente por você mesmo. E o milagre desta declaração é que se você é responsável pelo seu próprio ser, descobrirá que muitas responsabilidades estão sendo preenchidas sem ser de modo algum consideradas. A vida necessita de transformação, e transformação é um grande trabalho sobre você mesmo. Não se trata de um jogo infantil: “Simplesmente acredite nesse ou naquele, continue a ler sua escritura e será salvo”. Salvo do quê? Só se for salvo da transformação! A religião condenou o sexo, o amor pela comida – condenou tudo o que você pode desfrutar -, condenou a música, a arte, o cantar, o dançar. Se você olhar à volta de todas as religiões, perceberá: elas condenaram o todo do ser humano. Não deixaram nenhum centímetro sem ser condenado. Sim, cada religião fez a sua parte, pois se você condenar completamente o todo do ser humano, ele pode simplesmente fugir assustado. Os sacerdotes fazem isso proporcionalmente, de tal forma que você seja condenado, sinta-se culpado, queira se livrar da culpa e esteja disposto a aceitar a sua ajuda. Sou contra a oração porque basicamente ela é um negócio. Trata-se de subornar Deus. Na oração você se torna um pedinte, um mendigo e tudo isso porque você deseja algo. Na existência, a menor grama tem a mesma importância e beleza que a maior das estrelas. Não existe hierarquia. Não existe ninguém superior e ninguém inferior. A existência é muito generosa, sempre perdoando, jamais punindo. Mas a única maneira de atingir a existência é através de seu próprio silêncio mais profundo. Influenciar significa interferir, arrastar alguém num caminho que não é o dele, fazer com que ele faça coisas que nunca pensou antes. Influenciar uma pessoa é o ato mais violento do mundo. Não seja influenciado por ninguém. Não fique impressionado por ninguém. Olhe, veja, fique consciente e escolha, mas lembre-se: a responsabilidade é sua. Nunca cause mal a alguém, mas também nunca permita que alguém faça mal a você; somente então poderemos criar um mundo humano.
Osho
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Deus é o negócio do sacerdote
“Parece que nós, humanos, gostamos que alguém nos diga o que fazer; nos diga o que é certo ou errado e o que é bom ou mau. Por que tal resistência a pensarmos por nós mesmos?”
Não é uma questão de pensar. Na verdade, você pensa demais. É uma questão de como parar de pensar e perceber diretamente cada situação que você está enfrentando. Se não houver pensamento, não haverá barreira, não haverá ciscos em seus olhos e você poderá ver claramente. E quando essa limpidez estiver presente, você não terá alternativas de bom e mau. Com essa clareza haverá uma consciência sem escolhas. Você simplesmente faz o que é bom. A sua consciência simplesmente o dirige para o que é bom. Perceba... Você não pode pensar por si mesmo, porque a visão do bom não é parte da mente e você só conhece a mente; por esta razão surge todo o problema. Você não tem clareza porque só conhece a mente. Você tem centenas de pensamentos passando sem interrupção por sua mente - é um rush de vinte e quatro horas; Uma multidão de pensamentos passando... São nuvens de pensamentos passando tão rápido que você fica completamente oculto atrás delas. Seus olhos ficam quase cegos. Sua sensibilidade interior fica totalmente coberta pelos seus pensamentos. Por intermédio da mente você não pode saber o que é bom ou mau. Você tem que depender de outros e essa dependência é totalmente natural, porque a mente é um fenômeno dependente. Ela depende de outros; todo o seu conhecimento é emprestado. Tudo o que sua mente sabe veio através de seus pais, ou dos sacerdotes, ou dos professores, ou da sociedade. Observe e você não conseguirá encontrar um único pensamento que seja originalmente seu. Tudo é emprestado; a mente vive de conhecimento emprestado. Em cada situação ela quer alguém para guiá-lo. Toda a sua vida está sendo guiada por outros. Desde o princípio, seus pais lhe disseram o que é certo e o que é errado. Depois seus professores, os sacerdotes, seus vizinhos... Não que eles não saibam; eles também emprestaram de outros. Esse empréstimo continua século após século, geração após geração. Toda doença continua sendo herdada pela nova geração. É apenas uma réplica da geração anterior, um reflexo, uma sombra, mas não tem sua própria originalidade. É por causa disso que você precisa de um guia supremo (deus). Você não pode depender de seus pais porque, à medida que você cresce, começa a ver que seus conselhos não são perfeitos; que são seres humanos falíveis. Mas a pequena criança acreditou neles como se fossem infalíveis. Não foi culpa deles, foi inocência da criança pequena; a criança confiou no pai, na mãe, que a amavam. Mas finalmente, à medida que atinge um pouco de maturidade, vem saber que o que essas pessoas falavam não é necessariamente verdadeiro.
