Zen
Tudo depende da experiência. Zen é experiencial. Não é um discurso sobre grandes coisas, não é uma filosofia. É um fenômeno bem simples e óbvio – apenas para olhar dentro. O que pode ser mais simples? Quando você olha dentro, um mundo totalmente novo abre suas portas e sua velha linguagem torna-se irrelevante. Tudo que você pode dizer é que o velho está acabado.
O novo é discontínuo com o velho. Nem a língua nem qualquer gesto, nada pode administrar o novo da forma que o velho permite.
O novo traz sua própria linguagem.
O novo traz sua própria casa.
O novo traz sua realidade definitiva.
Osho
OSHO FALA SOBRE O ZEN
Zen não é uma filosofia. Partir do princípio que Zen é uma filosofia é pegar o caminho errado logo no início. Filosofia é algo da mente; Zen é totalmente fora da mente. Zen é um processo de se ir acima da mente, longe da mente. Zen é o processo de transcendência, a transcendência da mente. Você não entende pela mente, a mente não tem nenhuma função nisso.
Zen é a dimensão da não-mente, isso precisa ser lembrado. Não é Vedanta. Vedanta é uma filosofia; você pode entender perfeitamente bem.
Zen também não é Budismo; Budismo também é uma filosofia.
Zen é uma flor muito rara - é uma das coisas mais estranhas que já aconteceram na história da consciência - é o encontro das experiências vividas por Budha e as experiências de Lao Tzu. Afinal, Budha fazia parte de uma herança indiana; ele falava a linguagem da filosofia; ele era perfeitamente claro, você podia entender o que ele dizia. De fato, ele evitava questões metafísicas; ele era muito simples, claro, lógico. Mas sua experiência não vinha da mente. Ele estava tentando destruir a sua filosofia, dando a você uma filosofia negativa. Da mesma maneira que você retira um espinho da pele com outro espinho; o esforço de Budha era tirar a filosofia de sua mente, com outra filosofia. Primeiramente, se retira um espinho, depois o outro, e você estará além da mente.
Mas, quando os ensinamentos de Budha alcançaram a China, uma tremenda beleza aconteceu. Na China, Lao Tzu havia dado sua experiência do Tao, de uma maneira completamente não-filosófica, de uma maneira absurda, de um modo ilógico. Mas quando meditadores Budistas, místicos Budistas, encontraram os místicos Taoístas, eles imediatamente compreenderam uns aos outros, coração a coração, e não mente a mente.
Eles puderam sentir a mesma vibração, puderam ver o mesmo universo profundo que se abriu, puderam sentir o mesmo perfume, a mesma fragrância. E eles se aproximaram uns dos outros, pois alguma coisa nova havia nascido ali. Isto é o Zen. Ele tem a beleza de Budha e a beleza de Lao Tzu; é filho dos dois. Um encontro que nunca havia acontecido antes.
Zen não é nem Taoísta e nem Budista. É os dois e nenhum dos dois. Daí as tradições Budistas rejeitarem o Zen, e as tradições Taoístas também rejeitarem. Para o Budista tradicional é um absurdo, para o Taoísta tradicional é muito filosófico, mas o que realmente interessa a ambos é a meditação. Zen é uma experiência. Não é nem absurdo nem filosofia, porque ambos são termos mentais. Zen é pura transcendência. [1]
O Zen é severo. É um caminho árduo. Não é um jogo que você possa brincar; é como se brincar com fogo; você jamais será o mesmo depois que entrar no mundo do Zen. Você será completamente transformado, a ponto que você não mais se reconhecerá.
A pessoa que entra no mundo do Zen e a pessoa que sai, são duas pessoas completamente diferentes, Não existe nenhuma continuidade, existe uma descontinuidade com o passado. Todas as continuidades vem da mente; toda identidade vem da mente; todos os nomes, todas as formas, tudo isso é mente. Quando se salta a mente, imediatamente uma descontinuidade acontece com o passado - não só com o passado, você se desconecta do tempo.
A este é o segredo do Zen: ser desconectado do tempo. Então, você se conecta com a eternidade. E eternidade é aqui e agora; eternidade não conhece nenhum passado, nenhum futuro; eternidade é pura presença.
O tempo não conhece o presente - tempo é passado e futuro. Normalmente pensamos que o tempo se divide em três categorias: passado, presente e futuro. Isto é absolutamente errado.
Tempo é dividido somente em duas categorias: passado e futuro. O presente não é parte do tempo de modo algum. Apenas veja, apenas observe. Quando se diz: Sim, este é o momento presente, ele já se foi, já é passado. Ou então, se você diz: Isto vai ser presente, isso é futuro.
Você não pode reconhecer o presente, não se pode pontuar o presente, não se pode indicar o presente. No mundo do tempo, não existe presente." [2]
O Zen diz: A Budeidade não é lá. Apenas sente e desfrute. Você já é isso! Logo, você não precisa ir a lugar algum; apenas fique um pouco alerta e você descobrirá quem é. Isto já está acontecendo! Nada precisa ser alcançado, nada precisa ser feito. Apenas uma coisa: tornar-se mais alerta sobre quem você é.
O Zen é ensinado, não por palavras. O Zen é ensinado não por objetivos. O Zen é ensinado por pontos diretos. Ele te atinge diretamente. Ele cria a situação, ele cria a estratégia.
Um homem foi ter com um mestre Zen e lhe perguntou: Gostaria de me tornar um Budha. E o mestre lhe bateu com força na cara.
O homem então, ficou desorientado. Ele saiu correndo, e perguntou a um discípulo antigo: Que espécie de homem é esse? Eu perguntei uma coisa simples, e ele ficou com tanta raiva. Ele me bateu com força! Minha bochecha ainda está vermelha!
Qual o problema em se tornar um Budha? Este homem parece ser cruel e violento!
E o discípulo deu uma gargalhada. Ele disse: Você não entende a compaixão que ele teve por você. Foi por compaixão que ele te bateu. E ele é velho, tem noventa anos; pense como a mão dele deve estar doendo mais que suas bochechas! Você é jovem. Veja a sua compaixão, seu tolo!! Volte!
Mas, o homem perguntou: Mas o que significa isso?
E o discípulo disse: A mensagem é simples. Se Budha chegasse e perguntasse como se tornar um Budha, o que você faria? Você poderia bater nele para que ele acordasse, se lembrasse que ele já é Budha. Veja que coisa mais sem sentido você está perguntando!
É como uma roseira ficar tentando ser uma roseira, vai enlouquecer. Ela já é uma roseira. Você deve ter esquecido. O Zen diz que você está em um estado de sonambulismo, você se esqueceu quem você é, e isso é tudo. Nada precisa ser feito, apenas lembrar.
É isso que Nanak chama de SURATI, Kabir chama de Surati - apenas se lembre. Você precisa apenas lembrar quem você é!
Então, Zen é passado não por palavras, não por textos e escrituras, não por teorias, mas direto ao ponto, nos enlaça em um jogo cuja única resposta é um novo nível de consciência.
Ouvindo esta história você compreenderá como o Zen cria situações. O Zen é muito psicológico. Os problemas são psicológicos - você tem que simplesmente esquecer; não é necessário se ir a lugar algum. Você apenas caiu no sono. O Zen funciona como um alarme. Ele bate em você, bate tão fundo no seu coração que você desperta."[3]
[1] Osho Walking in Zen
[2] Osho em Dand Dang Doko
[3] Osho em Zen: The Path of Paradox
Fonte:https://ventosdepaz.blogspot.com/2014/06/osho-fala-sobre-o-zen.html
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