Osho
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A flor de lótus da lei III
A questão existencial é: Quem sou eu?
Com Buda, a religião transformou sua qualidade. Ela se tornou realista, pragmática (prática). Buda disse: “Não há necessidade de se preocupar com Deus”. Deixe que ele se preocupe com ele mesmo – se ele quiser saber quem é ele pode perguntar “Quem sou eu?” Por que você deveria se preocupar? E em primeiro lugar, Deus é sua criação. Esse é seu esforço final para evitar a si mesmo. Você fica criando problemas fictícios. As pessoas ficam muito preocupadas com problemas falsos, e acham que são grandes buscadoras. Buda os golpeou duro e destruiu seus egos, o ego de serem buscadoras. Ele disse: “Se você está procurando e buscando Deus, você está simplesmente se enganando”. Deus não é problema de ninguém! Simplesmente perceba o ponto essencial. As pessoas acham que esse é um problema. Ao torná-lo um problema, eles podem evitar seus próprios problemas. Elas ficam demasiadamente ocupadas com Deus e começam a pensar, juntar respostas, a filosofar, a especular; elas investigam escrituras e se perdem na floresta de palavras. E acabam se esquecendo da simples questão, a qual era realmente a questão delas: “Quem sou eu?” Deus pode ser a maior escapatória. Observe se você acha o que vou dizer familiar... Foi observado pelos psicólogos que nos tempos de angústia, miséria, guerra e problemas as pessoas começam a pensar em coisas abstratas – Deus, verdade, paraíso, após vida... Nos tempos de estresse, quando as pessoas estão muito pouco à vontade nesta terra, elas começam a olhar para o céu. Elas focam seus problemas ali, de tal modo que possam evitar os problemas reais da terra. Isso tem sido observado repetidamente. Após a guerra, há um grande ressurgimento da religião – a pretensa religião. E você também sabe disso pela sua própria experiência pessoal. Sempre que você está infeliz, sofrendo, você se lembra de Deus. Sempre que você está feliz, quando você está fluindo e a vida é uma celebração, você não se importa nem um pouco com Deus, não se lembra dele. Essa é uma experiência muito simples; nenhum psicólogo é necessário para observar isso. O que significa? Significa simplesmente que, quando você está sentindo angústia, você precisa evitá-la e criar um falso problema para se afastar dela – uma grande ocupação... Perceba... Você começa a orar. E você nunca orou. Na verdade, quando as coisas estão indo bem, você nunca procurou um sacerdote. Quando as coisas estavam se desenrolando de uma maneira bela e você estava sendo bem sucedido na vida, e a vida era um mar de rosas, você não se lembrava de Deus. Mas, quando a vida se torna um mar de neuroses, então, de repente, você se lembra de Deus. Deus é uma fuga. Bertrand Russel está certo ao dizer que, se a vida sobre a terra se tornasse realmente abençoada, as pessoas se esqueceriam de tudo sobre Deus e não haveria religião. Sim, religiões como cristianismo e hinduísmo desapareceriam. Mas se a vida fosse realmente feliz sobre a terra algo da mensagem de Buda se tornaria predominante. Quando a vida está indo bem, lindamente, e tudo está fluindo e florescendo, essa questão surge no fundo do seu ser: “Agora é hora de saber – quem sou eu?” Quando a vida não está fluindo, quando tudo está bloqueado e há somente infelicidade e tudo é um inferno, como você pode perguntar “Quem sou eu?” É até perigoso se aproximar tanto de você mesmo, pois há somente fogo do inferno e nada mais. Como você pode se aproximar tanto? Como você pode se sentar em silêncio com os olhos fechados e investigar a si mesmo? Você precisa evitar, fugir, escapar. Assim, qualquer coisa serve. É assim que as coisas sempre acontecem. Sempre que uma sociedade está em agitação, as pessoas ficam muito interessadas em coisas ocultas e esotéricas... E a imaginar todos os tipos de tolice. E pense em seu pobre Deus, se ele existir. Qual será sua situação? Pense nele; todos os tipos de pessoa orando, gritando com ele e se queixando. E isso tem acontecido continuamente. Ou ele absolutamente não escuta, ou já ficou maluco. Tente compreender: Deus não é o problema – o problema é o ser humano, descubra sua fonte interior, e tudo será resolvido. E lembre-se, novamente, Buda não é ateu, ele não está dizendo que Deus não existe, mas seu conceito de Deus é totalmente diferente. Quando você chegar à essência mais profunda de seu ser, à sua própria fonte, você saberá que você é Deus. Todavia, para saber disto, nenhuma oração irá ajudar, nenhuma filosofia dará algum suporte. Para saber disto, a pessoa precisa penetrar completamente em si mesma – com somente uma questão, como uma flecha perfurando seu coração: “Quem sou eu?” E quanto mais fundo você for mais profundamente você perceberá que você não existe como um indivíduo.
Osho
Fonte:https://blogdoosho.blogspot.com/2012/01/flor-de-lotus-da-lei-iii.html
Somente o ser humano é capaz de se entediar II
Eu muito firmemente acredito em crenças. Por que você condena a crença?
Procure evitar todas as imagens e mantenha seu espaço interior limpo e aberto, como um espelho... E então veja tudo aquilo que puder ser visto. Nunca decida antes de saber. Deixe que o saber aconteça e deixe que a decisão venha através do saber. Não acredite de antemão, pois sua crença contaminará o seu conhecimento – e então você nunca será capaz de saber se o que você veio a saber realmente existe ou se existe devido à sua crença. Sua crença pode criá-lo. A mente do ser humano tem grande potencial para criar fantasias. É por isso que a hipnose funciona. O que estou dizendo é que a mente pode criar um tipo de realidade – a qual não existe. Então simplesmente destrua suas crenças e penetre um estado de não crença. Eu não estou dizendo para você criar a descrença! Não crença não é descrença. Permaneça em silêncio, completamente em silêncio, completamente sem imagens, vazio, com os olhos completamente limpos de qualquer poeira. Com isso não estou condenando a crença – estou simplesmente explicando que crença é a barreira para se chegar a Deus. A crença não é uma ponte, mas uma barreira. É a sua crença que está servindo de obstáculo entre você e Deus. Se a crença é abandonada, imediatamente você está em Deus, você é Deus. E por que existe alguma necessidade de acreditar? Você não acredita no Sol ou na Terra, acredita? Você sabe que a Terra existe, portanto, acreditar não tem sentido. Você somente acredita em coisas que não conhece. A crença vem a partir da ignorância. Buda não acredita em Deus, pois ele conhece Deus! Você não conhece Deus, por isso você acredita. Se você continuar a acreditar, tome cuidado – você nunca virá a conhecer. A crença simplesmente significa que você está ocultando sua ignorância. Em vez de destruí-la, você a está ocultando, decorando-a, fazendo-a um pouco confortável, conveniente e aceitável. Você está preocupado por você não conhecer Deus, então você se apega a uma crença e se força a sentir que conhece. Ao repetir constantemente sua crença, você começa a criar um tipo de auto-hipnose: “Eu sei, eu acredito”. Suas próprias palavras – “Muito fortemente eu acredito em Deus” – revela, que de modo algum você conhece Deus; do contrário, não haveria necessidade de força ou de crença! Deus simplesmente é. Como você pode acreditar ou desacreditar? Na verdade você nada sabe de Deus. É por isso que você está preocupado com o fato de eu condenar a crença. Sua crença deve estar se sentindo ameaçada. E, se a crença se for, você novamente será ignorante – este é o medo. Porém, este é o meu trabalho aqui. Desculpe-me, mas este é o meu trabalho aqui – torná-lo absolutamente como você é. Se você é ignorante, você é ignorante. É melhor ser aquilo que você é, pois somente a partir desta realidade autêntica você pode ser conectado com a realidade suprema. Com suas falsas crenças... E todas as crenças são falsas. A crença como tal é falsa. Saber é verdadeiro, acreditar é falso. Estou aqui para torná-lo novamente ignorante. Se você cooperar você se tornará novamente inocente. Sua erudição desaparecerá – e, nesse próprio desaparecimento, você encontrará, pela primeira vez, o mistério da vida dançando à sua volta, e a bênção deste mistério - Deus! Deus nunca pode ser um conceito, ser reduzido a uma idéia, uma crença. Torne-se ignorante. Sabe-se de pecadores que alcançaram Deus, mas nunca eruditos. O pecado original é o do conhecimento. E lembre-se sempre da história bíblica. Ela é uma das parábolas mais preciosas da história da humanidade. Adão foi expulso do jardim do Éden porque comeu da Árvore do Conhecimento. Seu pecado é seu conhecimento. Você terá que vomitar seu conhecimento. Vomite a maçã! Torne-se novamente inocente e ignorante! E você estará atingindo a segunda infância – e afortunados são aqueles que podem atingir a segunda infância, pois através dela – e somente através dela – a pessoa se conecta com Deus. Mas então não há crença. A pessoa sabe. E lembre-se: saber e conhecimento são diferentes. O conhecimento consiste em crenças; o saber, em experiência.
Osho
Fonte:https://blogdoosho.blogspot.com/2012/02/somente-o-ser-humano-e-capaz-de-se.html |
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